O Grande Prémio da Malásia aproxima-se a passos largos do seu início. A penúltima ronda de MotoGP será o primeiro “match point” para Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) assegurar o seu primeiro título da categoria rainha, oferecendo à Ducati o tão cobiçado troféu de pilotos. E se o fizer, “Pecco” confirmará aquilo que muitos afirmam ser a maior recuperação da história do desporto motorizado de elite.
Por muitos considerada como uma “missão impossível”, Francesco Bagnaia tem beneficiado, para além do seu talento e esforço pessoal, de todo o poder do arsenal da Ducati Corse.
E aqui incluímos a moto, Desmosedici GP, mas também o trabalho de equipa / marca, com os pilotos que competem por equipas que usam motos de Borgo Panigale a trabalharem para garantir que Bagnaia maximiza os pontos em relação a Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha).
E como é que o piloto italiano já está na liderança da classificação, e precisa apenas de ganhar mais 11 pontos a Quartararo para ser campeão já no Grande Prémio da Malásia depois de se ter atrasado tanto na luta pelo título?
O arranque de temporada 2022 algo apagado, tendo em conta tudo o que se previa que fosse o fulgor de Francesco Bagnaia aos comandos de uma Ducati que se adivinhava que fosse bastante superior ao que se tinha visto no ano anterior, deixou dúvidas sobre se o vice-campeão de 2021 teria o que é preciso para ser campeão. Até porque a equipa italiana começou o ano envolta em controvérsia, com a GP22, na sua versão mais atual, a ser usada pelos pilotos da Pramac, enquanto os pilotos da Ducati Lenovo Team ficaram com uma GP22 que não era a moto 100% de 2022.
Os resultados tardaram a chegar, mas vitórias em Jerez e Mugello deram alguma esperança.
Porém, Bagnaia não pontuou, devido a desistência em corrida, nas rondas de Le Mans, Catalunha e por fim em Sachsenring. No GP da Alemanha atingiu-se então a maior diferença pontual entre Bagnaia e Quartararo, que estava confortavelmente na liderança do campeonato: 91 pontos!
Daí para a frente, Bagnaia subiu de nível, recuperando pontos a um ritmo impressionante, conforme pode verificar nos gráficos realizados pelo jornalista Vítor Martins, da Revista MotoJornal.
Enquanto Fabio Quartararo começou a não conseguir fazer a diferença que fez na primeira metade do campeonato, e com a Yamaha M1 em claras dificuldades para a acompanhar a evolução dos rivais, com o francês a somar apenas 47 pontos em 8 corridas, Francesco Bagnaia somou um total de 152 pontos, fruto de quatro vitórias, um segundo lugar e dois terceiros lugares. Apenas por uma vez nas últimas oito rondas Bagnaia não pontuou: GP do Japão.
Isto permitiu ao piloto italiano da Ducati ganhar ao francês da Yamaha nada menos do que 105 pontos nessas mesmas oito corridas. Bagnaia passou de um atraso de 91 para uma vantagem de 14 pontos!
Agora, a duas corridas do fim do ano, e, portanto, com 50 pontos por distribuir, Francesco Bagnaia está a apenas 11 pontos de completar aquela que muitos consideram como a maior recuperação pontual do desporto motorizado de elite, incluindo a F1. Aquilo que para a grande maioria dos fãs era uma “missão impossível”, está perto de se tornar missão cumprida.
E qual é a combinação de resultados que Francesco Bagnaia necessita para sagrar-se desde já campeão de MotoGP após o Grande Prémio da Malásia?
Vejamos o que acontece em relação a Fabio Quartararo, segundo classificado do campeonato e rival mais próximo a 14 pontos, o que obriga Bagnaia a ganhar-lhe 11 pontos ou mais. Recordamos que em caso de empate pontual, a vantagem é do italiano devido a ter 6 vitórias em MotoGP contra apenas 3 vitórias de Quartararo, que até final da temporada apenas poderia somar mais duas.
– se Quartararo não pontuar, Bagnaia tem de ser 5º (11 pontos)
– se Quartararo terminar em 15º (1 ponto), Bagnaia tem de ser 4º (13 pontos)
– se Quartararo terminar em 14º (2 pontos), Bagnaia tem de ser 4º (13 pontos)
– se Quartararo terminar em 13º (3 pontos), Bagnaia tem de ser 3º (16 pontos)
– se Quartararo terminar em 12º (4 pontos), Bagnaia tem de ser 3º (16 pontos)
– se Quartararo terminar em 11º (5 pontos), Bagnaia tem de ser 3º (16 pontos)
– se Quartararo terminar em 10º (6 pontos), Bagnaia tem de ser 2º (20 pontos)
– se Quartararo terminar em 9º (7 pontos), Bagnaia tem de ser 2º (20 pontos)
– se Quartararo terminar em 8º (8 pontos), Bagnaia tem de ser 2º (20 pontos)
– se Quartararo terminar em 7º (9 pontos), Bagnaia tem de ser 2º (20 pontos)
– se Quartararo terminar em 6º (10 pontos), Bagnaia tem de ser 1º (25 pontos)
– se Quartararo terminar em 5º (11 pontos), Bagnaia tem de ser 1º (25 pontos)
– se Quartararo terminar em 4º (13 pontos), Bagnaia tem de ser 1º (25 pontos)
– se Quartararo terminar em 3º (16 pontos), Bagnaia não é campeão mesmo vencendo
Vejamos o que acontece em relação a Aleix Espargaró, terceiro classificado do campeonato a 27 pontos de diferença de Francesco Bagnaia. Tendo em conta que o espanhol da Aprilia perde sempre em caso de igualdade pontual por apenas ter uma vitória este ano em MotoGP, isso significa que Francesco Bagnaia terá de lhe ganhar 2 pontos no GP da Malásia.
– se Espargaró não pontuar, Bagnaia tem de ser 14º (2 pontos)
– se Espargaró terminar em 15º (1 ponto), Bagnaia tem de ser 13º (3 pontos)
– se Espargaró terminar em 14º (2 pontos), Bagnaia tem de ser 12º (4 pontos)
– se Espargaró terminar em 13º (3 pontos), Bagnaia tem de ser 11º (5 pontos)
– se Espargaró terminar em 12º (4 pontos), Bagnaia tem de ser 10º (6 pontos)
– se Espargaró terminar em 11º (5 pontos), Bagnaia tem de ser 9º (7 pontos)
– se Espargaró terminar em 10º (6 pontos), Bagnaia tem de ser 8º (8 pontos)
– se Espargaró terminar em 9º (7 pontos), Bagnaia tem de ser 7º (9 pontos)
– se Espargaró terminar em 8º (8 pontos), Bagnaia tem de ser 6º (10 pontos)
– se Espargaró terminar em 7º (9 pontos), Bagnaia tem de ser 5º (11 pontos)
– se Espargaró terminar em 6º (10 pontos), Bagnaia tem de ser 4º (13 pontos)
– se Espargaró terminar em 5º (11 pontos), Bagnaia tem de ser 4º (13 pontos)
– se Espargaró terminar em 4º (13 pontos), Bagnaia tem de ser 3º (16 pontos)
– se Espargaró terminar em 3º (16 pontos), Bagnaia tem de ser 2º (20 pontos)
– se Espargaró terminar em 2º (20 pontos), Bagnaia tem de ser 1º (25 pontos)
Estes resultados apresentados acima são relativamente a combinação de resultados entre Francesco Bagnaia contra Fabio Quartararo ou contra Aleix Espargaró. De uma forma geral podemos resumir esta decisão do título de MotoGP na Malásia a favor do piloto italiano da Ducati da seguinte forma:
– É campeão se vencer e Fabio Quartararo não terminar no pódio;
– É campeão se terminar em 2º, se Quartararo não terminar melhor do que 7º e Aleix Espargaró não vencer;
– É campeão se terminar em 3º, Quartararo não terminar melhor do que 11º e Aleix Espargaró não terminar no pódio;
– É campeão se terminar em 4º, Quartararo não terminar melhor do que 14º e Aleix Espargaró não terminar no pódio;
– É campeão se terminar em 5º, Quartararo não pontuar e Aleix Espargaró não terminar no pódio.
Convém ainda recordar que temos de contar com Enea Bastianini (Gresini Racing). O também italiano permanece na luta, embora bastante mais atrasado e, por isso, com menos hipóteses de chegar ao título. Bastianini tem um atraso de 42 pontos para Francesco Bagnaia.
Veremos o que vai acontecer no Grande Prémio da Malásia. Será que Francesco Bagnaia aproveita o primeiro “match point” para se sagrar campeão de MotoGP? Se o fizer, será o primeiro piloto italiano a conseguir o título na categoria rainha desde Valentino Rossi em 2009. Por outro lado, será o primeiro piloto Ducati a conseguir o título desde o australiano Casey Stoner em 2007.
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