Com a temporada de MotoGP terminada, com pilotos e equipas a descansarem tendo em vista a temporada 2023, é tempo de fazer algumas análises importantes de estatísticas que permitem perceber um pouco melhor como é que alguns pilotos sobressaíram em relação aos seus rivais.
A Revista MotoJornal já aqui iniciou uma análise detalhada à temporada e prestações do Miguel Oliveira, um piloto que sofre poucas quedas ao longo do ano. E é precisamente as quedas, e neste caso as registadas em todas as categorias, que nos permitem regressar ao tema da análise do que aconteceu em pista durante a temporada 2022.
Sensivelmente a meio da temporada, ao 11º Grande Prémio, já tínhamos publicado uma análise às quedas registadas em MotoGP
Nessa altura o piloto português da KTM tinha apenas 4 quedas, sendo que fechou a temporada com um total de 9 quedas. Um bom registo para Miguel Oliveira, e bem longe da marca de Darryn Binder (WithU RNF Yamaha) que com 27 quedas em 20 Grandes Prémios foi, destacadamente, o piloto que mais quedas sofreu.
Porém, o Mundial de Velocidade não é apenas a categoria rainha MotoGP.
Embora as nossas atenções se centrem em MotoGP, a verdade é que os fãs do motociclismo de velocidade têm ainda a possibilidade de ver dezenas de outros pilotos a competir nas categorias Moto2 e Moto3.
E, claro, em categorias tão competitivas acabamos por ter sempre muitas quedas!
De acordo com as estatísticas oficiais, durante a temporada 2022 tivemos um total de 1106 quedas em todas as três categorias. Em retrospetiva, foi uma temporada com muitas quedas, pois se olharmos para os últimos doze anos apenas na temporada 2017 foram registadas mais quedas: 1126.
Apesar das 335 quedas que aconteceram em MotoGP ao longo dos vinte Grandes Prémios serem um número impressionante, a verdade é que foi em Moto2 onde mais pilotos sentiram o amargo sabor do asfalto e escapatórias dos circuitos: 428 quedas. Desta forma a categoria intermédia roubou o primeiro lugar nesta estatística às pequenas Moto3, com os mais jovens pilotos do Mundial de Velocidade a caírem por 343 vezes.
Fazendo uma média às quedas registadas, em MotoGP tivemos 16,7 quedas por Grande Prémio, em Moto2 a média foi de 21,4 quedas por ronda, enquanto nas Moto3 a média foi de 17,5 quedas por fim de semana de competição.
A sessão em que mais pilotos sofrem uma queda é a Corrida. No total aconteceram 346 quedas apenas nas corridas de MotoGP, Moto2 e Moto3. Depois temos 203 quedas na segunda sessão de treinos livres e ainda 188 quedas na terceira sessão de treinos livres. Números que revelam, claramente, a importância que os pilotos dão tanto à TL2 como à TL3, devido à passagem às qualificações de cada categoria.
Por outro lado, é na sessão Treinos Livres 4 que temos menos quedas ao longo da temporada: 26 no total. Mas esse número tão reduzido é facilmente explicado pelo facto de que esta TL4 apenas existe na categoria MotoGP, sendo inclusivamente uma sessão utilizada pelos pilotos para afinar as estratégias de corridas fazendo simulações, não arriscando tanto.
Será interessante perceber como é que estes números de quedas se alteram no final da temporada 2023, um ano em que o programa do fim de semana de MotoGP será totalmente revolucionado com a chegada das corridas Sprint ao sábado à tarde.
Quedas por categoria e por sessão ao longo da temporada 2022
MotoGP
TL1 – 35
TL2 – 50
TL3 – 68
TL4 – 26
Q1 – 32
Q2 – 19
Warm Up – 19
Corrida – 86
Moto2
TL1 – 52
TL2 – 85
TL3 – 78
Q1 – 22
Q2 – 36
Warm Up – 11
Corrida – 144
Moto3
TL1 – 46
TL2 – 68
TL3 – 42
Q1 – 27
Q2 – 26
Warm Up – 18
Corrida – 116
Quedas por sessão em todas as categorias
TL1 – 133
TL2 – 203
TL3 – 188
TL4 – 26 (apenas MotoGP)
Q1 – 81
Q2 – 81
Warm Up – 48
Corrida – 346
Agora que já vimos as quedas por categorias e o total da temporada, vamos ver quais são os pilotos em destaque, pela negativa.
Darryn Binder com 27 quedas foi claramente o piloto que mais vezes sentiu a dor de cair da sua moto. O “rookie” sul-africano tentou a sua sorte em MotoGP saltando para a categoria rainha diretamente de Moto3. Foi um ano de aprendizagem para o mais novo dos irmãos Binder, que em 2023 estará em Moto2.
O segundo piloto com mais quedas registadas em todas as categorias do Mundial de Velocidade foi Keminth Kubo. O piloto de Moto2 sofreu um total de 25 quedas ao longo do ano. O piloto de Moto3 que sofreu mais quedas foi Elia Bartolini com 22 quedas.
Refira-se que o campeão de MotoGP, Francesco Bagnaia, caiu 14 vezes. O campeão de Moto2 e novo piloto da categoria rainha Augusto Fernandez caiu 13 vezes. E o campeão de Moto3, Izan Guevara, caiu apenas 5 vezes. Um registo impressionante para o piloto espanhol da GasGas.
Lista de pilotos com mais quedas nas três categorias
– Darryn Binder – MotoGP – 27 quedas
– Keminth Kubo – Moto2 – 25 quedas
– Marco Bezzecchi – MotoGP – 23 quedas
– Elia Bartolini – Moto3 – 22 quedas
– Niccolò Antonelli – Moto2 – 22 quedas
– Pol Espargaró – MotoGP – 21 quedas
– Alex Márquez – MotoGP – 21 quedas
– Kaito Toba – Moto3 – 20 quedas
– Aron Canet – Moto2 – 20 quedas
– Jake Dixon – Moto2 – 20 quedas
Analisados os pilotos por categoria, resta ver o que aconteceu em cada circuito. E aqui temos em grande destaque o Grande Prémio de Portugal, que lidera a tabela de quedas por circuito, somadas as quedas das três categorias durante o GP.
O Autódromo Internacional do Algarve, devido às condições climatéricas, mas também às características ondulantes do seu traçado, uma verdadeira “montanha russa” bastante técnica ao nível da condução, registou um máximo de 105 quedas durante os três dias do GP de Portugal! Um verdadeiro festival de quedas que obrigou os comissários do AIA a horas extra.
O circuito francês de Le Mans foi o segundo mais crítico com 87 quedas, sendo o pódio completo com a presença do circuito Misano World Circuit Marco Simoncelli, palco do Grande Prémio de São Marino, onde se registaram 71 quedas nas três categorias.
E qual foi a curva mais dramática ou crítica para os pilotos? Ao contrário do que temos visto noutros anos, em que a curva 3 de Le Mans era a mais traiçoeira e complicada para os pilotos, na temporada 2022 essa “honra” coube à curva 1 do circuito Sachsenring.
O Grande Prémio da Alemanha não foi particularmente grave em termos de quedas, com apenas 48 registadas.
Mas a primeira curva, onde inclusivamente o campeão Francesco Bagnaia caiu, abandonando a corrida alemã, num momento em que quase todos pensámos que já não tinha hipóteses de recuperar a desvantagem pontual para Fabio Quartararo, o que se veio a verificar não ser verdade, foi a curva onde mais quedas aconteceram: 21.
A sétima curva de Le Mans com 20 quedas e a quarta curva de Misano com 17 quedas completam o pódio de curvas com mais quedas este ano.
Fique atento a www.motojornal.pt pois iremos continuar a trazer-lhe todas as novidades de MotoGP, com especial destaque para tudo o que é relacionado com Miguel Oliveira, mas também as mais recentes estatísticas e análises técnicas. A não perder!