Francesco Bagnaia foi o piloto mais rápido do primeiro dia de treinos do GP de Espanha, no Circuito de Jerez-Angel Nieto. Miguel Oliveira terminou o dia na sétima posição, a apenas 0,607 s do italiano, e colocando-se provisoriamente entre os pilotos que podem passar direto à Q2.
Com temperaturas amenas no circuito andaluz, o novo lote de pneus que a Michelin inclui opções para a dianteira que parecem ser menos problemáticas para Oliveira e as KTM em geral. Por isso Brad Brinder foi o primeiro no final da primeira sessão, e apenas 0,385 s mais rápido que Oliveira, que foi sétimo. Com toda a gente a melhorar na segunda sessão, Oliveira fez o mesmo e manteve o sétimo lugar na tabela combinada.
«Foi um arranque sólido do fim de semana. Não foi fantástico, porque gostaria de ter sido mais rápido com os pneus usados, para conseguir um ritmo. Quando o usámos o pneu macio para uma volta rápida conseguimos entrar facilmente no 1’37, e colocarmo-nos perto dos pilotos da frente», disse Oliveira no final.
Logo a seguir a Bagnaia ficaram Fabio Quartararo e Aleix Espargaró.
O campeonato chega a Espanha com motos dos seis construtores – Yamaha, Ducati, Suzuki, KTM, Aprilia e Honda – nas sete primeiras posições; isto é algo que não acontecia na categoria rainha desde o GP da Checoslováquia de 1972, numa demonstração do equilíbrio que vive o campeonato.
Aramco Racing Team VR46
O fim de semana deste quarto GP da temporada está também a ficar marcado por algumas notícias que foram surgindo ao longo da semana. A mais importante é a confirmação da expansão da VR46 para dois pilotos em MotoGP no próximo ano, ocupando o lugar que a Esponsorama vai deixar vago. Mas o que podia ser uma boa notícia, acabou por gerar algum desconforto e polémica no paddock, e também junto dos fãs. Isto porque o principal patrocinador será a Aramco, a petrolífera estatal da Arábia Saudita, país que não é muito bem visto em termos de direitos humanos.
Ao ser questionado sob o tema, referiu que não foi ele quem conduziu as negociações, cabendo esse papel a Alberto ‘Albi’ Tebaldi, CEO da VR46. Segundo declarações de Tebaldi ao site gpone.com, o patrocínio – para já assinado para cinco anos – parece ir mais além, tornando-se numa parceria que poderá vir a resultar num parque temático VR46 na Arábia Saudita, englobado no projeto Vision 2030 que o país do médio-oriente está a levar a cabo para ‘limpar’ a sua imagem no mundo.
O que não se sabe ainda é que motos usará a VR46, mas neste momento está em conversações com vários construtores, especialmente Ducati e Suzuki. Massimo Rivola já disse hoje que Valentino Rossi tem agora dinheiro para comprar a moto mais rápida e que, infelizmente, a Aprilia ainda não o é atualmente.
Aprilia e Team Gresini em conversações
Por falar em Aprilia, a marca italiana passará a ter a sua própria equipa de fábrica no próximo ano, tendo renovado com a Dorna por mais cinco anos. Isso não significa necessariamente que deixará o Team Gresini, que poderia continuar como equipa satélite. Com a morte de Fausto Gresini temia-se o futuro da equipa, mas a sua viúva, Nadia Padovani, passou a ser a proprietária e gestora da equipa, contando com a colaboração dos seus filhos, Lorenzo e Luca, o primeiro com um cargo administrativo, e o outro num papel mais desportivo, com presença nos GPs. Aprilia e Team Gresini estão ainda em conversações.
Paolo Ciabatti, da Ducati, admitiu também estar em conversações com o Team Gresini e também com a VR46.
Cyberbullying
Outro tema quente no paddock é o cyberbullying. Isto vem na sequência das atribulações de Maverick Viñales. O piloto espanhol primeiro foi vítima de fake news que o colocavam fora do campeonato depois da desilusão de Portimão, e depois trocou ‘galhardetes’ com alguns ‘fãs’ mais ofensivos no Twitter. Em resultado, Viñales pura e simplesmente apagou a sua conta no Twitter. Na sequência de tudo isto vários pilotos confessaram ligar o mínimo possível às redes sociais que admitem ter um lado positivo – o contacto direto com os fãs – mas superado pelo lado negro das ofensas, racismo, xenofobia e puro cyberbullying. Marc Marquez, por exemplo, diz que só lê comentários quando quem gere as suas contas lhe diz que há algo interessante, confessando que desde 2015 que praticamente ignora as redes sociais, dedicando-lhes o mínimo tempo possível.
Este é um tema que está a alastrar no desporto em geral; por isso vários desportistas de várias modalidades, equipas, clubes, jornalistas, etc. declararam um blackout às redes sociais este fim de semana; fazem-no como forma de protesto e chamada de atenção para o tema.
Moto2: Lowes rápido, mas caiu
Em Moto2 Sam Lowes foi o mais rápido, apesar de uma queda na sessão da manhã. Remy Gardner, líder do campeonato, tinha sido o mais rápido na primeira sessão, mas acabou batido por Lowes na segunda. Jake Dixon deu nas vistas ao terminar o dia em terceiro, logo na frente de Marco Bezzecchi.
Em Moto3 foi Gabriel Rodrigo que estabeleceu o melhor tempo do dia, na frente de Niccolò Antonelli e Romano Fenati. O líder do campeonato, Pedro Acosta terminou em oitavo, a 0,8 s de Rodrigo.
MotoE: fim de semana de estreia para André Pires
A terceira edição da Taça do Mundo de MotoE arranca este fim de semana em Jerez, e conta com a participação dum piloto português. André Pires, com as cores da Avintia Esponsorama Racing enfrenta um novo desafio em 2021 com esta participação. No primeiro dia de treinos, após as duas primeiras sessões de treino livres, André Pires terminou em 16.º; ficou a 2,587 s de Eric Granado, o mais rápido.
Jordi Torres, o vencedor ‘elétrico’ do ano passado, terminou o dia na quarta posição.
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