Foi mais um fim de semana que obrigou os fãs de MotoGP a ficarem acordados durante a madrugada, mas a corrida da categoria rainha do Grande Prémio da Austrália, que terminou com vitória de Alex Rins, valeu a pena o esforço! Foram 27 voltas de pura intensidade e emoção até final, incontáveis ultrapassagens, e, no fim, a sensação de que Phillip Island proporcionou-nos a melhor corrida da temporada. Pelo menos até ao momento. Para Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory), este foi um fim de semana abaixo das expectativas, mas que terminou melhor do que se previa tendo em conta as circunstâncias.
As dificuldades começaram por se sentir desde os primeiros treinos livres, com o piloto português, apesar de ficar “às portas” do “top 10”, a não esconder o desconforto em pista aos comandos da sua KTM RC16.
O sábado de qualificações viria a ser ainda pior e a confirmar que o GP da Austrália não seria de festa como aconteceu na Tailândia. Uma má qualificação foi ainda piorada pelos erros, prontamente assumidos pelo Miguel Oliveira como culpa sua, e que levaram a duas penalizações.
Mas nem mesmo a penalização que o levou a arrancar de 24º e último na grelha de partida de MotoGP, nem mesmo o facto de ter de cumprir uma “long lap” durante a corrida australiana, diminuíram a ambição do piloto português, que demonstrou sempre que iria dar tudo para “salvar” um fim de semana que estava a ser bastante pior do que era suposto.
Na décima oitava corrida da temporada, Miguel Oliveira voltou a mostrar o seu talento e resiliência.
Não só recuperou de 24º à partida para terminar em 12º a pouco mais de 13 segundos do vencedor, somando por isso mais alguns pontos à sua conta pessoal no campeonato, como o fez numa corrida intensa, cumprindo a penalização de “long lap” que o fez regressar a último, iniciando depois mais uma recuperação que não terminou no “top 10”, mas não ficou muito longe.
Um enorme esforço e uma corrida do GP da Austrália que termina com um sabor agridoce, se tivermos em conta o ritmo revelado pelo Miguel Oliveira em situação de corrida, e por tudo o que lhe aconteceu estes dias em Phillip Island, mas que não parece desmoralizar o luso que reage da seguinte forma:
“Estou satisfeito por terminar com pontos depois de começar de último e cumprir a long lap, mas, ao olhar para o nosso ritmo, é um pouco desapontante ter estado nesta situação. Depois do início, tentei posicionar-me o mais à frente que conseguia, mas não tive grande sucesso. Com a long lap, voltei ao último lugar, a partir daí, comecei a minha corrida. O ritmo foi muito bom, muito interessante. Terminar a 13 segundos do líder, a começar em último e a fazer a long lap, dá a indicação de que a posição inicial custou um bom resultado hoje. Fiz o melhor com o que tinha e agora estou ansioso pela Malásia porque penso que poderemos ser muito competitivos ali”, diz o piloto da Red Bull KTM Factory.
E depois explica em maior detalhe o que aconteceu nesta corrida:
“Como esperávamos, é difícil ultrapassar nesta pista porque é um traçado de curvas fluídas e rápidas que não é assim tão fácil. Por alguma razão lutámos para ultrapassar com a ajuda do cone de ar. Levei algumas voltas para ultrapassar alguns pilotos e perdi tempo, mas poupei pneu. Contudo, não tive muito pneu no final para lutar por mais. Talvez pudesse ter apanhado o Pol se tivesse ultrapassado o Darryn e o Cal mais cedo, mas não havia espaço para fazer isso”.
Mas o que se passou ao certo para Miguel Oliveira, um piloto habitualmente “certinho”, ser penalizado com duas penalizações num dia de qualificação e que tiveram um impacto tão grande depois na corrida do piloto da Red Bull KTM Factory?
“Foi um erro que é da minha inteira responsabilidade. Interpretei mal o tempo que faltava e que estava no meu painel de instrumentos, e é uma reta tão rápida vindo da última curva que mal tenho tempo para olhar para a informação da placa mostrada pela equipa e do painel para ver o tempo da volta e ver o que se passa, que passei a linha de meta sem verificar se estava ou não a bandeira de xadrez a ser mostrada. Depois disso, coloquei-me a mim e aos outros em perigo, parando na pista e a fazer o treino de arranque. Portanto, não foi definitivamente o meu melhor momento. Mas, de qualquer modo, foi um pequeno erro sem qualquer consequência, apenas perturbei um pouco o Bastianini. Lamento por isso, mas cumpri a minha sentença”, explica o português.
E qual das duas penalizações sofridas – sair de 24º ou “long lap” – teve maior impacto na corrida em Phillip Island?
“Sem a long lap… Penso que hoje o que me custou mais tempo foi a long lap. Não sei o que poderia ter feito mais (sem a long lap). As coisas acontecem em momentos diferentes e depende de onde se está. O ritmo mostra que eu poderia ter lutado por um pouco mais”, conclui Miguel Oliveira.
Com o 12º lugar no Grande Prémio da Austrália, Miguel Oliveira somou pontos importantes na sua luta para subir na classificação final do campeonato. O piloto português pode até ter descido de 8º para 10º, mas a verdade é que está a apenas 2 pontos de Alex Rins que segue em 8º, e um ponto atrás de Jorge Martin em 9º.
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