Qualquer moto é especial, mas uma moto de competição como a KTM RC 16 é ainda mais. Quando mais não seja porque são poucas as existentes, mas também porque é – tal como as das restantes marcas – a moto que revela ao mundo a tecnologia da marca, a evolução e a capacidade técnica dos seus engenheiros. Não será por isso de estranhar a designação RC (Road/Competition) associada mais uma vez a um modelo de estrada da KTM – à semelhança das RC390 ou RC125, sendo o 16 motivado pelas 16 válvulas do motor, algo que, no entanto, nunca foi confirmado pelos responsáveis da marca, com semelhanças no conhecido RC8, o motor de dois cilindros em V que equipou aquela que foi a primeira experiência da marca nas altas cilindradas de estrada.
Proprietária da WP, marca de suspensões que adquiriu em 1997, a KTM é a única marca na grelha de partida do campeonato do mundo MotoGP que não utiliza ‘amortecimento’ da Ohlins, adoptando, no entanto, a travagem da Brembo que é regra na classe, o mesmo se passando com as jantes de magnésio forjado da Marchesini, casa italiana que faz parte do grupo Brembo, sendo esses dos poucos componentes que a marca não produz nas suas instalações, o mesmo se passando com as carenagens que são produzidas nos alemães da Wethje Carbon Composites, especialistas reconhecidos a nível mundial na área e que têm uma forte ligação com Matthigofen, tanto para as MotoGP como para as Moto2 e Moto3.
A sua estreia oficial em corrida aconteceu no GP de Valência de 2016, quando Mika Kallio mostrou pela primeira vez uma RC16 nas pistas do mundial, lado a lado com as rivais. Esse ano foi dedicado ao desenvolvimento da moto e, no ano seguinte, a casa austríaca estava pela primeira vez no campeonato com equipa de MotoGP. O primeiro pódio surgiu a 18 de Novembro de 2018, em Valência, com Pol Espargaró a colocar a moto no terceiro posto dois dias antes de Miguel Oliveira fazer a sua estreia aos comandos da moto, com as cores da Tech3 no mesmo circuito de Valência.
A grande evolução surgiu em 2020, quando o chassis foi redesenhado depois de ouvidos os conselhos de Dani Pedrosa. O afamado chassis híbrido foi pela primeira vez mostrado, combinando elementos habituais num dupla trave com o treliça – imagem de marca dos austríacos, que, no entanto, continuaram a manter a sua fidelidade ao aço como matéria-prima, ao mesmo tempo que surgiu igualmente pela primeira vez o braço-oscilante em carbono.
No seu quarto ano de existência, a KTM conseguiu finalmente as suas primeiras vitórias, com Brad Binder a subir ao degrau mais alto do pódio na Républica Checa, ao que se seguiram as vitórias de Miguel Oliveira na Styria e em Portugal. Pol Espargaró foi por cinco vezes terceiro e, no final da época, a marca foi quarta entre os construtores. 2021 é o quinto ano da RC16, tendo já conseguido duas vitórias, uma pelas mãos de Miguel Oliveira, o piloto que mais vitórias deu à marca no mundial MotoGP até ao dia de hoje.
Ficha Técnica – KTM RC 16
Motor: Quatro cilindros em V a quatro-tempos
Cilindrada: 1000cc
Distribuição: Pneumática, 16 válvulas, dupla árvore de cames
Caixa velocidades: seis velocidades sequencial, sistema seamless de engrenagem
Potência: + de 265cv às 18.500rpm
Escape: Sistema Akrapovic quatro em dois
Electrónica: Magnetti Marelli
Auxilios electrónicos: drive by wire, travão motor, controle de tracção, controle de cavalinho, ‘quick shifter +’, limitador pit lane, controle de arranque
Chassis: Estrutura tubular em aço
Braço-oscilante: Carbono
Jantes: Magnésio forjado
Pneus: Michelin 17 polegadas
Distância entre eixos: 1400mm
Altura: 700mm
Peso: 157kg
Capacidade combustível: 22 litros
Suspensão: WP
Travões: Brembo com discos de 320 ou 340mm (frente) pinça em alumínio
Carenagens: Carbono
Fonte: Miguel Oliveira Fan Club