Fabricante de motos elétricas Energica entra em liquidação

Chega ao fim um dos fabricantes que mais impulsionou o uso de motos elétricas. A Energica anunciou que entra em liquidação.

Foi esta terça-feira 15 de outubro divulgado um comunicado oficial por parte da Energica, em que a marca italiana anunciou que entrou em liquidação total. A decisão acontece na sequência de uma reunião do Conselho de Administração, reunião que decorreu durante a noite de segunda-feira 14 de outubro.

Apesar de ser algo surpreendente, esta notícia acaba por não ‘apanhar’ totalmente desprevenidos todos aqueles que acompanham a situação da Energica, e em particular tudo o que tem acontecido nos últimos meses.

Não só assistimos à redução do número total de trabalhadores, uma força laboral que passou dos cerca de 150 para os 45 trabalhadores (os que saíram foram sendo absorvidos por outras empresas do setor das duas rodas localizadas na região do Motor Valley em Itália), como os objetivos de vendas globais não foram atingidos, criando dificuldades financeiras adicionais, às quais se somam outros problemas como a falta de novos investidores no projeto de motos elétricas fabricadas em Soliera.

Livia Cevolini, CEO da Energica, mantinha a esperança de conseguir salvar a empresa, e manter vivo o seu sonho de permitir que os motociclistas de todo o Mundo consigam experimentar e usufruir das capacidades técnicas e tecnológicas disponíveis nos diversos modelos Energica.

Inovação tem sido a ‘palavra de ordem’ na marca desde que a primeira moto elétrica Ego começou a ser desenhada em 2009. Em 2014, quando as primeiras unidades dessa moto desportiva começaram a ser comercializadas, o mundo das duas rodas percebeu o que a Energica estava preparada para disponibilizar.

E, claro, o projeto, para além das motos de estrada como a Ego ou a turística Experia, avançou para outros campos como o da competição.

Recordamos que as Energica Ego Corsa foram as motos escolhidas para serem usadas nas primeiras temporadas do que então era denominada Taça do Mundo FIM MotoE, o campeonato exclusivo para motos elétricas. E assim aconteceu ao longo de quatro temporadas consecutivas.

Para chegarmos a esta decisão de liquidação, a Energica refere no seu comunicado oficial que se registaram diversas situações que contribuíram para este desfecho.

Nomeadamente, a marca italiana cita a crise no mercado elétrico com subsequente declínio nos investimentos. Por outro lado, a Energica ‘aponta o dedo’ às falhas na cadeia de fornecimento de componentes, e a quebra registada no setor de veículos motorizados, e que teve um impacto maior em empresas de pequena ou média dimensão, como era o caso da Energica.

No comunicado, é também realçado que “Ao longo da sua história, a empresa sempre investiu na sua força laboral, treinando o staff nas capacidades mais inovadoras no setor da mobilidade elétrica, sem terminar qualquer contrato de trabalho nos seus 15 anos de atividade. Os membros fundadores deram prioridade aos jovens talentos, colaborando de perto com escolas e universidades em Itália e não só”.

Ficamos agora a saber que a Energica, mesmo nos seus períodos mais complicados em termos financeiros no passado recente, conseguiu cumprir com as suas obrigações para com os trabalhadores, fruto dos investidores minoritários italianos. A liquidação agora decidida pelo Conselho de Administração permitirá aos credores receberem aquilo a que têm direito.

A Revista Motojornal já contactou o importador nacional da marca italiana no sentido dee perceber o que se segue para a Energica em Portugal. Aguardamos a qualquer momento uma reação por parte do grupo Moteo, que representa a Energica no nosso país. Assim que possível iremos atualizar este artigo com essas informações.

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