O sexto dia do Africa Twin Epic Tour começou junto à piscina do hotel Xaluca em Arfoud. Foi aí que a organização realizou o briefing da etapa, que prometia ser bastante dura e com uma variedade muito grande de pistas. Com os grupos a sairem pouco depois rumo a norte com Midelt como destino, a primeira pista que fizemos foi a chamada “Pista Citroen”, por ser o local onde a equipa oficial da marca francesa vem treinar e afinar os seus carros para o Dakar. Esta pista, bastante dura, cheia de pedra e muito degradada, marca uma entrada no deserto do Sahara e foi também uma das pistas dos Rally Dakar que se realizaram em África. Com os pilotos do HRC ainda na caravana, Paulo Gonçalves confidenciava-me numa paragem para algumas fotos, que o Rally Shamrock também passa nesta pista e para eu imaginar o que é fazê-la em ritmo de corrida. Não quis imaginar, de facto os pilotos de topo de todo o terreno são autênticos super homens, tal o risco a que se expõem e velocidade a que correm. O Track evoluiu em seguida para um traçado mais aberto, com pista larga e várias travessias de rios secos de areia, que continuaram a desafiar a caravana e a levar um dos grupos por estrada para evitar estes pontos quentes. O mais impressionante na vastidão de Marrocos é os perigos que estamos sujeitos. A determinada altura um dos jornalistas espanhóis, tem uma queda não muito grave, mas que o deixa magoado num joelho, olhando para o GPS, ainda faltavam 70 quilómetros de pista para chegar ao alcatrão e era a forma mais fácil de sair dali. Não há muitas vezes alternativa, plano B ou outra forma de contornar situações, é o deserto, é aventura e para a enfrentar há que estar preparado.
Montanhas e gargantas
Depois do deserto voltámos às montanhas, com mais subidas e descidas bastante técnicas e muitas variações de piso do Atlas. O ponto alto do dia estava guardado para um troço absolutamente fantástico, uma passagem pelas gargantas de Berrem, um cenário completamente diferente de todos os que já havíamos cruzado e onde as chuvas torrenciais que tinham caído dois dias antes, trouxeram de novo um pequeno leito de rio a correr. Uma pista com muita pedra e com um areão de leito de rio, que apesar de muito técnica, foi inesquecível para todos os pilotos. Chegámos já tarde a Midelt, ao hotel Taddart, cansados dos mais de 300 quilómetros do dia, mas cheios de emoção e de vivências que juntaram os grupos e as pessoas que os compõem em amizades que durarão o resto da vida. Depois do merecido jantar, houve lugar à distribuição de prémios dos patrocinadores e também dos diplomas e lembranças da organização. Amanhã termina o Epic Tour com a última etapa até Ifrane, ainda estamos na pista!