Depois de um arranque de temporada fantástico nas 24 Horas Motos em Le Mans, o Mundial de Resistência FIM (FIM EWC) está de “malas e bagagens” no circuito belga de Spa-Francorchamps para cumprir a segunda ronda do calendário da temporada 2023. E para os portugueses esta será mais uma prova onde teremos em ação o Pedro Nuno, piloto que este ano integra o Team Bolliger Switzerland.
Já a cumprir os habituais testes pré-evento com a equipa suíça ao longo dos últimos dias, Pedro Nuno vai fazer a sua estreia no circuito belga, esperando que nestas 24 Horas de Spa seja possível cumprir um fim de semana menos acidentado e com menos problemas técnicos na Kawasaki Ninja ZX-10RR #8.
Antes das 24 Horas de Spa, a Revista MotoJornal falou com o piloto português, que em declarações exclusivas contou-nos o que tem sido a sua vida nestas longas semanas de intervalo entre as duas rondas do Mundial de Resistência FIM, e quais as expectativas para as 24 Horas de Spa que se disputam de 16 a 18 de junho.
Entrevista ao piloto Pedro Nuno (Team Bolliger Switzerland)
Revista MotoJornal – Vais estar pela primeira vez em Spa. O que esperas encontrar? Certamente já estiveste a estudar o circuito belga em vídeos ou fotos.
Pedro Nuno – Antes de vir para aqui (Spa-Francorchamps) estive a treinar no MotoTrainer Portugal, estive a ver vídeos no YouTube, a estudar tudo sobre a pista. Esperava encontrar uma pista bastante rápida e fluída, e por sua vez também bastante difícil. E a verdade é que depois do primeiro dia de treinos tinha razão, pois é uma pista super rápida, em que é preciso muita confiança, mas super divertida, adapta-se bastante ao meu estilo e agora preciso é de ter mais voltas na pista e tudo encaixar no sitio, porque a adaptação foi muito boa mesmo.
Revista MotoJornal – Do que conheces do circuito belga, acreditas que vais sentir muitas diferenças entre Le Mans e Spa em termos de pilotagem da moto, em especial no período noturno?
Pedro Nuno – A grande diferença comparando com Le Mans, é o oposto. Ou seja, Le Mans é uma pista muito de “stop & go”, muito fechada, não que Spa não tenha travagens fortes, mas é uma pista completamente diferente. Por um lado, é bom, e por outro é mau, porque ainda não tinha sentido o feeling da moto neste tipo de pista, mas estamos no bom caminho, sem dúvida. Em relação à pilotagem noturna, e pelo que se viu no ano passado, é uma pista mais exigente, inclusive no ano passado foram obrigados a colocar luzes extra na moto, portanto é uma pista que será exigente, e por muito rápida e fluída que seja a pista vão ser 24 horas muito exigentes porque temos três ou quatro travagens fortes, e essas são mesmo muito fortes e temos de estar sempre com máximo de atenção. E é uma pista onde se vai notar mais as diferenças de ritmo, e isso poderá ser perigoso.
Revista MotoJornal – Vai ser mais uma corrida de 24 horas, e já sabemos que é sempre exigente do ponto de vista físico e mental. Em Le Mans tiveste alguns problemas físicos, e aqui talvez o problema no braço fosse o que menos esperavas e que te dificultou a travagem. Nesta paragem conseguiste resolver essa questão? Era “arm pump”?
Pedro Nuno – Fisicamente estive a preparar, obviamente a treinar de forma mais árdua. Em relação ao arm pump falei com o médico, queria operar, mas vamos esperar para ver como corre esta corrida em Spa e depois vemos como está o braço e se operamos ou não. De resto as dificuldades que eu tive foram devido à queda que eu tive na sexta-feira na qualificação em Le Mans, já estou 100% recuperado e sinto-me ainda mais forte do que em Le Mans, portanto estou curioso para saber como vai ser no próximo fim de semana.
Revista MotoJornal – Vai ser a tua segunda corrida com a Bolliger. Certamente vais estar melhor integrado na equipa. Tens falado com o Kevin ou com os teus companheiros de equipa para preparar as 24 Horas de Spa? E já definiram algum objetivo para esta segunda ronda do calendário?
Pedro Nuno – Ainda não temos definido como vai ser a estratégia da corrida. Isso vai ser definido do longo desta semana, porque nós só a partir desta terça-feira começamos com os treinos livres oficiais, e a partir daí é que vai ser possível definir e perceber como vai ser a corrida, mas não deve fugir muito ao que aconteceu nas 24 Horas de Le Mans. Nico, Marcel e eu, provavelmente o que arranca será aquele que for o mais rápido, mas isso está tudo nas mãos do Kevin (Bolliger), mas não deve fugir muito ao que aconteceu em Le Mans.
Revista MotoJornal – Se em Le Mans não tiveste a oportunidade de competir com os teus equipamentos, agora vais, finalmente, poder competir com equipamentos feitos especificamente para ti, para as tuas medidas. É para ti uma mais-valia poder contar com equipamentos à tua medida? Ou seja, numa competição em que todos os detalhes contam, achas que isso poderá ser mais uma ajuda para estares ao teu melhor nível?
Pedro Nuno – Obviamente que ter os meus equipamentos RST e Daytona à minha medida é deixa-me muito mais confortável, não é o principal, mas é uma motivação extra. Porque ser piloto de fábrica destas grandes marcas é ótimo, inclusive da Nexx, e é como dizes, todos os detalhes contam, e de certa forma estou muito mais confortável em cima da moto.
Revista MotoJornal – Depois das 24 Horas de Le Mans tiveste tempo para analisar o que correu bem, e o que correu menos bem. Vais alterar a forma como enfrentas o fim de semana em Spa?
Pedro Nuno – Sim, eu sei o que tinha de melhorar, principalmente fisicamente. Em relação aos meus companheiros de equipa será mais fácil de lidar, obviamente com menos pressão, e só isso já ajuda bastante. Estou super motivado, tal como a equipa e os meus companheiros, e nada como esperarmos pelo próximo fim de semana.
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