Versátil
Através da SuperSport, a Ducati faz regressar ao mercado uma solução polivalente que permite conjugar num só modelo conforto urbano, diversão em estrada e incursões à pista. A polivalência de regresso à gama italiana! (Teste publicado na edição 1403 de 10 de Março de 2017).
Texto: Domingos Janeiro Fotos: Ducati
Desta vez a ideia de colocar em produção uma moto polivalente não reuniu grande consenso no seio da marca com sede em Borgo Panigale. A maioria achava que este era um modelo que não se enquadrava na gama da Ducati, que, no presente, assenta mais do que nunca numa base desportiva. Mas, a persistência visionária dos responsáveis por este novo modelo, do Ducati Design Center, conseguiram levar o projecto para a frente e tudo mudou quando apresentaram a versão final da SuperSport.
Através deste modelo, a Ducati consegue colmatar uma lacuna existente no mercado. Pisca o olho a um público-alvo bastante alargado como, por exemplo, aqueles que sempre quiseram uma desportiva italiana mas que nunca tiveram a disponibilidade financeira necessária… ou para aqueles que gostavam de ter uma moto desportiva que fosse igualmente confortável para uma utilização diária e até que permitisse fazer umas viagens.
Esse vazio comercial, está agora preenchido e logo em duas versões, a SuperSport normal e uma versão melhor equipada, a S. Para além destas duas versões, existem ainda três opcções de pacotes de equipamento (ver caixa).
Basta olharmos para este novo modelo para ficarmos espantados com o equilíbrio conseguido, onde o design é um dos fortes argumentos (e responsável pela eleição da moto mais bonita da edição de 2016 do Salão de Milão), com traços das irmãs super-desportivas da marca. No entanto, a vocação mais touring está bem espelhada na colocação elevada dos avanços, do assento de dois lugares de peça única, ou através do ecrã regulável em duas alturas distintas.
Equilibrada e polivalente
São essencialmente as palavras que melhor descrevem a SuperSport. No que diz respeito à estética, estamos perante um bom exemplo da aclamada escola italiana, com linhas modernas e agressivas. Destaque para o conjunto de óticas dianteiras, com a faixa de LED (luzes diurnas) selecionáveis a dar um toque especial e muito contemporâneo a todo o modelo.
A carenagem adopta soluções interessantes, como a ausência de parafusos ou encaixes na zona exterior, bem como a “peça” única na zona dos instrumentos mantendo a cor da carenagem. A jante traseira e o silenciador dão o “remate” final nesta estética irrepreensível.
A ergonomia é um dos aspectos onde se nota igualmente grande cuidado. A posição de condução é natural e descontraída, muito confortável mesmo ao fim de muitos quilómetros, muito por culpa do assento confortável, posição elevada dos avanços e uma correcta colocação dos pousa-pés, com uma reduzida distância do assento ao solo (810 mm) que abre as portas ao menos experientes.
Também o motor foi revisto com vista às prestações, mantendo, no entanto, o máximo de conforto possível. A SuperSport recorre ao já conhecido dois cilindros em L Testastretta 11°, com 937 cc, refrigerado por líquido, injecção electrónica e sistema Ride-by-Wire com três mapas de potência: Sport (113 cv de potência, controlo de tracção no nível 3 e ABS no nível 2); Touring (113 cv, DTC nível 4 e ABS nível 3) e Urban (potência limitada a 75 cv DTC nível 6, o ABS nível 3 e o sistema de quick shift fica desligado).
Os 113 cv de potência e 96,7 Nm de binário são números que não impressionam mas que cumprem na perfeição a sua função, seja na cidade, onde não notamos grande “bater” dos cilindros, em estrada aberta, onde a faixa de utilização média é a mais utilizada ou em circuito, onde roda bem no regime mais elevado, mas que se nota curto.
O sistema de embraiagem deslizante é um óptimo aliado não só para poupar o físico, mas igualmente nas reduções mais bruscas evitando o “saltitar” da roda traseira. Na versão base, o quick shift pode ser montado como opcional, sendo equipamento de serie na versão S.
Ciclística
Cada vez mais as marcas utilizam os motores como o elemento central nas ciclísticas com os quadros a apresentarem dimensões pequenas e, consequentemente, mais leves. O quadro está acoplado a ambos os cilindros e o sub-quadro está preso ao cilindro colocado mais atrás. O resultado é um quadro compacto, leve, com elevada rigidez e capacidade de torção.
As suspensões asseguram um funcionamento equilibrado, montando uma forquilha invertida Marzocchi de 43 mm na frente, regulável em extensão e compressão e um monoamortecedor traseiro Sachs ajustável na pré-carga da mola e na recuperação.
A travagem está a cargo de dois discos de 320 mm, com pinças de montagem radial, com quatro êmbolos, na frente e um disco de 245 mm atrás, com pinça de dois êmbolos, com ABS ajustável em três níveis.
A completar o sistema de segurança da Ducati temos o controlo de tracção com oito níveis de acção, pré-seleccionados nos três modos, mas igualmente personalizável, assim como o nível do ABS, ajustando-se de forma mais correcta às necessidades dos utilizadores.
Versão S
Como é característica da Ducati, também a nova SuperSport está disponível numa versão “S”, com um nível de equipamento superior. Assim, em relação à versão base, a S vem equipada com forquilha invertida Öhlins de 48 mm totalmente ajustável e amortecedor traseiro igualmente da Öhlins também ajustável.
Para além disso, monta de serie quick shift up and down e capa do assento do passageiro à cor da moto. As cores são igualmente diferentes, estando a versão S disponível em Branco mate com quadro e rodas em vermelho ou em vermelho com jantes pretas mate. Tudo o resto, é partilhado com a versão base.
Fácil e ajustada
Se tivéssemos que caracterizar este modelo em poucas palavras, poderíamos dizer que é uma moto que sem ser perfeita em todos os cenários, comporta-se de forma adequada e ajustada em todos eles.
Em cidade, foi o local onde menos tivemos a oportunidade de rodar com a nova SuperSport, mas no entanto houve características que nos saltaram à vista como a posição de condução confortável, a quase ausência de vibrações e uma reduzida distância do assento ao solo.
Em estrada aberta, tivemos muitos quilómetros pela frente para dissecarmos o seu comportamento. Em termos de motor, está sempre preparada para responder de forma decidida às solicitações do punho direito. Permite-nos rolar de forma rápida em estradas reviradas, não permitindo, no entanto, grandes correcções de última hora, pois ao mínimo toque no travão dianteiro somos logo afastados da trajectória. No entanto, os travões revelam-se equilibrados, sem impressionar.
As suspensões funcionam de forma equilibrada e, neste caso, tinham um setting intermédio, que se mostrou confortável, mas um pouco macio demais para demandas mais desportivas.
Voltando ao motor, a potência está sempre presente, em todas as faixas de utilização, assim como o calor do cilindro que fica colocado exactamente por baixo do nosso assento, sente-se o calor mas não chega a causar desconforto. De resto, a caixa de seis velocidades oferece um bom tacto e está bem escalonada, contribuindo para o forte carácter deste Testastretta.
A nossa colocação na moto é confortável, mas o pequeno apoio lombar para o condutor impede-nos de recuarmos no assento para adoptar uma posição mais desportiva, principalmente para pilotos de maior estatura. O ecrã regulável faz a diferença, mas irá depender igualmente da estatura dos utilizadores, quanto maior forem, menos eficácia vão sentir. O painel de instrumentos é de fácil leitura, com muita informação e requer algum tempo de adaptação para explorar todas as funcionalidades e ajustes no menu.
Depois de testarmos a SuperSport em estradas comuns, tivemos a oportunidade de a testar em circuito, onde comprovámos o que esperávamos. Não surpreende mas mostra-se bastante eficaz e prazerosa de conduzir, até porque rodámos na versão S, mais preparada para estes desafios.
As suspensões Öhlins mostram um trabalho bastante diferente em relação às da versão base, mais firmes e com mais possibilidades de ajuste. O quick shift é uma verdadeira delicia e a travagem mostra-se à altura do desafio, sem vacilar mesmo depois de muitas voltas a castigarmos, principalmente, o duplo disco dianteiro.
Neste cenário, o motor mostra-se curto, atingindo velocidades máximas na casa dos 240 km/h, com o regime máximo de rotação a não acrescentar já grande coisa em relação ao forte regime médio.
Uma coisa é certa, a Ducati acertou uma vez mais na fórmula ao criar uma moto muito versátil, equilibrada, bonita e eficaz em todos os cenários, a um preço acessível. Agora, aceitam-se apostas em termos de “números” de vendas, sendo que para nós, poderá rapidamente ser um dos modelos mais vendidos da marca italiana. Será?
NOVA SUPERSPORT 950 2021
A SuperSport 950, surge renovada em termos estéticos e de eletrónica, transportando a condução desportiva para a vida do dia a dia. Ideal para os jovens que querem aproximar-se do mundo das motos desportivas Ducati.
Para 2021 o modelo foi revisto no seu design, enriquecido com equipamento eletrónico e acessórios, passando também a cumprir a legislação antipoluição Euro 5.
A ligação estética entre a SuperSport 950 e a Panigale V4 é agora ainda mais forte. A vista frontal é definida pela nova ótica full-LED suportada por duas aletas que flanqueiam as duas entradas de ar que alargam a perspetiva. O DRL recorda claramente a vincada assinatura luminosa da Panigale V4 e é feita graças a uma refinada opala que difunde a luz de modo uniforme.
As carenagens foram redesenhadas para acentuar o carácter desportivo da moto e a fluidez das suas formas. As condutas de ar provenientes do radiador são inspiradas pelo duplo extrator da Panigale V4.
Os traços genéticos da SuperSport 950 são os de uma verdadeira desportiva, com monobraço oscilante, quadro em treliça fixo ao motor que age como elemento estrutural para reduzir o peso e volume; ergonomia com avanços elevados para maior controlo mesmo com passageiro; assento revisto para maximizar o conforto do condutor através de uma maior área de utilização longitudinal; suspensão multirregulável, jantes em alumínio de três braços em “Y” e pneus Pirelli Diablo Rosso III; bombas radiais de travão e embraiagem e sistema de travagem Brembo de alta performance com dois discos de 320 mm para um peso a seco de 184 kg.
A eletrónica é uma das áreas mais afetadas pelo desenvolvimento da nova SuperSport 950, equipada com controlos eletrónicos baseados na informação da plataforma inercial de 6 eixos da Bosch, capaz de detetar instantaneamente os ângulos horizontais, verticais e longitudinais da moto no espaço. O pacote de eletrónica consiste em Cornering ABS, Controlo de Tração, Controlo Anti-Wheelie e Quickshift Eletrónico. O ajuste das definições de eletrónica, bem como o dos Riding Modes (Sport, Touring e Urban) é feito através do menu de um novo ecrã full-TFT de 4,3” com grafismo e interface inspirado no da família Panigale.
A SuperSport 950 está disponível em vermelho e, para aqueles que pretendam uma ciclística mais refinada, a versão S está disponível em “Ducati Red” e “Arctic White Silk”.
A SuperSport 950 S está equipada com suspensões Öhlins totalmente reguláveis e com cobertura do assento do passageiro.
O preço da nova SuperSport 950 é de 13 545€ a versão base e 15 245€ a versão S.