A Revista MotoJornal tem vindo a acompanhar de perto todas as novidades relacionadas com a chegada de uma nova geração da icónica Honda Hornet. Reunimos num único artigo todas as informações oficiais que já estão disponíveis sobre a chegada desta novidade naked. Mas para compreender melhor o que significa o regresso da Hornet à gama da Honda, convém também conhecer o seu passado.
Agora que estamos, ao que tudo indica, a poucas horas da apresentação oficial da nova Hornet 750 no Salão de Colónia INTERMOT, a primeira das duas grandes exposições em solo europeu dedicadas ao motociclismo e para a qual a Revista MotoJornal recebeu um convite especial da Honda Motos Portugal para estar presente, mas sem nos confirmarem qual o motivo do convite, olhamos para trás, para uma história que teve o seu início no século passado.
Inicialmente revelada ao mundo na 32ª edição do Salão de Tóquio em 1997, a Honda Hornet chegou aos concessionários da marca a 6 de março de 1998.
Na realidade a sua denominação oficial era Honda CB600F Hornet. Porém, os motociclistas rapidamente encurtaram essa denominação deixando ficar apenas o Hornet. E a verdade é que em pouco tempo a Honda percebeu que tinha acertado em cheio com o lançamento deste modelo!
Aproveitando um momento de crescimento de interesse nas motos do tipo naked e de certa forma desportivas, a Honda decidiu entrar neste segmento aproveitando parte do trabalho realizado para criar a Hornet 250, uma variante exclusiva do mercado japonês, e à qual depois lhe foi aplicado o motor e alguns componentes da também altamente popular na Europa, a desportiva CBR600F. Foi então o início de uma moto de culto.
Esta primeira geração de 1998 usava então uma versão mais suave do motor quatro cilindros em linha da desportiva CBR600F, com 599 cc. As modificações nesta unidade motriz incluíram árvores de cames de perfil específico, carburador reduzido de 36 para 34 mm, condutas de admissão mais compridas em 30 mm, e um sistema de escape que afastava a ponteira dos coletores principais em 360 mm.
O resultado foi que a Honda Hornet original apresentava uma potência de 95 cv às 12.000 rpm, enquanto o binário máximo era ligeiramente inferior aos 63 Nm às 9.500 rpm. Mais do que estes números, a Hornet era uma naked divertida de conduzir, pela sua agilidade, mas porque o motor mais dócil era bastante generoso na forma como se mostrava disponível para responder aos desejos do condutor em baixos e médios regimes, mas sem que o motor quatro em linha deixasse de ter “aquela” alma nos regimes mais elevados.
O seu design de certa forma desportivo, e que levou, mais tarde, inclusivamente à realização de troféus Hornet, como aconteceu em Portugal, no que se tornou numa escola de iniciação na competição para muitos pilotos, aliado às suas capacidades dinâmicas, fizeram da primeira geração da Hornet uma moto de culto.
Na passagem do milénio, em 2000, e apenas dois anos depois de estar em comercialização, a Honda Hornet sofreu uma primeira atualização.
A principal novidade foi a passagem de uma jante dianteira de 16 para as mais convencionais 17 polegadas. O objetivo foi de tornar a Hornet numa naked mais estável em curva. Por outro lado, e respondendo aos desejos dos motociclistas que pretendiam usar (e abusar!) dos travões, o sistema de travagem foi também revisto.
Convém referir que, no intuito de disponibilizar uma variante mais “touring”, a Honda decidiu adicionar à gama Hornet uma versão semi-carenada. A Hornet S ou CB600FS, com o seu para-brisas generoso e uma carenagem dianteira a envolver a ótica redesenhada e zona superior junto ao depósito de combustível, permitia percorrer maiores distâncias a velocidades mais elevadas, com o condutor a usufruir de melhor proteção aerodinâmica.
Refira-se que em 2002 assistimos ao aparecimento de uma versão de maior cilindrada. A Honda CB900F Hornet. Um projeto que ficou, claramente, ofuscado pelo sucesso de vendas da “seiscentos” original. Esta Hornet 900 é facilmente identificada em relação à CB600F Hornet devido a utilizar duas ponteiras em vez de uma única ponteira.
Foi, no entanto, necessário aguardar até 2003 para ficarmos a conhecer uma Hornet renovada de forma mais profunda. Pouco depois de apresentar a segunda geração, a Honda optou por abandonar a ideia da variante S semi-carenada, e por isso a produção desse modelo foi bastante limitada.
A nova Honda Hornet apresentava um design mais desportivo, linhas mais vincadas, mas manteve em grande parte o carisma da geração original. A grande novidade foi então o aumento do depósito de combustível e o motor atualizado derivado da desportiva CBR600RR.
Desde o primeiro momento a Hornet apostava num depósito de 16 litros de capacidade, e a partir da segunda geração passou a ostentar um de 17 litros. Ao nível do motor quatro cilindros, tanto na potência como no binário assistimos a uma otimização da performance, embora os valores permanecessem praticamente iguais.
Dois anos depois da introdução da segunda geração, a CB600F Hornet voltou a ser atualizada. Um novo painel de instrumentos, mais moderno, mas principalmente a opção da Honda em utilizar de fábrica uma forquilha invertida derivada da usada na desportiva CBR600RR desse ano, com bainhas de 41 mm. Foi também usado um amortecedor traseiro novo. Estas alterações refinaram ainda mais o comportamento dinâmico da Hornet, elevando as suas capacidades dinâmicas para um novo patamar.
Foi também notório que o peso do conjunto aumentou. As motos produzidas em 2005 e 2006 pesavam, a cheio, 200 kg. Mais quatro quilos do que a Honda anunciava para a Hornet desde a sua primeira versão de 1998.
Em 2007 assistimos à renovação mais dramática da Hornet. E talvez a mais controversa.
A linguagem de estilo original de 1998 já estava, na opinião da Honda, desgastada depois de vários anos em comercialização. E aproveitando uma época em que os designers da marca japonesa tiveram liberdade para apresentar propostas bastante diferenciadas do habitual, a terceira geração da Honda Hornet surpreendeu os motociclistas pelo seu design angular, totalmente diferente do que se conhecia até então.
Um novo quadro foi criado para dotar a Hornet com uma condução ainda mais desportiva, sendo que os engenheiros da marca japonesa descobriram que seria possível otimizar o comportamento dinâmico através da modificação do centro de gravidade. Para o conseguirem, decidiram modificar por completo o sistema de escape elevado que acompanhava a Hornet desde início, reposicionando-o em posição lateral baixa.
Por outro lado, o motor escolhido para esta terceira geração da Honda Hornet era uma versão “descafeinada” do quatro cilindros em linha da CBR600RR. Já com injeção eletrónica de combustível PGM-Fi, e com 102 cv às 12.000 rpm, a Hornet podia já não ter o mesmo charme visual, mas estava, em termos de performance, no topo do segmento.
A produção desta terceira e até agora última geração da Hornet durou até 2013. Em novembro desse ano a Honda aproveitou o Salão de Milão EICMA para revelar ao mundo os detalhes da naked CB650F (também em versão carenada denominada CBR650F).
A Hornet deixava de existir conforme a conhecíamos, e até à confirmação oficial de que em 2023 teremos o regresso do modelo à gama, agora com um novo motor dois cilindros paralelos de 755 cc, uma vasta legião de fãs da icónica naked japonesa aguardou todos os anos pelo regresso da sua naked favorita.
A importância deste modelo para o mundo das duas rodas, principalmente na Europa, ficou durante anos e anos patente na grande quantidade de Hornet que víamos nas estradas.
Alguns, mais puristas, preferiram manter as suas CB600F Hornet originais. Outros, mais adeptos das modificações, alteraram um pouco de tudo, aproveitando as inúmeras possibilidades conferidas pelo mercado de acessórios “aftermarket”, mostrando, com orgulho, as suas “criações” em encontros de motos e concentrações. Sem esquecer o famoso Troféu Hornet, que permitiu a muitos motociclistas começar a criar o seu nome nas pistas, enquanto mostraram as capacidades desportivas de uma naked que hoje em dia podemos dizer que é de culto.
Fique atento a www.motojornal.pt pois amanhã 4 de outubro, às primeiras horas da manhã, e se se confirmar o que suspeitamos e os rumores apontam, a Honda irá revelar todos os detalhes da nova CB750 Hornet. A não perder!
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