Na Revista MotoJornal um dos nossos objetivos enquanto imprensa especializada é transmitir a informação aos nossos leitores e motociclistas em geral sobre questões relacionadas com a segurança. Um tema que é ainda mais relevante quando temos de conduzir uma moto à chuva.
Nunca é demais reforçar a ideia que a adoção de uma condução defensiva e preventiva é fundamental para garantir que os motociclistas desfrutam da sua moto reduzindo os riscos para a sua segurança. E há dias em que esta ideia deve ser ainda mais reforçada, como os dias de chuva.
E como as previsões meteorológicas para as próximas semanas anunciam muita chuva, decidimos preparar uma lista de 10 dicas para conduzir moto à chuva.
Leia também – Dicas: Quando devo mudar o pneu dianteiro da moto?
1 – Equipamento preparado para a chuva
Pode parecer uma dica básica, mas esta é daquelas que muitas vezes os motociclistas mais se esquecem. Andar de moto é uma atividade que acarreta os seus riscos, e quer seja em dias de sol ou de chuva é obrigatório vestir equipamento especializado e que cumpre com os requisitos europeus de homologação ao nível da segurança.
No caso dos dias de chuva, é preciso verificar se o equipamento que decidiu adquirir para estes dias específicos está preparado para o efeito. Pois ninguém gosta de sentir aquele pingo de água a escorrer pelas costas abaixo!
Existem equipamentos para cobrir todas as partes do nosso corpo. E todos eles devem ser fabricados com recurso a materiais ou elementos específicos e que resistem à água. Por exemplo, um equipamento fabricado em Gore-tex com membrana interior será extremamente eficaz para impedir que o nosso corpo fique molhado com a água da chuva.
E porque os dias de chuva muitas vezes são acompanhados de temperaturas baixas, convém optar por equipamentos com forro térmico, em particular blusões e luvas. Pode ainda optar por equipamentos térmicos (camisola ou calças), extremamente eficazes a manter a temperatura corporal estável.
Leia também – Dicas: Como limpar os seus equipamentos de moto
2 – Acione os travões de forma mais suave
Os travões de uma moto são dos elementos mais fundamentais para garantir a nossa segurança num dia de chuva. Ainda que o motor seja responsável por gerar a potência que os motociclistas tanto admiram, são os travões que garantem que conseguimos parar a moto antes de embater num obstáculo ou abrandar antes de entrar numa curva.
Quando pensamos em travar num dia de chuva, convém ter em conta que a superfície de asfalto está coberta por água, criando uma pequena camada que reduz a aderência do pneu da moto. Uma das consequências da menor aderência será a forma como acionamos os travões da moto.
Devido à menor aderência em comparação com dias de sol e piso seco, somos obrigados a acionar os travões de forma mais suave. A forma como apertamos a manete deverá ser linear, sem movimentos bruscos que gerem pressão excessiva que provoque o bloqueio das rodas. Recordamos que nem mesmo os mais avançados sistemas de ABS de moto conseguem evitar tudo!
Uma dica importante relacionada com a forma como acionamos os travões da moto num dia de chuva, é a quantidade de dedos que usamos para apertar a manete do travão.
Sabemos que cada motociclista tem as suas preferências: há quem aperte a manete com quatro ou três dedos, outros preferem usar dois ou até mesmo apenas um dedo. Num dia de chuva apertar a manete com quatro dedos poderá ser excessivo, principalmente no caso dos motociclistas menos experientes. Usar apenas dois dedos permitirá sentir melhor e dosear os travões de forma segura.
4 – Cuidado com as distâncias!
Seja por causa de um automóvel, seja por causa de uma curva ou de um semáforo, tenha em conta que a distância de travagem num dia de chuva aumenta de forma considerável! Não apenas devido à menor aderência do asfalto por causa da água, mas também porque, como referimos anteriormente, deverá aplicar os travões de forma mais suave sem recorrer à sua potência máxima, o que inevitavelmente leva ao aumento da distância de travagem.
Por isso, evite circular tão próximo do veículo que segue à sua frente, aumentando assim a distância e margem de segurança, garantindo que tem tempo e espaço para reagir a qualquer situação imprevista. Por outro lado, num dia de chuva convém relembrar-se que os pontos de travagem, por exemplo na preparação para entrar em curva, são mais afastados da curva.
Por norma os especialistas recomendam duplicar as distâncias em comparação com os dias em que o piso está seco.
5 – Procure por pontos mais escorregadios na estrada
Como se a água da chuva já não fosse suficiente para causar problemas, as nossas estradas estão “carregadas” de armadilhas. Algumas fixas, outras nem por isso.
Quando estiver a conduzir moto à chuva, procure se na estrada à sua frente não há pontos mais escorregadios. Por exemplo, as manchas de óleo ou combustível que caem dos automóveis deixam uma área multicolor na zona onde ficam depositados no asfalto. Evite essas zonas!
Outros pontos que deve evitar por serem mais escorregadios são as tintas brancas usadas para pintar as sinalizações horizontais. Setas, passadeiras ou até linhas delimitadoras da faixa de rodagem, tudo isto é mais escorregadio num dia de chuva. Outro elemento que deve ser tido em conta quando conduzir moto à chuva são os carris dos elétricos ou do comboio.
6 – Use o seu corpo para controlar a moto e seja suave
Quando andar de moto à chuva, é extremamente importante garantir que maior área dos pneus da sua moto esteja em contacto com o asfalto. Se inclinar demasiado a moto, menos área de contacto dos pneus… e mais está a arriscar!
Use os movimentos do seu corpo para ajudar a controlar a moto, inclinando mais o tronco e cabeça para o lado que deseja curvar. Dessa forma evitará que a moto incline tanto em curva, ou seja, vai garantir que mais borracha do pneu está em contacto com o asfalto.
Outra dica importante será a suavidade com que se movimenta em cima da moto. Evite movimentos bruscos, por exemplo nas trocas de direção ou nos momentos de travagem e aceleração. Seja o mais suave possível, tal como referimos em relação à dica da travagem.
7 – Atenção à temperatura e pressão dos pneus!
Os dias de chuva aparecem de forma mais frequente durante o Inverno. Nestes dias a água e a temperatura baixa são os inimigos do pneu.
Se num dia de sol e temperatura mais elevada já é importante conduzir de forma tranquila nos primeiros quilómetros após iniciar a sua viagem de moto, num dia de chuva e frio é ainda mais importante adotar uma condução que aumente o ritmo de forma progressiva. Desta forma vai garantir que os pneus da moto aquecem antes de serem obrigados a grandes esforços.
Pneus a uma temperatura baixa ou fora da sua temperatura de funcionamento não são capazes de garantir a aderência necessária à chuva, e muitas vezes a própria estrutura do pneu torna-se demasiado rígida, pelo que deixamos de obter o “feeling” necessário para conduzir a moto à chuva de uma forma segura.
Por outro lado, tenha também o cuidado de verificar a pressão dos pneus da sua moto. A mesma deve estar dentro dos valores indicados pelo fabricante no manual de instruções da moto ou até mesmo nos habituais autocolantes que encontra na moto, mais precisamente na proteção de corrente ou no braço oscilante. Em caso de dúvida, verifique na parede lateral do pneu a pressão correta.
8 – Pneus com composto de sílica
Os pneus de moto são fabricados de acordo com os diferentes tipos de utilização pretendidos. No caso dos pneus mais eficientes em piso molhado, os fabricantes de pneus optam por utilizar um composto com maior percentagem de sílica.
Os pneus compostos de sílica são aqueles que deve escolher para montar nas jantes da sua moto.
A sílica é um mineral arenoso que é incorporado nos compostos de borracha dos pneus e oferece maior aderência em condições de chuva e frio. Contudo, mesmo os melhores pneus mais ricos em sílica não permitem evitar todos os perigos do Inverno, pelo que, mais uma vez, reforçamos a necessidade de adoção de um estilo de condução mais tranquilo.
9 – Escolha o perfil de pneu que mais se adapta à sua moto e às suas preferências
Os fabricantes de motos quando desenvolvem um determinado modelo, têm em mente uma utilização “média”. Ou seja, nem sempre uma moto é desenvolvida especificamente tendo em conta aquilo que você mais gosta, pois até pode gostar de adotar uma condução mais agressiva. E a escolha dos pneus que são montados de fábrica segue este conceito.
Isto não significa que você não pode optar por montar nas jantes da sua moto um pneu com um perfil diferente. Nada impede que opte por um pneu da gama touring numa moto do tipo naked. Até porque as tecnologias e compostos utilizados num pneu touring são mais adaptados aos pisos molhados.
Oferecem melhor aderência e escoamento da água, o que reduz o risco de escorregar.
Este é apenas um exemplo: identifique quais são os seus requisitos e peça conselhos a um especialista em pneus. Tenha cuidado, nem todos os tipos de perfis são compatíveis, daí a importância de validar a sua escolha com a ajuda de um profissional, para sua segurança, mas também para estar completamente legal.
10 – Verifique o desgaste dos pneus
Na maioria dos casos, os indicadores são pequenos retângulos elevados que se encontram nos canais / rasgos do pneu. Quando o indicador é atingido, o pneu deve ser mudado, pois a borracha já não é suficiente para garantir uma condução segura, particularmente porque a profundidade das ranhuras já não é suficiente para garantir uma evacuação correta da água.
Para além dos riscos de segurança mais óbvios, particularmente no Inverno, com o risco de aquaplanagem, pode ser multado se conduzir com pneus demasiado gastos! A profundidade mínima dos rasgos de um pneu de moto é de 1,6 mm.
É bom saber: não é necessário mudar os dois pneus ao mesmo tempo. Isto faz sentido, uma vez que o pneu traseiro é frequentemente sujeito a mais stress do que o dianteiro e, portanto, tem uma vida útil mais curta.
Fique atento a www.motojornal.pt para mais dicas sobre motociclismo!