Editorial da Revista Motojornal #1580 – Automático ou Manual?
Neste número da Motojornal – já nas bancas! – colocámos frente a frente duas versões da novíssima BMW Motorrad R 1300 GS Adventure, uma com a tradicional caixa manual, e outra com a nova solução da marca, a caixa automática que denominaram de Automated Shift Assistant. E ficámos curiosos sobre qual vai ser a preferência dos clientes do modelo alemão.
Com várias marcas a caminharem nesta direção das caixas ‘automáticas’, esta característica é apenas uma estratégia de marketing, ou é de facto um benefício para o motociclista?
Creio que um pouco de ambos: a marca tem a oportunidade de mostrar uma nova tecnologia, e o utilizador acaba por ter a sua vida facilitada numa série de situações pelo facto de não ter que acionar a embraiagem e o seletor da caixa, se assim o preferir.
Lembro-me de há talvez 20 anos estar à mesa com jornalistas de outros países numa apresentação internacional, e um jornalista suíço ter afirmado que a próxima ‘grande revolução’ nas motos seria a transmissão automática. Não discordei totalmente, mas também não achei que viesse a ser uma ‘revolução’.
Olhando para o que estava a acontecer no mundo automóvel, essa era uma mudança (literalmente!) que estava a acontecer gradualmente, com o aparecimento das caixas ‘assistidas’, ‘robotizadas’, de dupla embraiagem como a DSG, etc. Provavelmente, seria isso que viria a acontecer nas motos: alguém teria a audácia de abrir caminho e, caso a perspetiva fosse positiva, outros se seguiriam.
Quem teve a audácia foi a Honda, com o lançamento da sua transmissão DCT, primeiro na VFR 1200 de 2010, e depois em mais de uma dezena de modelos ao longo dos anos. Atualmente, os modelos Honda que têm versão DCT, estes vendem mais que os de caixa manual. Agora, a Honda tem também o e-Clutch, outro sistema de transmissão que visa facilitar a vida aos utilizadores.
A Yamaha também explorou este território com a FJR 1300, mas não vingou e descontinuou esse modelo. Mas não desistiu, e a Yamaha é uma das marcas que propõe agora uma transmissão ‘automática’. A KTM juntou-se também a esse clube ‘automático’ e, garantidamente, as ofertas de sistemas de transmissão alternativos às caixas manuais não ficarão por aqui.
As caixas ‘automáticas’, como tudo na vida, não agradam a todos. Mas a verdade é que chegaram para ficar, porque aqueles que as acham úteis serão em número suficiente para viabilizar a sua produção. Eu sou fã, especialmente em determinados contextos (em cidade, ou num passeio descontraído) sou fã, e lembro-me muitas vezes da premonição do jornalista suíço. E vocês, vão converter-se?
Editorial da Revista Motojornal #1580, por Vítor Martins, diretor
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