Depois de cinco Ducati ocuparem pela primeira vez na história de MotoGP as cinco primeiras posições da grelha, o que deixava antever uma vitória para a marca de Borgo Panigale no Grande Prémio das Américas, foi o jovem italiano Enea Bastianini (Gresini Racing) a sair por cima de todos os rivais no Circuito das Américas. Bastianini é o novo sheriff do traçado texano e regressa à liderança da categoria rainha.
A corrida 500 desde que a Dorna assumiu os destinos do Mundial de Velocidade viu as cinco Ducati manterem o domínio nas primeiras voltas do Grande Prémio das Américas. Jack Miller (Ducati Lenovo Team) acabou por ser aquele que melhor arrancou e assumiu as despesas da corrida de 20 voltas no COTA, e esteve confortável nessa posição até quase ao fim.
Atrás do australiano tínhamos Jorge Martin (Pramac Racing), que arrancou da “pole position”, logo seguido de Francesco Bagnaia e ainda com Johann Zarco a fechar as cinco primeiras posições. Aos poucos a potência das Ducati foi fazendo a diferença com Miller e Bastianini a serem os que mais se destacaram, depois Martin começar forte, mas apresentar um défice de rapidez ainda antes da primeira metade da corrida terminar.
Na frente da corrida apenas a Suzuki Ecstar de Alex Rins, de certa forma acompanhado pelo seu companheiro de equipa Joan Mir, conseguia intrometer-se neste domínio da Ducati. Rins, que já venceu o Grande Prémio das Américas, estava com um ritmo diabólico, precisamente no primeiro e sinuoso primeiro setor, o que lhe permitia colmatar algumas dificuldades de aceleração para as Ducati.
Lá atrás, e depois de um problema técnico no arranque que o fez descer praticamente para a última posição, Marc Márquez (Repsol Honda), exemplificava, com ultrapassagens fantásticas e alguns exageros pelo meio (sem consequências), o porquê de ser o melhor piloto de MotoGP no Circuito das Américas, e volta após volta o espanhol foi subindo na classificação.
Numa performance que certamente ficará na sua memória, Márquez acabou mesmo por cruzar a linha de meta na 6ª posição, defendendo-se dos ataques do campeão Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), que nunca mostrou argumentos para discutir posições de pódio, mas terminou a corrida em bom plano depois de ter sido passado por Marc Márquez, com os dois a animarem o GP das Américas com ataques e contra-ataques constantes.
Imunes a tudo isto que se passava mais para trás, Jack Miller e Enea Bastianini levaram para as últimas cinco voltas a discussão pela vitória.
O jovem italiano e que venceu o Grande Prémio do Qatar não se deixou atemorizar por estar a batalhar com o piloto de fábrica. Bastianini, a cinco voltas do fim, passa por Jack Miller em plena aceleração, com a sua Ducati Desmosedici GP21 a mostrar-se mais rápida do que a versão mais atual de Miller.
O australiano não queria deixar escapar a primeira vitória do ano, mas não mostrou argumentos para contrariar a rapidez de Enea Bastianini, que assim repete a vitória na temporada 2022 e torna-se no piloto que vence o Grande Prémio número 500 desde a que o Mundial de Velocidade está sob o domínio da Dorna.
Para Jack Miller os problemas ainda não tinham terminado depois de perder a primeira posição. Na realidade o australiano pagou a fatura das despesas da corrida durante 15 voltas. Tudo porque Alex Rins, como referimos anteriormente, estava endiabrado e rapidamente se aproximou da traseira da moto de Miller. O espanhol da Suzuki pressionou durante alguns momentos, conseguiu inclusivamente concretizar uma primeira ultrapassagem apenas para ser ultrapassado novamente na longa reta do Circuito das Américas.
Miller tentou por todos os meios salvar o segundo lugar, fechando a “porta” e optando por trajetórias mais defensivas sempre que conseguiu. Só que a velocidade em curva faz a diferença no último setor do traçado texano, e neste aspeto a Suzuki GSX-RR faz a diferença para a Ducati Desmosedici, e Alex Rins, na entrada para a penúltima curva na última volta, consegue finalmente ascender a segundo e assim terminar este Grande Prémio das Américas numa excelente posição.
Destaque para o facto de Rins ter conseguido o pódio #500 para a Suzuki com esta segundo lugar no COTA, somando os resultados da casa de Hamamatsu em todas as categorias do Mundial de Velocidade.
Mais uma vez Miller perdeu a vitória e depois um segundo lugar, mas consegue um sólido pódio e o terceiro lugar permite-lhe somar bastantes pontos.
Quanto à prestação do português Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory), já sabíamos que seria sempre uma missão quase impossível entrar em posições de pontos. Mas ainda assim o piloto luso arrancou bem, ascendeu cinco posições nos momentos iniciais, chegando inclusivamente a rodar em 14º por breves momentos.
Depois da confusão inicial e de muitas trocas de posição no meio do pelotão, Miguel Oliveira defendeu-se bem de qualquer toque que pudesse colocar em causa o resultado.
Estabilizou durante muitas voltas na 15ª posição, o que serviria para lhe garantir um ponto. O que, diga-se, tendo em conta o que aconteceu na sexta-feira e sábado, seria um bom resultado e até improvável de acordo com a antevisão de Miguel Oliveira para a corrida.
Miguel Oliveira, tal como Raul Fernandez (Tech3 KTM Factory), optou por correr com a sua KTM RC16 equipada com pneu dianteiro duro e traseiro médio. Uma escolha distinta do restante plantel de MotoGP para esta corrida, e que seria no sentido de garantir maior eficácia nas últimas voltas esperando que os pneus traseiros macios sofressem maior degradação.
Mas a aposta do português não surtiu efeito, e não só não conseguiu subir acima da 15ª posição, como acabou por perder três posições praticamente de seguida. Sendo assim, Miguel Oliveira terminou o Grande Prémio das Américas na 18ª posição e não somou qualquer ponto para a sua conta pessoal.
A próxima ronda do Mundial de Velocidade será o Grande Prémio de Portugal de 22 a 24 de abril no Autódromo Internacional do Algarve, aquela que será o primeiro fim de semana em solo europeu nesta temporada MotoGP 2022, e que alguns pilotos esperam que venha a ser o ponto de viragem nos resultados.
Resultados do GP das Américas – MotoGP
1 – Enea Bastianini – Gresini Racing
2 – Alex Rins – Suzuki Ecstar
3 – Jack Miller – Ducati Lenovo Team~
4 – Joan Mir – Suzuki Ecstar
5 – Francesco Bagnaia – Ducati Lenovo Team
6 – Marc Márquez – Repsol Honda
7 – Fabio Quartararo – Monster Energy Yamaha
8 – Jorge Martin – Pramac Racing
9 – Johann Zarco – Pramac Racing
10 – Maverick Viñales – Aprilia Racing
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18 – Miguel Oliveira – Red Bull KTM Factory
Classificação de MotoGP após Grande Prémio das Américas
1 – Enea Bastianini – Gresini Racing – 61 pontos
2 – Alex Rins – Suzuki Ecstar – 56 pontos
3 – Aleix Espargaró – Aprilia Racing – 50 pontos
4 – Joan Mir – Suzuki Ecstar – 46 pontos
5 – Fabio Quartararo – Monster Energy Yamaha – 44 pontos
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9 – Miguel Oliveira – Red Bull KTM Factory – 28 pontos