MotoGP 2022 Aragão – Bastianini derrota Bagnaia e Miguel Oliveira em 11º

Numa corrida de MotoGP recheada de drama na primeira volta, foi Enea Bastianini a vencer com Miguel Oliveira a ser 11º.

Depois de muita antecipação e dois dias de treinos e qualificações, a décima quinta ronda de MotoGP da temporada 2022 foi um misto de emoções fortes na primeira e última volta, com muita monotonia pelo meio. O Grande Prémio de Aragão terminou com Enea Bastianini (Gresini Racing) a não olhar a possíveis ordens de equipa e a bater Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team), enquanto Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) terminou na posição em que arrancou.

As 23 voltas da corrida de MotoGP este domingo em Motorland Aragón começaram da pior forma para o líder do campeonato. Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), que já antevia um fim de semana complicado em Aragão, acabou a sua corrida logo na segunda curva, quando “entrou” pela traseira de Marc Márquez (Repsol Honda) num momento em que a moto do espanhol parece ter sofrido algum problema e apanhou Quartararo desprevenido.

Miguel OliveiraO atual campeão de MotoGP não teve qualquer hipótese, e a sua queda lançou a confusão no pelotão da categoria rainha, com muitos pilotos a terem de adotar trajetórias defensivas.

Desse contacto com Quartararo resultaram mais danos na Honda RC213V de Marc Márquez, que depois se viu envolvido num toque com o japonês Takaaki Nakagami (Idemitsu LCR Honda), este último a também cair e a causar ainda mais confusão no meio do pelotão, que ficou completamente “partido”.

Marc Márquez também viria a abandonar devido aos danos sofridos na sua moto.

Para Fabio Quartararo este foi então o pior resultado, pois logo na primeira volta ficou fora de ação e a ver os seus principais rivais na luta pelo título a lutarem pela vitória e lugares de pódio.

Miguel OliveiraLá na frente foi Francesco Bagnaia que aproveitou da melhor forma a confusão inicial para saltar para a liderança e tentar escapar aos seus perseguidores. Um grupo que chegou a ser liderado por Brad Binder (Red Bull KTM Factory), com o sul-africano a ter um excelente arranque e a conseguir entrar nos lugares de pódio.

Mas Binder e a sua KTM RC16 não ficaram nessa posição durante muito tempo, pois pouco depois Jack Miller (Ducati Lenovo Team) e ainda Enea Bastianini conseguiam passar o piloto da KTM. Voltávamos então a ter as três Ducati nas três primeiras posições da corrida de MotoGP. Miller parecia estar a tentar adotar uma estratégia de proteção a Bagnaia, mas isso não aconteceu muito por culpa de Enea Bastianini.

Sem mostrar seguir qualquer tipo de ordens de equipa (neste caso de marca), Bastianini passou Miller e rapidamente assumiu uma postura mais atacante em relação a Bagnaia, que sem cometer erros tentava sempre manter-se na frente da corrida de Aragão.

Miguel OliveiraNo início da 9ª volta, Bastianini mostrava verdadeiramente ao que vinha, e consegue mesmo passar por Bagnaia na travagem para a primeira curva do traçado espanhol. Porém, o jovem italiano levou longe demais o seu esforço e antes mesmo de chegar ao famoso muro de Motorland Aragón, é obrigado a alargar trajetória e assim Bagnaia recuperou a liderança do GP de Aragão.

Enea Bastianini passou então por breves momentos de desconcentração, cometeu novo erro, e ficou à mercê de Brad Binder que vinha a tentar defender-se dos ataques de Aleix Espargaró (Aprilia Racing), e com Jack Miller ligeiramente mais atrás. Formou-se então um pequeno grupo de quatro pilotos, com Bagnaia mais à frente com uma vantagem de cerca de oito décimas.

Parecia que “Pecco” iria rodar tranquilamente para a sua quinta vitória consecutiva e ganhar 25 pontos a Quartararo. Porém, Enea Bastianini não tinha a mesma ideia!

Miguel OliveiraO piloto da Gresini Racing, já com três vitórias em MotoGP 2022, voltou a concentrar-se e afastou-se dos seus companheiros de grupo, partindo então em perseguição do líder da corrida. Bastianini, volta após volta, aproveitando ao máximo a borracha que ainda tinha disponível nos seus pneus, foi recuperando essa diferença, e nas últimas cinco voltas estava novamente com Bagnaia em “ponto de mira”.

Será que haveria indicação por parte da Ducati para permitir a Bagnaia garantir nova vitória e máximo de pontos?

Se essa indicação existe, a verdade é que Enea Bastianini não está interessado em saber disso. O italiano foi-se aproximando, estudando o seu compatriota, rodando perto, mas sempre a cerca de meio segundo de diferença. Ia mostrando a roda numa ou noutra travagem, mas sempre de forma a não levar essa batalha para uma “zona vermelha” que pudesse levar a algum contacto ou queda de Bagnaia.

Mas na última volta tudo voltou a alterar-se na frente da corrida, quando Bastianini passa ao ataque antes do setor final, e com a sua Ducati a revelar-se bastante instável, já com pouca borracha nos pneus. Sempre muito forte na chicane que antecede a longa reta traseira do traçado espanhol, Bastianini assume a liderança, sai muito bem dessa chicane, ganha cerca de três décimos de vantagem, o que foi suficiente para impedir um ataque de Bagnaia na travagem no final da reta.

Miguel OliveiraBagnaia, por sua vez, ainda tentou uma derradeira manobra que lhe permitisse sonhar com nova vitória, que seria a sétima em 2022, mas Enea Bastianini não se deixou surpreender e numa aceleração final até à linha de meta acabou mesmo por ser o primeiro a receber a bandeira de xadrez, com Francesco Bagnaia a ser segundo a apenas 42 milésimas!

Ainda assim, uma boa operação em termos de campeonato para o italiano da Ducati Lenovo Team, que está agora a apenas 10 pontos de Fabio Quartararo, estando ainda por conquistar um total de 125 pontos até ao fim do ano.

O degrau mais baixo do pódio neste Grande Prémio de Aragão acabou por ficar na posse de Aleix Espargaró. O piloto da Aprilia Racing, a competir com um dedo fraturado, conseguiu mesmo suplantar a oposição de Brad Binder já nos últimos momentos da corrida de MotoGP.

Aleix atacou a terceira posição no início da penúltima volta, e a partir daí defendeu a sua posição da melhor forma, não permitindo ao sul-africano da KTM ascender ao pódio num circuito onde então repete o melhor resultado para uma moto da marca austríaca, o 4º lugar.

Miguel OliveiraPara Aleix Espargaró foi também uma corrida bastante boa em termos de resultados para o campeonato. O espanhol mantém o terceiro lugar na classificação de MotoGP, e tal como Francesco Bagnaia também consegue reduzir muito a diferença que o separa do líder Quartararo. O mais velho dos irmãos Espargaró está agora a 17 pontos do primeiro.

Refira-se ainda que a Ducati consegue desde já assegurar o título de Construtores. A casa de Borgo Panigale fecha este fim de semana do GP de Aragão com um total de 346 pontos, mais 129 pontos do que tem a Aprilia, pelo que está matematicamente assegurado o título de construtores.

Quanto a Miguel Oliveira, esta não foi uma corrida particularmente bem conseguida. O piloto da Red Bull KTM Factory até conseguiu um bom arranque, mas optou por uma trajetória demasiado interior no ataque à primeira curva. Isso deixou-o algo “preso” atrás de outros pilotos e impedido de subir mais na classificação, tendo começado por ocupar então o 8º lugar depois de partir de 11º.

A partir daí, e evitando toques nas confusões iniciais, Miguel Oliveira fez uma corrida sem grandes destaques.

Ainda no primeiro terço de prova, Miguel Oliveira atacou a sétima posição ocupada por Johann Zarco (Prima Pramac Ducati). Pressionou o francês durante alguns momentos, mas acabou por não o conseguir passar. Pior que isso, o português viu Luca Marini (Mooney VR46) aproximar-se rapidamente, com o italiano a perceber que Miguel Oliveira estava em dificuldades e a não perder muito tempo para assumir a 8ª posição por troca com o português da KTM.

Sozinho na 9ª posição, Miguel Oliveira foi tentando manter-se a salvo de mais ataques de perseguidores, mas a verdade é que Alex Rins (Suzuki Ecstar) estava mais rápido e também conseguiu passar o piloto luso, que embora tenha respondido por duas vezes ao ataque de Rins, acabou mesmo por ceder a posição e ficar assim a rodar em 10º.

Mas a descida na classificação ainda não tinha terminado.

Já na última volta foi a vez de Marco Bezzecchi (Mooney VR46) a também conseguir passar Miguel Oliveira, que desta forma cruzou a linha de meta exatamente na mesma posição em que arrancou para o GP de Aragão, ou seja, recebeu a bandeira de xadrez na 11ª posição.

Fique atento a www.motojornal.pt pois em breve teremos reações do Miguel Oliveira e mais informações do Grande Prémio de Aragão de MotoGP. A não perder!

MotoGP – classificação após GP de Aragão

1 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) – 211 pontos

2 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) – 201 pontos

3 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing) – 194 pontos

4 – Enea Bastianini (Gresini Racing) – 163 pontos

5 – Jack Miller (Ducati Lenovo Team) – 134 pontos

11 – Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) – 95 pontos