MotoGP 2022 Austrália – Miguel Oliveira brilha e Rins vence na melhor corrida do ano!

Alex Rins vence na melhor corrida do ano! Temos novo líder do campeonato de MotoGP e Miguel Oliveira termina num muito merecido 12º lugar.

A corrida de MotoGP do Grande Prémio da Austrália de 2022 tem tudo para ficar na história da categoria rainha, e pelos mais diversos motivos. Depois de 27 voltas alucinantes e muitas ultrapassagens no limite, a vitória acabou por cair nas mãos do “diabólico” Alex Rins (Suzuki Ecstar), numa corrida em que Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) assume a liderança da classificação aproveitando a desistência de Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha). Para os fãs portugueses que ficaram acordados, esta corrida australiana de Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) foi também um GP muito bom e em que o português cruza a linha de meta na 12ª posição depois de arrancar de último e ter de cumprir uma “long lap”.

Mas vamos à corrida.

Com todos os principais candidatos ao título a ocuparem posições nas primeiras filas da grelha de partida, e com escolhas variadas de compostos de pneus, a corrida de MotoGP começou mal para Bagnaia, com o italiano a não conseguir acionar o “holeshot device” na sua Ducati Desmosedici e por isso a ter um arranque menos conseguido.

motogpQuem não perdeu a oportunidade para agarrar a liderança da corrida australiana foi o espanhol Jorge Martin (Prima Pramac Ducati), que aproveitou da melhor forma a “pole position” e arrancou na frente. Mas pouco depois Bagnaia estava novamente na luta, subindo a terceiro logo atrás de Marc Márquez (Repsol Honda).

Um pouco mais atrás Quartararo revelava sinais de que não estava tranquilo com a “armada” Ducati, e ia tentando manter-se colado aos primeiros, mas sob enorme pressão de Marco Bezzecchi (Mooney VR46). Por outro lado, também Aleix Espargaró (Aprilia Racing) tinha esperanças de chegar aos lugares cimeiros, mas a verdade é que o espanhol nunca realmente mostrou capacidade para entrar nessa luta, e viria a terminar em 9º.

motogpE se na frente da corrida não havia tempo para respirar, a verdade é que lá para trás, na cauda do pelotão, Miguel Oliveira iniciava uma corrida muito boa, e logo nas primeiras voltas sobe duas posições tendo partido de 24º, cumprindo depois a penalização “long lap” na segunda volta e descendo novamente a último.

Mas com melhor ritmo do que os pilotos que seguiam à sua frente, o piloto português rapidamente se posicionou em lugares mais interessantes e começou a sonhar com os pontos.

Com a intensidade no máximo, na quarta volta Fabio Quartararo falha a travagem para a recém-nomeada curva Miller, curva em homenagem ao piloto australiano, que, curiosamente, viria a abandonar a corrida de MotoGP nessa sua curva depois de Alex Márquez ter falhado por completo a travagem e embatido com força no australiano da Ducati. O campeão da Yamaha, a sentir a pressão de não deixar fugir Bagnaia na frente, perdeu muitas posições, desceu até 22º e tinha então como missão única minimizar os estragos.

motogpMas o domingo de corrida na Austrália viria a ser pior ainda para Quartararo, quando à 11ª volta sofre uma queda que o deixou fora de ação. Zero pontos somados numa altura crucial da temporada de MotoGP não é, de todo, o resultado que o francês desejava, e viu do interior das instalações da Yamaha o seu grande rival Francesco Bagnaia roubar-lhe a liderança do campeonato.

Por esta altura já se via na frente da corrida o espanhol Alex Rins e a sua GSX-RR da Suzuki Ecstar. O espanhol estava a pilotar de uma forma verdadeiramente endiabrada, e a sua moto não só mostrou excelente velocidade na longa e ondulante reta de Phillip Island, como na primeira sequência de curvas do traçado australiano Rins conseguiu aproveitar a agilidade e tração da moto japonesa para atacar em força.

Enquanto isso, Miguel Oliveira continuou a sua recuperação. Primeiro subiu a 17º, e os pontos ficaram ainda mais próximo. Conseguiria ascender ainda mais na classificação?

motogpMas o interesse da corrida estava totalmente no que estava a acontecer na frente da prova.

Num circuito à “moda antiga”, e com os pilotos a ultrapassarem-se a um ritmo que se tornou quase impossível de acompanhar, a liderança apenas pareceu mais controlada no momento em que Bagnaia sobe a primeiro e leva atrás de si o seu amigo Marco Bezzecchi.

Os dois compatriotas e pilotos da Ducati (e da VR46 Academy) trabalharam em conjunto, com Bezzecchi a não atacar Bagnaia e, por outro lado, a transformar-se no seu melhor escudo protetor, impedindo Marc Márquez ou Alex Rins de atacarem aquele que, durante a corrida, se tornou no virtual líder da batalha pelo título.

motogpPorém, nem mesmo Bezzecchi conseguiu resistir a todos os ataques dos rivais. A três voltas do final Rins continuava endiabrado aos comandos da sua Suzuki, e subiu a segundo, com Márquez e a sua Honda a ascenderem à terceira posição relegando Bezzecchi para quarto. O “rookie” italiano viria então a atrasar-se ligeiramente nesta batalha sem tréguas, deixando Bagnaia, Rins e Márquez decidirem os três primeiros lugares.

A duas voltas do fim estava tudo para decidir. E ninguém, quer os fãs nas bancadas, quer aqueles que viram a corrida na transmissão de TV, conseguiam sentar-se ou tentar adivinhar o vencedor!

Tudo acabou por se decidir no início da última das 27 voltas do Grande Prémio da Austrália. Alex Rins, mais uma vez na primeira sequência de curvas, consegue preparar muito bem a ultrapassagem a Francesco Bagnaia, assume a liderança e tenta ganhar de imediato uma ligeira margem de segurança.

Para o espanhol da Suzuki era importante esse momento pois atrás de si um também endiabrado Marc Márquez, de regresso ao seu melhor nível, também tinha passado sem contemplações por Bagnaia e estava então em segundo e com a “mira” no primeiro lugar.

motogpPorém, Rins não cometeu qualquer erro até ao fim, defendeu na perfeição a liderança com trajetórias bem definidas, e garantiu uma incrível vitória naquela que foi, sem dúvida, a melhor corrida da temporada 2022 de MotoGP. Um resultado que poucos acreditavam que fosse possível, e que deixou os membros da equipa Suzuki Ecstar com as emoções à flor da pele, quando sabem que estão a poucas semanas de ficar sem emprego devido ao abandono da Suzuki no final da temporada.

Alex Rins tornou-se no sétimo vencedor diferente na atual temporada da categoria rainha.

Logo atrás ficou Marc Márquez que levou a melhor sobre Francesco Bagnaia. O oito vezes campeão do mundo sobe pela primeira vez ao pódio após o regresso depois de ser operado ao braço pela quarta vez, revelou estar de volta ao seu melhor nível, e este segundo lugar permitiu a Marc Márquez somar o seu centésimo pódio em MotoGP.

motogpFrancesco Bagnaia, apesar de certamente desejar a vitória, particularmente a partir do momento em que foi informado que Quartararo estava “KO” e a vitória permitiria capitalizar nos pontos somados em relação ao rival, recebeu a bandeira de xadrez no terceiro lugar, tendo com este resultado ascendido a primeiro na classificação quando faltam disputar apenas dois Grandes Prémios até final do ano.

Estão assim 50 pontos por disputar. E tudo está em aberto na corrida ao título!

Refira-se que para Fabio Quartararo, não estando capaz de levar a luta diretamente a Francesco Bagnaia, o facto de tanto Rins como Márquez terem conseguido suplantar o italiano da Ducati permitiu ao francês da Yamaha não perder tantos pontos e mantém vivas as esperanças na revalidação do título.

Mas a Yamaha M1 está em claras dificuldades neste final de temporada, e Fabio Quartararo já não está a conseguir fazer a diferença, pelo menos da mesma forma que fez na primeira metade do ano.

Quanto a Miguel Oliveira, e depois de todas as dificuldades que enfrentou neste Grande Prémio da Austrália, quer ao nível da afinação da moto, quer com a má qualificação a que se somaram as penalizações que o deixaram em último no início da corrida, conseguir chegar aos pontos é um feito assinalável.

O piloto português, depois de reentrar nas posições de pontos, como já referimos, continuou ao ataque, aproveitando ao máximo a resistência final dos seus pneus Michelin. Miguel Oliveira optou pela combinação de pneus de composto duro e médio na sua KTM RC16 de acordo com o comunicado divulgado após a corrida pelo gabinete de imprensa do piloto luso (inicialmente havia a informação de que seriam ambos de composto duro), uma escolha permitida pelo aumento da temperatura do asfalto de Phillip Island, e terá sido esse, em conjunto com o seu talento, um dos fatores que permitiu ao português cruzar a linha de meta com uma desvantagem de apenas 13 segundos para o vencedor.

Miguel Oliveira termina este GP da Austrália em 12º e somou mais alguns pontos para a classificação do mundial.

Este Grande Prémio da Austrália 2022 ficará na memória de todos aqueles que assistiram, quer sejam os 41 mil espectadores no circuito, quer sejam os milhões de fãs que viram a corrida pela TV, como um dos melhores. Certamente podemos considerar que foi o melhor da atual temporada. Pelo menos até agora. Veremos o que sucede na Malásia e depois na ronda final em Valência.

Refira-se ainda que com o quarto lugar, Marco Bezzecchi garantiu o título de “Rookie do Ano”.

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MotoGP – resultados do GP da Austrália

1 – Alex Rins (Suzuki Ecstar)

2 – Marc Márquez (Repsol Honda)

3 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)

4 – Marco Bezzecchi (Mooney VR46)

5 – Enea Bastianini (Gresini Racing)

6 – Luca Marini (Mooney VR46)

7 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)

8 – Johann Zarco (Prima Pramac Ducati)

9 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing)

10 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)

11 – Pol Espargaró (Repsol Honda)

12 – Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory)

MotoGP – classificação do campeonato

1 – Francesco Bagnaia – 233 pontos

2 – Fabio Quartararo – 219 pontos

3 – Aleix Espargaró – 206 pontos

4 – Enea Bastianini – 191 pontos

5 – Jack Miller – 179 pontos

6 – Brad Binder – 160 pontos

7 – Johann Zarco – 159 pontos

8 – Alex Rins – 137 pontos

9 – Jorge Martin – 136 pontos

10 – Miguel Oliveira – 135 pontos