MotoGP 2022: Ducati reage à polémica da pressão dos pneus

Gigi Dall’Igna garante que todos os construtores sabem que há pilotos a competir com pressão de pneus abaixo do limite regulamentar de MotoGP.

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A poucos dias do começo do Grande Prémio de França – veja aqui os horários completos para o próximo fim de semana em Le Mans –, o paddock do Mundial de Velocidade, e mais concretamente aqueles que competem na categoria MotoGP, volta a ser “abanado” por mais uma polémica. Desta feita o problema centra-se na pressão dos pneus Michelin.

De acordo com um documento técnico que foi entregue e depois divulgado pelo conceituado jornalista britânico Mat Oxley, após o Grande Prémio de Espanha, um conjunto de quatro pilotos da categoria rainha fizeram a corrida no circuito Jerez Ángel Nieto com os pneus Michelin montados nas suas motos abaixo da pressão mínima prevista pelos regulamentos técnicos.

O caso mais mediático será o de Francesco Bagnaia, o piloto da Ducati Lenovo Team que venceu o referido GP. Mas o italiano da equipa de fábrica não foi o único: Jorge Martin (Pramac Ducati), Andrea Dovizioso (WithU RNF Yamaha) e ainda Alex Rins (Suzuki Ecstar). Todos competiram com pressão abaixo do limite definido como mínimo.

MotoGPObviamente esta situação levantou uma enorme polémica, pois se alguém não cumpre com os regulamentos, deverá ser penalizado por isso. Por exemplo, Fabio Quartararo, enquanto competia em Moto2, viu uma vitória ser-lhe retirada e entregue, curiosamente, a Francesco Bagnaia, precisamente por se ter verificado que a sua moto tinha pneus abaixo da pressão mínima. A diferença nos pneus de Quartararo era reduzida, mas foi suficiente para ser penalizado.

Mas nenhum piloto foi penalizado por esta situação irregular. E, mais curioso ainda, sabemos agora que este não é um caso isolado e noutros Grandes Prémios houve mais pilotos a usar pressões não regulamentares nos pneus.

A explicação para a não penalização dos vários pilotos é simples e quem a confirma é Gigi Dall’Igna, diretor geral da Ducati Corse, que se viu obrigado a reagir oficialmente a toda esta polémica que visa principalmente o seu piloto Bagnaia.

MotoGPDall’Igna garante que existe um “acordo de cavalheiros” entre as equipas de MotoGP. Todos têm acesso aos dados das pressões dos pneus de todos os pilotos, e inclusivamente a Michelin também tem acesso a esta informação. Por isso todos sabem que em determinados GP alguns pilotos não cumprem com as regras. Mas o “acordo de cavalheiros” leva as equipas a não apresentarem queixa uns dos outros ou a não falarem no assunto… até agora!

Os regulamentos definem que a pressão mínima em corrida tem de ser de 1,9 bar para o pneu dianteiro, enquanto o traseiro pode ter uma pressão mínima de 1,7 bar. Os quatro pilotos referidos anteriormente não tinham os seus pneus dentro deste limite.

Gigi Dall’Igna afirma que “O regulamento prevê a pressão mínima, mas não viu a necessidade de pensar como ela é controlada. Porque neste momento os construtores utilizam sensores diferentes, o que significa que a precisão das medições não é a mesma. Não estamos a falar de enganar, mas do facto que o controlo da pressão dos pneus não é feito do mesmo modo para todos”, tentando justificar desta forma o porquê das pressões medidas não serem precisas.

O responsável da Ducati Corse vai mais longe e aponta um segundo problema relacionado com este tema. De acordo com Gigi Dall’Igna, mesmo que os sistemas de medição (sensores) fossem iguais para todos, isso não impediria alguém de fazer batota. Tudo porque é possível alterar os valores através do software, pois não é um “sistema fechado”.

E no futuro de MotoGP haverá forma de controlar e fazer cumprir este regulamento no que respeita às pressões dos pneus?

Gigi Dall’Igna aponta para que “O acordo entre os construtores é para a recolha dos dados para criar uma regra para 2023”, daí não compreender o porquê de duas pessoas ligadas a equipas terem levantado esta polémica agora, confirmando também que a intenção dos construtores é de trabalhar com a Dorna, FIM e Michelin para desenvolver um sistema de medição único para controlo da pressão dos pneus, e inclusive “fechar” o sistema de software de forma a que as equipas não possam alterar as medições conforme seja necessário, reforçando que “De momento estes valores não demonstram uma infração porque o modo de medição não é correto”.

Certamente que nos próximos dias e até no paddock do circuito de Le Mans, onde dentro de dias se disputará o Grande Prémio de França 2022, este tema da pressão dos pneus de MotoGP dará que falar.