Motociclistas indignados com a PSP Madeira

"O Comando Regional da PSP tomou a decisão de impedir os motociclistas de fazerem o desfile de protesto com as suas motos. Não entendemos o porquê."

Como já se noticiou ontem, na Região Autónoma da Madeira as manifestações contra as inspecções às motos, previstas e realizadas no Funchal e Porto Santo, não foram autorizadas no modelo tradicional de uso dos veículos em caravana pelas ruas. O Comando Regional da PSP não permitiu aquilo que no continente nem foi sequer colocado em questão, remetendo os cidadãos insulares para um protesto ‘condicionado’ a uma marcha apeada.

Em declarações ao Diário de Notícias da Madeira, António Manuel (Tó Manel) do GAM – Grupo de Acção Motociclista disse ontem, pouco antes de ocorrer a Mega Manisfestação em vários pontos do território nacional que “é uma reacção do Comando Regional da PSP que nós não entendemos. Não sei até que ponto é que a PSP pode fazer isto e ter uma interpretação diferente da Lei. Isto nunca aconteceu. Já organizámos manifestações há mais de 30 anos e nunca a PSP nos proibiu de fazer a manifestação com as motos”, referiu Tó Manel. O matutino madeirense tentou obter uma explicação do Comando Regional da PSP sobre esta decisão, mas sem sucesso.

Fernando Vale, motociclista madeirense, foi um dos muitos manifestantes insulares que, ontem, mesmo apeado e indignado pela posição assumida pela PSP regional, não quis deixar de protestar contra aquilo que considera a vergonha do negócio das inspeções às motos. Disse à Motojornal que “O Comando Regional da PSP tomou a decisão de impedir os motociclistas de fazerem o desfile de protesto com as suas motos. Não entendemos o porquê. Se no continente em várias cidades foi autorizado, porque não aqui!? Não iriamos fazer nada de ilegal! Parece que vivemos num Portugal à parte!!”, referiu.

O nosso interlocutor insular disse ainda que “é do conhecimento público de que na Madeira e Porto Santo os centros de inspeções constituem um monopólio, ou seja, pertencem todos ao mesmo empresário, algo que é impensável num modelo de livre concorrência que caracteriza as democracias que se dizem de primeiro mundo e integradas na União Europeia. Mas na verdade ninguém se pode indignar ou manifestar a sua opinião porque estamos a viver numa ditadura de proteção aos magnatas do sistema. E ainda vêm dizer que não há défice democrático na Madeira”, concluiu.

O Club Motards Madeira publicou na sua página oficial algumas fotos e um vídeo onde se pode confirmar a resiliência de mais de uma centena de motociclistas madeirenses que, mesmo ‘diminuídos’ nas suas liberdades e garantias face aos seus concidadãos continentais, não deixaram de fazer o seu protesto a pé. O mesmo decorreu sem quaisquer incidentes, e contou com a toda colaboração dos agentes da PSP que estiveram no local.

Fotos: Club Motards Madeira

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