Editorial Revista Motojornal nº1490
Desde a primeira vez que o Miguel Oliveira pisou uma pista do mundial, que esperávamos por este momento, vencer uma corrida na classe principal da velocidade mundial. Conseguiste! Conseguimos, pois somos muitos mais que 11 milhões a torcer por ti, a passar-te energia – boa – para que aos comandos da tua moto tudo se alinhe para que possas apenas fazer o que melhor sabes, liderar o aguerrido pelotão dos melhores pilotos do mundo.
Sabemos desde sempre que tens talento para isso, para vencer e para seres campeão do mundo, mas o que fizeste neste GP da Áustria veio acabar com todas as dúvidas (como se elas existissem): além de muito forte a nível físico e técnico, foi com uma enorme chapada de luva branca que mostraste aos teus rivais e “haters” que és, sem dúvida absolutamente nenhuma, um dos pilotos mais inteligentes do pelotão. Deixas a cabeça comandar o co- ração e isso sim, é mentalidade de campeão.
Nesta altura não consigo deixar de sentir um enorme orgulho que todos sentimos por ti, mas há uma pessoa em especial que deve estar a sentir um enorme turbilhão de emoções: o teu pai, Paulo Oliveira. De dormir no carro, para o topo da velocidade mundial! Obrigado Paulo por nos dares estas alegrias. Foi um GP histórico por todos os motivos: foi a comemoração do 900 GP; a comemoração do GP 150 para o próprio Miguel e, claro, um momento histórico com a primeira vitória de um piloto português no mundial de velocidade. Deveria ter sido feriado nacional, no passado dia 24 de agosto, um dia depois de teres vencido a corrida nesse país que tanto te diz…
Mas ao olhar para aquelas imagens de alegria, regozijo e até de lágrimas (sim, quantos de nós não deixámos cair uma lágrima e não nos arrepiámos?) penso também por tudo aquilo que tens passado ao longo da carreira. Não é só a glória, é muito trabalho, muitas horas diárias de preparação, sacrifício da vida familiar e com os amigos, momentos que te têm sido roubados desde tenra idade, é um casamento sacrificado, são horas e horas de solidão, de angústia para quem de ti gosta e que te vê a rasgar os sonhos a mais de 300 km/h. Muitos momentos de cabeça fria para aguentar com as baboseiras daqueles que descarregam as frustrações atrás de um teclado e de um monitor… isto não mata, mas mói! A tua vitória representa isto tudo e deixa-nos muito esperançosos e motivados quanto ao futuro do desporto nacional. Obrigado Miguel!