O teste de Valência para a categoria MotoGP deu por terminada a ação em pista neste ano de 2022, pelo menos com todos os pilotos juntos no mesmo circuito. Com muitas novidades a serem testadas, claramente que para os portugueses o grande foco de atenção era a estreia de Miguel Oliveira aos comandos da RS-GP, protótipo da equipa CryptoData RNF Aprilia.
Com a própria equipa também a adaptar-se a todo o procedimento que trabalhar com uma moto bastante diferente das anteriores – recordamos que a equipa trabalhou durante vários anos com as Yamaha M1 –, a estrutura viu-se reforçada em termos técnicos ao longo do dia de teste em Valência, com a Aprilia Racing a disponibilizar engenheiros adicionais à formação satélite de Razlan Razali.
Com uma moto nova, a equipa deu também as boas-vindas a dois novos pilotos, ambos vindos das fileiras da KTM. Raul Fernandez, o espanhol que se destacou em Moto2 e neste ano de estreia em MotoGP sentiu muitas dificuldades de adaptação, fechou o teste com o 21º tempo a menos de um segundo de Miguel Oliveira.
E foi precisamente o piloto português que mais impressionou!
Miguel Oliveira foi, entre os pilotos que trocaram de equipa, o melhor na tabela de tempos, revelando uma adaptação rápida à Aprilia RS-GP e conseguindo terminar com um excelente e bastante animador 4º melhor tempo, a pouco mais de três décimas de Luca Marini (Mooney VR46).
Ainda sob contrato da KTM, e por isso impedido de abordar esta mudança de forma totalmente livre, Miguel Oliveira falou com o portal oficial MotoGP.com sobre o dia de estreia com a CryptoData RNF Aprilia:
“Foi um dia estranho. Penso que o primeiro dia é sempre um pouco estranho, temos de nos adaptar a muitas coisas diferentes, e também a equipa é completamente nova, tive de conhecer toda a gente e ver qual é a filosofia de trabalho, ou, basicamente, encontrar uma filosofia de forma de trabalhar na garagem. Mas foi um dia onde nos focámos em pilotar e conseguir o máximo de sensações possíveis para ir para a pausa de inverno com algo sobre o qual poderemos dormir. O objetivo não era de ter uma boa performance, era continuar a pilotar e entender melhor os limites da moto, e penso que conseguimos fazer bem”, começou por dizer, antes de lhe perguntarem sobre o que mais tinha gostado na Aprilia.
Nesse momento, e recordando as limitações contratuais em vigor até final do ano, Miguel Oliveira limitou-se a responder que “Cada moto tem os seus pontos fortes e pontos fracos. E a Aprilia não é diferente”, concluiu o piloto da CryptoData RNF Aprilia.
Com Miguel Oliveira impossibilitado de abordar questões mais técnicas nesta estreia aos comandos de uma Aprilia RS-GP de MotoGP, acabaram por ser os responsáveis da Aprilia Racing e da RNF Aprilia a transmitir as sensações do piloto português.
Massimo Rivola, CEO da Aprilia Racing, aquele que ajudou a equipa italiana a dar o passo seguinte na evolução da moto e alcançar os seus melhores resultados de sempre na categoria rainha, diz que “Estávamos todos muitos curiosos por ver dois pilotos novos na nossa moto, o primeiro impacto é muito positivo, ainda que seja demasiado cedo. Os pilotos da RNF Aprilia estiveram a usar as motos da equipa de testes, com as últimas evoluções de 2022. Na equipa oficial temos a RS-GP22 com algumas novidades que estamos a testar para 2023, mas que não são visíveis pois estão debaixo das carenagens”, começa por dizer, abordando depois as opiniões dos pilotos da RNF Aprilia: “Dizem que é uma moto fácil e que transmite confiança na frente, e eles sentirem isso é uma confirmação. Falta saber se quando rodarem em tempos de qualificação estes comentários continuam a ser válidos. Mas os primeiros comentários são positivos”.
Quem também aproveitou o final do teste de Valência para falar da mudança de Yamaha para Aprilia, mas, também, da estreia de Miguel Oliveira, foi Razlan Razali.
O responsável máximo da equipa satélite da marca de Noale, e agora sob a asa de um novo patrocinador e proprietário, a CryptoData, refere que “Foi um dia histórico para a RNF. Havia uma grande curiosidade sobre a mudança para a Aprilia e estreia dos pilotos. A transição para a Aprilia depende muito do compromisso que a marca fará e da equipa de testes. Tivemos uma moto por piloto, mas muito apoio técnico monitorizado pelo Massimo Rivola. Graças ao comportamento da moto, tudo correu de forma suave. Claro que os pilotos têm de se adaptar, mas o Miguel sentiu-se muito bem, e aquele tempo com o pneu macio mostra que não estamos ainda no limite”.
Com os responsáveis máximos da Aprilia Racing e CryptoData RNF Aprilia satisfeitos, quem não quis perder a oportunidade de comentar o teste positivo em Valência foi Wilco Zeelenberg. O gestor desportivo da nova equipa de Miguel Oliveira, em declarações ao portal alemão SpeedWeek, refere vários aspetos que se destacaram neste teste de MotoGP:
“Como equipa, gerimos bem a transição da Yamaha para a Aprilia. No geral, houve menos problemas e incidentes do que o esperado no primeiro dia. Também correu bem para os pilotos. Para ambos os pilotos, a Aprilia é mais fácil de controlar do que as KTM. Por isso tudo correu bem, mas é claro que há coisas às quais precisam de se habituar. O Miguel fez a volta mais rápida com o pneu macio. Sente-se muito confortável na RS-GP, foi uma boa primeira experiência e o início é muito promissor. Eles (Miguel e Raul) dizem que a altura da moto é a mesma da KTM, mas o depósito é muito estreito, especialmente na parte superior, lembrando uma moto de 250 cc. Ambos também realçaram que a moto é muito manobrável e pode ir de um lado para o outro com muita facilidade. O Miguel destacou como a Aprilia compensa os solavancos. Tudo parece ser mais fácil para ele. É muito mais fácil para ele levar a moto ao limite do que com a sua moto antiga”.
É certo que este é apenas um primeiro teste e longe da pressão habitual de conseguir resultados imediatos num Grande Prémio. Mas, olhando tanto para as declarações do Miguel Oliveira, como também para as opiniões transmitidas por Massimo Rivola, Razlan Razali e Wilco Zeelenberg, o momento na CryptoData RNF Aprilia parece ser muito positivo.
Fique atento a www.motojornal.pt pois iremos continuar a acompanhar de perto tudo o que acontece em MotoGP, com especial destaque para o piloto português Miguel Oliveira que inicia em 2023 uma nova fase na sua carreira.