Terminou o segundo e último dia de testes oficiais de MotoGP 2022 no circuito de Sepang. Depois de um primeiro dia de tempo seco, neste segundo dia o traçado malaio apresentou novas condições aos pilotos da categoria rainha devido à presença de chuva. Ainda assim, isso não impediu Enea Bastianini (Gresini Ducati) de se tornar no piloto de motos mais rápido de sempre em Sepang!
O jovem italiano que já deu muito boa conta de si em 2021 parece começar a temporada MotoGP 2022 da melhor forma. Bastianini, aos comandos de uma Desmosedici GP21, rodou em 1m58.131s, o que lhe permitiu subir para o topo da tabela de tempos destes testes oficiais em Sepang. Relembramos que o recorde absoluto estava na posse de Fabio Quartararo com 1m58.303s, desde 2019.
Atrás do italiano da Gresini terminou Aleix Espargaró (Aprilia Racing), que desta feita não repetiu o resultado do dia anterior, mas ainda assim ficou muito perto – apenas 0.026s – de Bastianini.
Como seria expectável, as Ducati aproveitaram para se mostrar neste último dia em Sepang. Para além de Bastianini, também Jorge Martin (Pramac Ducati) ficou no “top 3” dos mais rápidos.
Na realidade, a tabela de tempos combinados dos testes de Sepang revela que existe, pelo menos neste momento, um grande equilíbrio entre os pilotos de MotoGP 2022. É certo que os testes servem mais para testar componentes e não fazer voltas rápidas, mas, como vimos pela prestação de Enea Bastianini, os tempos por volta foram muito competitivos.
Quanto ao português Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory), a sua melhor volta foi em 1m58.701s, pouco mais de meio segundo de diferença para Bastianini. O piloto luso cotou-se como o melhor piloto KTM nestes testes oficiais de Sepang, e a diferença para os primeiros é relativamente curta, o que deixa boas indicações sobre o caminho que está a ser seguido pela equipa KTM.
Depois de dias intensos de trabalho na Malásia, Miguel Oliveira explica o que foi trabalhado na sua KTM RC16:
“Foram dois dias positivos em Sepang, onde tivemos algum tempo para nos adaptar-nos à nova moto de 2022. Temos bastantes diferenças a nível do software. É nesse ponto que nos tentamos focar mais. O objetivo é otimizar as condições de maior aderência na qualificação e também aumentar um pouco o nosso ritmo por volta ao longo das corridas. Trabalhámos também diversos aspetos aerodinâmicos, e acreditamos que isto abriu-nos alguma margem para explorar diferentes settings, e também a entrega de potência. Portanto, e apesar do resultado estar longe de onde eu posso estar, ainda assim, ficar a meio segundo e com margem para melhorar deixa-nos acreditar que temos uma boa moto para começarmos esta temporada. Agora o trabalho segue na Indonésia, onde vamos conhecer um circuito novo e teremos de continuar aí a desenvolver a moto e estar preparados para a primeira ronda no Qatar”.
Aprilia
No campo da casa de Noale, o trabalho continuou a vários níveis e a Aprilia RS-GP de 2022 parece ter “nascido” bem. Pelo menos tanto Aleix Espargaró como Maverick Viñales, 2º e 5º nos tempos, estão satisfeitos com o “feeling” da moto italiana que apresenta novidades não muito notórias em vários componentes, mas com Romano Albesiano, diretor técnico da Aprilia Racing, a confirmar que estão a testar vários componentes.
De facto, parece que Aleix Espargaró ficou encarregue de completar simulações de corrida. Albesiano confirma que as 12 voltas consecutivas realizadas pelo piloto espanhol permitem à Aprilia “Medir a temperatura de diversos componentes em funcionamento”. Provavelmente o motor V4 de Noale está a disponibilizar mais potência do que em anos anteriores, e com mais potência sobe a temperatura. E isso acaba por criar maior stress nos componentes mecânicos.
Os testes dentro de alguns dias em Mandalika, Indonésia, vão permitir perceber melhor em que estado de evolução a nova Aprilia RS-GP se encontra em comparação com as motos rivais. Mas os sinais, pelo menos a acreditar nestes testes de Sepang, são positivos.
Nas hostes de Borgo Panigale, e tal como se previa, o segundo dia de testes em Sepang já permitiu ver mais Desmosedici, quer seja a GP21 de Bastianini, ou as mais recentes GP22 dos pilotos da Pramac e Ducati Lenovo Team, em lugares de maior destaque na tabela de tempos.
Davide Tardozzi, diretor da equipa de fábrica da Ducati em MotoGP, confirma que o principal foco de atenção da marca italiana neste momento está na ligação do acelerador com o motor. O novo motor V4 da Desmosedici GP22 oferece mais potência, mas isso obriga a redefinir diversos parâmetros eletrónicos. O principal será suavizar a forma como o motor responde aos impulsos no acelerador, permitindo aos pilotos Ducati manter os seus estilos de pilotagem que tão bons resultados têm dado.
Do gigante japonês, o melhor piloto foi Marc Márquez. O oito vezes campeão do mundo não demorou muito tempo a escolher o chassis de 2022 em vez da anterior geração da RC213V. Numa moto que apresenta tantas diferenças em várias áreas, desde o quadro à aerodinâmica, mas também ao equilíbrio do conjunto, é importante que os pilotos Honda consigam rodar o máximo de voltas na moto para entender o que deve ser alterado.
Márquez tem sido o mais rápido, mas Pol Espargaró, Takaaki Nakagami e também Alex Márquez, estes últimos na equipa LCR Honda, têm também apresentado tempos por volta consistentes e relativamente rápidos.
Conforme referimos, no campo da KTM o melhor piloto acabou por ser Miguel Oliveira. O português e o companheiro de equipa Brad Binder têm pela frente bastante trabalho de desenvolvimento na RC16. Porém, parece que começam a temporada em melhor forma do que há um ano.
Francesco Guidotti, novo diretor da equipa Red Bull KTM Factory, mostra-se satisfeito com os resultados. E, tal como Miguel Oliveira afirmou no fim do teste oficial em Sepang, também Guidotti confirma que a KTM RC16 está a ser trabalhada principalmente ao nível da aerodinâmica. Desta forma, a marca austríaca está a conseguir “limar arestas” noutras áreas, como a forma como o motor V4 pode entregar a sua potência.
Com Alex Rins a ser consistentemente mais veloz do que Joan Mir, a Suzuki Ecstar parece pelo menos ter acertado em cheio no novo motor quatro em linha da GSX-RR. Tal como acontece na Yamaha, o motor japonês da casa de Hamamatsu tem de melhorar a sua potência para garantir que tem força para levar a moto e piloto para velocidades máximas mais elevadas. E isso, para já, parece estar a ser conseguido.
Porém, ao nível da aerodinâmica e do quadro, a situação não parece estar tão bem definida. Tanto Alex Rins como Joan Mir, mas também Sylvain Guintoli, piloto de testes, não parecem ter todos a mesma opinião em relação aos novos componentes que estão a ser testados. Os testes de Mandalika serão por isso vitais para garantir que a GSX-RR está pronta para o Grande Prémio do Qatar no início de março.
Em Iwata esperam que uma evolução em vez de revolução lhes permita reconquistar o título de MotoGP em 2022. De facto, a YZR-M1 continua à procura da melhor configuração de motor e aerodinâmica para aumentar a velocidade máxima. Porém, Massimo Meregalli, diretor da Monster Energy Yamaha, confirma que estão também a testar dois desenhos de quadro diferentes e que em Mandalika terão de validar qual o quadro que querem usar esta temporada.
O campeão Fabio Quartararo continua a ser o mais rápido dos pilotos Yamaha. 7º na tabela de tempos, mas a menos de duas décimas do tempo mais veloz nestes testes oficias de Sepang. Veremos na Indonésia se a Yamaha M1 tem o que é preciso para enfrentar as rivais.
Resultados dos dois dias de testes oficiais de MotoGP 2022 em Sepang
- Enea Bastianini (Gresini Racing Ducati) – 1m58.131s
- Aleix Espargaro (Aprilia Racing) + 0.026s
- Jorge Martin (Pramac Ducati) + 0.112s
- Alex Rins (Suzuki Ecstar) + 0.130s
- Maverick Viñales (Aprilia Racing) + 0.130s
- Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) + 0.134s
- Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) + 0.182s
- Marc Márquez (Repsol Honda) + 0.201s
- Johann Zarco (Pramac Ducati) + 0.282s
- Pol Espargaro (Repsol Honda) + 0.28915. Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) + 0.570s