GP da Holanda: Marquez, 100 ultrapassagens depois…

A corrida de MotoGP do GP da Holanda foi de cortar a respiração. Na Catedral de Assen não houve missa, mas um coro de oito pilotos deu um autêntico recital.

Marc Marquez GP da Holanda

Marc Marquez venceu uma das mais espectaculares corridas dos últimos tempos. Oito protagonistas lutaram pela vitória numa corrida com mais de uma centena de ultrapassagens ao longo das 26 voltas.

Jorge Lorenzo e Marc Marquez foram os primeiros a discutir a liderança. A vantagem inicial foi para o piloto da Ducati, que acabou por liderar grande parte da corrida.

Marc Marquez, Valentino Rossi, Maverick Viñales, Andrea Dovizioso, Jorge Lorenzo, Alex Rins, Johann Zarco e Cal Crutchlow formaram o grupo da frente responsável pelo entretenimento ao longo de pouco mais de 41 minutos de corrida.

Quase todos eles passaram pela liderança da corrida, mas no final seria Marc Marquez a conseguir a vitória. O espanhol apertou o ritmo nas últimas voltas e conseguiu escapar-se; atrás dele Alex Rins e Maverick Viñales discutiram o segundo lugar.

Com os 15 primeiros a terminar separados por apenas 16,043 s, esta foi a corrida mais apertada de sempre. O anterior recorde era de 23,287 s, no GP do Qatar deste ano.

Foi a primeira vez que o pódio de MotoGP foi totalmente ocupado por pilotos espanhóis em motos diferentes.

Corrida renhida

Porque foi uma corrida tão renhida, sem ninguém conseguir escapar e com tantas ultrapassagens? No final os pilotos do pódio opinavam que se devia a dois factores: o traçado muito fluído, sem travagens nem acelerações fortes, onde a pilotagem faz mais diferença do que as diferenças nas motos; e ao vento forte, que beneficiava quem vinha atrás. Quem estava sozinho à frente não conseguia fugir. No final da corrida, ainda visivelmente excitado, Marquez explicava que a corrida até foi lenta, porque era impossível manter trajectórias normais, e era preciso estar a pensar em atacar e ao mesmo tempo defender-se. «Se começavas a preparar uma ultrapassagem na curva seguinte, deixavas espaço para seres ultrapassado. Parecia um grupo de selvagens, toda a gente a lutar com toda a gente!»

Houve alguns momentos-chave na corrida em que as pulsações do pilotos – e de quem assistia à corrida – dispararam. O primeiro foi na fase inicial da corrida, quando Jorge Lorenzo liderava e Valentino Rossi estava em segundo. Na rápida curva 13, onde os pilotos chegam em 6.ª a mais de 250 km/h, Lorenzo perdeu a frente no corrector anterior, e por isso perdeu velocidade na saída; Valentino Rossi saiu bem rápido e não conseguiu evitar embater violentamente na traseira da Ducati, a mais de 200 km/h. Miraculosamente, nenhum deles caiu.

Joelho no cotovelo

Depois, na curva 5, a mais lenta do circuito, Alex Rins deu um ligeiro toque em Marquez quando o ultrapassava; o pé deste escorregou do pousa-pés a mão saltou-lhe do guiador e quase caía da moto. Marquez no final explicou que Rins não teve culpa: «Ele tocou-me, mas o erro foi meu», disse Marquez. «Eu estava do lado de fora, e temos que perceber que quem está por dentro tem a vantagem. Quase caí da moto e até a manete da embraiagem ficou para baixo, tive que endireitar na recta seguinte».

Marquez viveu outro momento quente, com Maverick Viñales, na curva 9. Ambos discutiam a posição, lado a lado, com Rins pelo lado de fora. O joelho esquerdo de Rins tocou no cotovelo direito de Marquez, e este alargou momentaneamente o travão. Ambos foram curvar fora de pista, perdendo algumas posições.

Também Rossi teve um segundo momento, já na fase final da corrida. Desta vez foi com Andrea Dovizioso. No final da antepenúltima volta Rossi passou Dovi na entrada da chicane, e ficou em segundo. Na recta da meta Dovizioso conseguiu apanhar Rossi e os dois acabaram por entrar na curva 1 lado a lado, e Rossi ficou sem espaço, sendo forçado a curvar na escapatória. Era o início da penúltima volta e perdeu qualquer hipótese de terminar no pódio. «Perdemos muito tempo. Foi uma ultrapassagem agressiva, como muitas outras durante a corrida, mas acho que não foi estrategicamente muito inteligente», disse Rossi no final. «Ambos tínhamos potencial para terminar no pódio, e assim ficámos em quarto e quinto».

Com Rossi fora do pódio e alcançando a vitória, Marc Marquez aumentou a sua vantagem no campeonato de 27 para 41 pontos. E a próxima corrida é num circuito onde o espanhol continua invicto, tendo vencido consecutivamente desde 2013…

Todas as classificações aqui.

1. Marc Marquez – Repsol Honda Team (26 voltas em 41’13,863)

«Foi uma corrida louca, com muita adrenalina, e esat sensação é uma das razões porque praticamos este desporgto. Ontem já esperava algo assim, mas não tanto! Era um grupo batante selvagem, lutando contra todos, e creio que todo o mun do tocou em alguém em algum momento. Tinha que atacar e defender ao mesmo tempo constantemente. Apanhámos muitos sustos e arriscámos cair várias verzes. Foi uma loucura. Era impossível definir a melhor estratégia, porque não se podia fazer planos, por isso decidi lutar e esperar para ver o que podia fazer nas últimas voltas. A três do final dei tudo, sem pensar nos pneus nem no campeonato. Tentei reduzir o grupo, porque quando çlutas pelo título queres que haja o mínimo de pilotos possível, mas foi difícil. Só quando vi que tinha mais do que 1,5 s de vantagem na última volta é que pensei ‘ok, já está, terminemos esta volta’. Foi uma vitória e 25 pontos muito importantes, mas temos que continuar ao mesmo nível.»Marc Marquez GP da Holanda

2. Alex Rins – Team Suzuki Ecstar – (a 2,269 s)

«Hoje de manhã sentia-me realmente doente, com problemas de estômago. Mas os médicos da Clínica Mobile deram-me alguns medicamentos e isso acabou com a dor. Por isso tenho que lhes agradecer, porque quando me senti melhor pensei, ‘Uau esta será a minha corrida!’. Foi uma batalha fantástica e aprendi muitas coisas durante a corrida. O nosso ritmo de corrida era bom e pude desfrutar. Houve muitas ultrapassagens e manobras apertadas, e estive sempre a puxar para ficar com os outros e manter o meu espaço. Sinto-me muito bem com a minha moto e com a equipa, todos queremos melhorar e vencer. Temos uma moto competitiva desde o Qatar, mas conseguimos de mudar algumas coisas para conseguir mais potência e melhores prestações, por isso espero ficar no topo também nas próximas corridas. Sinto-me confiante para Sachsenring.»Alex Rins GP da Holanda

3. Maverick Viñales – Movistar Yamaha MotoGP (a 2,308 s)

«Claro que estou muito contente. Estivemos a estudar como melhorar nas primeiras voltas, trabalhámos muito, e foi bom sentir-me forte, especialmente a meio da corrida. Depois disso o pneu perdeu muita aderência, mas acho que podemos resolver isso facilmente nas próximas corridas. O circuito de Assen ajuda um pouco, porque sou rápido aqui, mas noutras pistas precisamos de continuar a trabalhar. O meu plano hoje era passar para primeiro e fugir, por isso é que não queria que o Marc passasse por mim na curva 9. Depois quase cheguei à gravilha, porque travei tão tarde. De qualquer modo, é bom estar de volta e é bom estar forte. Não estávamos na melhor posição para vencer, porque começámos um pouco mais para trás, mas nas próximas corridas precisamos recordar este fim-de-semana, porque a estratégia funciona. Na volta 6 rodei em 1’34,1. Pensei que podia rodar mais rápido perto do fim, mas sofri um pouco de ‘arm pump’ e não conseguia controlar a velocidade, foi de loucos.»Maverick Viñales GP da Holanda

4. Andrea Dovizioso – Ducati Team (a 2.422 s)

«Foi uma corrida espectacular, mais para os fãs do que para os pilotos, porque foi mesmo difícil! Fomos rápidos e competitivos e trabalhámos bem durante todo o fim-de-semana, mas nas últimas oito voltas o pneu traseiro infelizmente acabou-se e tentei defender a minha posição até ao final e terminei em quarto. Esperava um pódio, mas ser sincero, hoje não podíamos ter feito mais, por isso estou contente, embora tenhamos que estar numa posição em que consigamos gerir melhor os pneus, porque chegámos ao final da corrida com muito pouca aderência. De qualquer modo fizemos um bom trabalho e agradeço à minha equipa.»Andrea Dovizioso GP da Holanda

5. Valentino Rossi – Movistar Yamaha MotoGP (a 2,963 s)

«Foi uma corrida selvagem. Estou tão contente por ter estado ali na frente, porque foi emocionante durante toda a corrida, mas estou triste porque tinha potencial para terminar no pódio. O problema foi que no início tive muito azar com o Lorenzo. Ele tocou no corrector e perdeu a frente a alta velocidade. Eu já estava a acelerar, mas consegui passá-lo e não caímos, o que é bom. Depois, a corrida foi muito difícil e tentei controlar a degradação do pneu, porque +tinha escolhido a opção mais macia na traseira, por isso sabia que no final podia estar no limite. A quatro voltas do final tentei atacar. Estava a correr bem, porque cheguei ao segundo lugar. Quando estava na luta com o Dovizioso, ele tentou passar-me na primeira curva, mas ele chegou um pouco tarde por isso, infelizmente, tive que ir por fora da pista. Perdemos muito tempo, especialmente eu. Acho que eu e o Dovi tínhamos potencial para terminar no pódio e assim terminámos em quarto e quinto.»Valentino Rossi GP da Holanda

6. Cal Crutchlow – LCR Honda Castrol (a 3,876 s)

«Acho que foi uma boa corrida, mas as últimas duas voltas foram a minha desgraça, porque cometi um grande erro ao passar o Valentino e pensava que podia apanhar os pilotos da frente. Mas alarguei muito na curva 8, consegui ficar em cima da moto e conformar-me com o sexto lugar. Consegui uma boa partida e a primeira volta não foi má, mas decidi não puxar demasiado no início, já que o pneu dianteiro parecia ser demasiado macio para as Honda; provavelmente foi por causa disso que vimos o Marc a passar-se nas travagens umas quantas vezes. Estava satisfeito em rodar em sexto ou sétimo e só queria manter o meu ritmo. Mas foi uma boa batalha, eu tinha dito antes da corrida que qualquer um dos oito pilotos podia terminar no pódio, e assim foi.»Cal Crutchlow GP da Holanda

7. Jorge Lorenzo – Ducati Team (a 4,462 s)

«Hoje o vento tornou as condições da pista mais difíceis e sabia que ia ser uma corrida complicada, mas fiz uma partida muito boa, uma das minhas melhores com a Ducati, e consegui ganhar muitas posições e concluir a primeira volta na liderança. O ritmo não era muito rápido e fiquei na frente durante muitas voltas. Depois o Dovizioso passou-me, perdi um pouco o ritmo, comecei a sentir a gradual deterioração do pneu e vários pilotos passaram por mim. O positivo deste fim-de-semana é que, mesmo não tendo o melhor ritmo, conseguimos fazer uma grande corrida e ser competitivos, durante muitas voltas, embora não esteja muito satisfeito com a minha posição final.»Jorge Lorenzo GP da Holanda

8. Johann Zarco – Monster Yamaha Tech3 – (a 7,001 s)

«Este domingo foi um dia feliz. Vi algumas coisas no warm up e disse à equipa que iria ser difícil lutar e queria dar alguns passos, apenas para poder lutar com os outros, para ser capaz de travar bem e ficar com eles. Acho que demos esse passo, por isso foi uma boa sensação. A partida foi boa, depois o Iannone ultrapassou o Rins e este teve que alargar, e por isso no início foi complicado ganhar posições, mas senti-me bem imediatamente, consegui passar o Petrucci e apanhei o Crutchlow, e consegui ficar neste fantástico grupo, estava a pilotar bem. Consegui manter-me com eles, mas não o suficiente para realmente lutar porque debatemo-nos com dificuldades durante todo o fim-de-semana. Talvez fosse o passo que faltava para poder lutar pelo pódio, mas preciso ficar contente. Algumas boas sensações estão de volta e estamos em quarto no campeonato, por isso precisamos de continuar fortes. De um modo geral foi uma bela e divertida corrida.»Johann Zarco GP da Holanda