Dossier desportivas por: Rui Marcelo.
O segmento das super-desportivas, com motores de um litro ou mesmo mais de capacidade, sempre foram o pináculo da tecnologia presente no mundo das duas rodas.
Motos capazes de nos fazer sonhar ao mais alto nível e exacerbar os desejos de quem evolui neste universo e as tem por objectivo maior. Nos dias de hoje deixaram de ser um dos segmentos mais procurados e vendáveis, em prol de soluções, muitas, mais equilibradas, práticas, lógicas até. Perderam fôlego nos números de venda, mas não nos números que completam as várias ofertas ainda disponíveis e que todas as principais marcas, insistem e confirmam manter ano após ano.
Nas super-desportivas as marcas experimentam e exibem as maiores e mais sofisticadas soluções técnicas, a nível mecânico e ciclístico, que experimentam e usam na competição ao mais alto nível – mundiais de SBK e de Moto GP – trazendo para o ambiente do comum mortal, seja na estrada seja nas pistas em torno de um trackday, tecnologia de ponta e apenas sonhada há uns anos.
O que também era impensável até há um par de anos, era a capacidade dos motores.
Falamos de potência “pura e dura” que facilmente chega e ultrapassa os 200 cavalos por litro, o que significa uma relação perfeita entre peso/potência e que antes só as motos de competição conseguiam atingir.
Mais, há já modelos que sob efeitos dos sistemas Ram-air e demais soluções, rondam os 220 cavalos de potência máxima, valores astronómicos sem dúvida, mas que a muita electrónica presente nos modelos permite domesticar e utilizar em pleno.
E depois há em quase todas as marcas, aquela versão ainda mais especial e específica do modelo “base”, equipada com muitos e bons argumentos oriundos de componentes electrónicos, de mecânica e ciclística – os chamados componentes “pata-negra” – que aí sim tornam os modelos ainda mais especiais e radicais, para quem quer dar nas vistas ou levar ao extremo a experiência em pista.
São séries numeradas, limitadas, e mais ou menos valorizáveis em curto espaço de tempo, mas são também modelos de preço quase proibitivo para alguns… ou não!
Mais ou menos radicais, agressivas na estética e até no posicionamento comercial, as Super (ou Hiper) desportivas da actualidade são de facto modelos de nicho – cada vez mais – que garantem às marcas um estatuto demarcante e a quem as possui um desempenho que mais nenhuma classe consegue oferecer, próprio apenas das elites.
Qualquer outra moto permite o essencial: prazer de condução, utilidade, versatilidade, estilo. Mas estas vão sem dúvida um pouco mais além, especialmente para quem sabe ao que vai e entende as duas rodas de forma… diferente!
A ERA DA ELECTRÓNICA
Qualquer desportiva da actualidade, apresenta obrigatoriamente no portfólio das especificações e brochuras comerciais, o rol de componentes electrónicos que gerem a mecânica e ciclística, sempre em total interacção com o condutor. São os tempos da gestão electrónica a comandar as nossas vidas e a comandar o comportamento global de máquinas tão específicas como as potentes super-desportivas. Só assim é possível aproveitar em pleno as capacidades dinâmicas destas máquinas, com uma condução a gosto, mais eficaz, versátil, segura e confiante em qualquer situação. Cada uma à sua maneira monta sistemas inteligentes que de forma autónoma controlam a tracção, a resposta do motor perante a situação escolhida pelo condutor, a travagem (incluindo travagem em curva), as suspensões, os arranques sem cavalinho, o funcionamento da caixa de velocidades, a interacção com outros elementos (telefones ou sistemas de comunicação, por exemplo), entre várias outras necessidades. Pode-se ter perdido nalguns casos algum prazer “básico” de utilização, mas na maioria ganha-se em confiança, eficácia e segurança global, atributos que nenhuma outra solução que não electrónica conseguiria atingir.