Preparações tendo por base modelos da Indian Motorcycle não são novidade para ninguém. Porém, parece que Brice Hennebert e a sua Workhorse Speed Shop têm uma apetência especial para criar motos únicas. Desta feita, e a pedido de um cliente que quis surpreender o seu irmão enquanto espera pela sua moto, a Workhorse Speed Shop apresenta a Indian FTR AMA, uma sprint racer “hardcore”.
Para os mais atentos e fãs da Indian Motorcycle, a Workhorse Speed Shop não é um nome desconhecido. Na realidade, a parceria entre as duas empresas vem de longe. Brice foi um dos responsáveis pela fantástica Indian Scout Appaloosa, moto que competiu nas corridas “Sultans of Sprint” por Randy Mamola, e depois viajou até ao lago gelado Baikal para participar na “Baikal Mile” em 2020.
O reconhecimento mundial conseguido com esse projeto único acabou por levar um aficionado da Indian e das motos personalizadas a contactar a Workhorse Speed Shop. O objetivo inicial era criar uma FTR especial, a Black Swan.
Porém, o conceito original evoluiu rapidamente para algo mais profundo. Com a Black Swan em andamento na oficina da Workhorse Speed Shop – moto que ainda não foi revelada –, o cliente pediu a Brice Hennebert que criasse uma segunda FTR para oferecer ao seu irmão. Esta moto seria assim como uma irmã para a Indian FTR Black Swan.
Brice não demorou muito tempo a chegar ao desenho final. E assim nasceu a Indian FTR AMA, uma criação que se inspira nas sprint racer dos anos 80 do século passado.
O processo de transformação da Indian FTR AMA
Os trabalhos tiveram o seu início em fevereiro de 2021. A primeira decisão tomada pela equipa da Workhorse Speed Shop foi de manter a posição de condução da FTR, que coloca o condutor com o tronco bem levantado. Algumas alterações foram feitas, mas na sua génese, a posição de condução original manteve-se e até o guiador da Indian FTR continua a ser usado nesta sprint racer Indian FTR AMA.
Mas a partir daqui a Workhorse Speed Shop alterou quase tudo!
Na frente destaca-se a placa impressa em 3D que recebe uma ótica PiAA de competição. Abaixo desta encontramos um radiador de óleo da Setrab. O painel de instrumentos original, que utiliza ligação ao telemóvel e é sensível ao toque mantém-se na Indian FTR AMA x Workhorse Speed Shop.
Com Brice a seguir a temática das motos das corridas de resistência, a bateria foi movida para a traseira. Dessa forma a FTR AMA apresenta toda uma traseira exclusiva e fabricada à mão. O assento está revestido em pele escovada, um trabalho realizado pela Silver Machine. Toda a traseira desta moto personalizada é unida pela luz de travão clássica, mas com um toque moderno graças à tecnologia LED.
A tecnologia de impressão 3D foi também utilizada na admissão. Tudo porque optaram por um filtro de ar da DNA, e isso obrigou a equipa a redesenhar por completo a admissão da Indian FTR AMA. O trabalho de remodelação nesta moto personalizada continua no depósito de combustível.
Mais concretamente nas duas células de combustível fabricadas em alumínio. Para conseguir encaixar todos os componentes na moto, a Workhorse Speed Shop criou estes dois elementos. Uma das células fica por debaixo da cobertura do depósito, e a outra célula esconde-se debaixo do assento do condutor. Manteve-se a capacidade total de 14 litros tal como na Indian FTR original.
O chassis foi redesenhado recorrendo a desenhos criados em computador por Brice Hennebert. No entanto, as peças maquinadas foram fabricadas pela Vinco Racing, nos Países Baixos. Entre os componentes maquinados encontramos partes do braço oscilante, mesas de direção superior e inferior, elementos das células de combustível e, entre outros detalhes, os apoios para o radiador de óleo.
Um detalhe interessante em todo este trabalho de maquinação de peças são as mesas de direção. Neste caso a Workhorse Speed Shop regressou ao passado e replicou os componentes usados na clássica Honda CB 750 Bol d’Or.
No caso da Indian FTR AMA as mesas de direção foram adaptadas para receber na perfeição a forquilha Öhlins com bainhas de 43 mm. Na traseira brilham dois amortecedores, também com assinatura da marca sueca, que fixam ao braço oscilante fabricado em tubos de alumínio 7020.
O braço oscilante é um dos destaques nesta Indian FTR AMA x Workhorse Speed Shop. Totalmente desenhado pela equipa de personalização, este oscilante é 40 mm mais longo do que o original da Indian Motorcycle.
Noutro nível está o conjunto de jantes selecionadas para conferir à moto a sua aparência desportiva. Brice recorreu ao especialista italiano Fabio, da JoNich Wheels. As jantes são em alumínio maquinado com inserções em fibra de carbono. O seu design, diz Brice Hennebert, deriva das jantes do Lancia de competição. De referir que as jantes estão cobertas por pneus Dunlop GP.
Claro que numa moto com tantas alterações, o espaço para utilização de vários componentes personalizado é menor. E isso fica bem patente no trabalho de modificação do sistema de travagem da Indian FTR AMA x Workhorse Speed Shop. Neste caso o trabalho ficou a cargo da Beringer.
Os especialistas em sistemas de travagem redesenharam o sistema 4D para garantir que tudo funciona perfeitamente, e que a segurança não é um problema. O módulo de ABS foi removido, e para fazer a leitura da velocidade, a Workhorse Speed Shop recorreu então ao MotoGadget Moto Scope Mini.
Com um sistema de escape fabricado em aço inox e que termina em duas ponteiras S&S Cycle Grand National modificadas, todo o conjunto ganha uma nova vida graças à pintura inspirda nas cores Martini Racing e criada pela Axecent no Japão, e posteriormente aplicada na moto por Fabian, amigo de Brice Hennebert.