As condições climatéricas tiveram papel principal no GP de França, e obrigaram a uma corrida ‘flag to flag’. A corrida de MotoGP começou com piso seco, mas logo após as primeiras começou a chover, e os pilotos tiveram que passar nas boxes para trocar de moto, para regressar à pista com pneus de chuva.
A troca de moto ocorreu no final da quinta volta para todos os, com todos a entrarem nas boxes. Já chovia bastante e Jack Miller acabou mesmo por sofrer uma saída de pista pela gravilha antes da entrada no it lane.
Marc Marquez e Fabio Quartararo entraram lado a lado no pit lane e Marc Marquez foi o primeiro a voltar a sair. Quartararo parou na box errada, na de Maverick Viñales, e acabou por ter que cumprir uma penalização de volta longa. Jack Miller e Pecco Bagnaia foram bridandos cada um com uma dupla volta longe, por excesso de velocidade no pit lane.
Marc Marquez acabou por cair uma primeira vez quando liderava com mais de 1,5 s sobre Fabio Quartararo. Marquez regressou à pista em 18.º, mas voltou a cair 8 voltas depois, após recuperar até 11.º.
Apesar de ter cumprido as suas penalizações em voltas consecutivas, quando rodava em segundo, Jack Miller não perdeu muito terreno para o líder Quartararo. Acabou por apanhá-lo e ultrapassá-lo. Este cumpriu a sua penalização depois e não voltou a conseguir aproximar-se do italiano; o francês acabou apanhado e ultrapassado pelo compatriota Johann Zarco.
«Foi uma vitória fantástica!»
Miller conseguiu conquistar a sua segunda vitória consecutiva, com os dois franceses a fazerem-lhe companhia no pódio. O último piloto australiano a conseguir vencer duas corridas consecutivas foi Casey Stoner em 2012 (GP de Espanha e GP de Portugal). «Vencer duas corridas consecutivas é um sonho para mim, especialmente depois de uma corrida tão difícil em que até tive que cumprir duas voltas longas e saí para a gravilha»desabafou o australiano.«Por isso conseguir este resultado é extraordinário! A corrida foi muito longa e mentalmente dura. Tentei manter a concentração e continuei a dizer a mim próprio para manter a calma. Deste modo consegui gerir bem os pneus e poupei-os até ao final, gerindo a minha vantagem para o Johann Zarco, que estava a aproximar-se no final. Foi mesmo uma vitória fantástica!»,disse Jack ‘Thriller’ Miller.
Queda força o abandono de Oliveira
Miguel Oliveira arrancou de 10.º e no final da primeira volta estava em oitavo, mas quando entrou nas boxes para trocar de moto estava em 15.º. Regressou à corrida em 16.º e voltou a recuperar; quando estava na luta com Danilo Petrucci pelo oitavo lugar acabou por cair na curva 3, sendo forçado a abandonar.
«Foi uma pena para toda a equipa não terminar a corrida hoje», disse Oliveira. «Estivemos fortes e tinha a capacidade para nos aproximarmos do pódio. Agora vamos pensar no próximo GP», disse Oliveira. E essa era mesmo uma forte possibilidade, pois estava em franca recuperação. O piloto português em todas as voltas após a paragem nas boxes tinha sido o piloto mais rápido em pista com os pneus de chuva. Chegou mesmo a rodar um segundo mais rápido que o líder Jack Miller.
Para além de Marc Marquez também Alex Rins caiu duas vezes, abandonado depois da segunda queda. Aleix Espargaró e Lorenzo Savadori abandonaram ambos por problemas técnicos.
Com Pecco Bagnaia a terminar na quarta posição, Quartararo assumiu o comando do campeonato, mas apenas com um ponto de vantagem sobre o italiano.
MotoE: Granado vence, Pires repete 12.º
Apesar de ter perdido muitas posições na primeira volta depois de arrancar da pole, Eric Granado conseguiu recuperar para vencer a corrida de MotoE. Chegou a estar em sétimo, recuperou e depois lutou com Alessandro Zacone, com múltiplas ultrapassagens na última volta, batendo o italiano já com a bandeira de xadrez à vista. Como Zacone deu tudo na saída da última curva, acabou por passar para lá do corretor, e no final seria penalizado com a perda de uma posição. Assim o segundo lugar foi atribuído a Mattia Casadei, que tinha cruzado a meta em terceiro.
André Pires saiu do 14.º lugar da grelha de partida e depois de ter lutado com o seu companheiro de equipa, Xavier Cardelus, acabou por batê-lo. O piloto português terminou a corrida de novo no 12.º lugar, acumulando mais quatro pontos no campeonato.
Moto2: Raul Fernandez imparável
Marco Bezzecchi ainda liderou a corrida de Moto2, a seco, mas apenas durante as primeiras voltas. Depois foi Raul Fernandez a assumir o comando. E mais ninguém o viu até ao parque fechado. O piloto espanhol conquistou a sua segunda vitória da temporada de estreia nesta categoria.
Bezzecchi seria ainda apanhado e ultrapassado por Remy Gardner, perdendo o segundo lugar para o australiano, que assim mantém o comando do campeonato.
Referência para Tony Arbolini, rookie como Raul Fernandez, e que conseguiu aqui, depois de uma excelente corrida, a sua melhor classificação do ano, um quarto lugar.
A corrida ficou marcada por várias quedas, incluíndo a de Sam Lowes, que perdeu o segundo lugar do campeonato.
Moto3: Garcia (quase) imparável
Numa corrida molhada Andrea Migno não conseguiu tirar partido da pole position, e nem sequer terminou no pódio. Na verdade em todas as nove corridas de Moto3 realizadas em Le Mans, apenas dois pilotos conseguiram vencer saindo da pole: Maverick Viñales em 2013 e John McPhee em 2019.
Foi Sérgio Garcia quem se instalou no comando e apenas Filip Salac o conseguiu acompanhar, deixando Riccardo Rossi para trás. Garcia só perdeu o comando uma vez, quando cometeu um erro e quase saiu de pista, mas voltou a passar o piloto checo para conseguir vencer com mais de dois segundos de vantagem. Salac e Rossi conseguiram pela primeira vez nas suas carreiras subir ao pódio no Mundial de Velocidade.
Com Garcia a levar a GasGas à vitória, esta foi apenas a quarta vez que a KTM não venceu em Moto3 em Le Mans. As vitórias não KTM anteriores pertencem a Luis Rossi em 2012 (FTR Honda), Joan Mir em 2017 (Honda) e John McPhee em 2019 (Honda).
Apesar da má qualificação e de ter sofrido uma queda, bastou a Pedro Acosta terminar em oitavo para conseguir mesmo aumentar a sua vantagem no campeonato de 51 para 54 pontos. Isto porque terminou na frente de Andrea Migno, e porque Niccolò Antonelli caiu e não terminou a corrida.
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