A corrida de MotoGP a contar para o Grande Prémio de Itália provou ser uma corrida intensa e carregada de emoção. Muitos foram os destaques a ter em conta nesta que foi a oitava ronda da temporada 2022 do Mundial de Velocidade. E um dos destaques ficou mesmo para a história: 363,6 km/h! Esta foi a velocidade atingida por Jorge Martin (Prima Pramac Ducati) na corrida italiana. Um novo recorde absoluto de velocidade máxima!
Mais do que pensarmos até onde podem chegar os pilotos de MotoGP com os seus protótipos cada vez mais potentes e velozes, e à luz destas velocidades máximas que vimos em Mugello, convém termos em conta uma série de situações relacionadas com o aumento da velocidade.
A reta de 1,1 quilómetros de extensão de Mugello é das mais fantásticas de se fazer com o acelerador “a fundo”. Porém, a pequena “crista” no final da reta, precisamente antes da zona de travagem para a primeira curva do circuito, coloca aos pilotos de MotoGP e às suas motos dificuldades acrescidas.
Os componentes mais em foco são os travões. Os discos dianteiros de carbono fornecidos pela Brembo chegam a atingir os 770 graus Celsius. A distância de travagem é de 317 metros e o piloto aciona os travões dianteiros durante um período de 5,9 segundos.
Os 363,6 km/h atingidos por Jorge Martin durante a corrida no passado domingo em Mugello são a velocidade mais elevada alguma vez registada oficialmente numa corrida do Mundial de Velocidade e os seus 74 anos de história.
Para se ficar com uma melhor ideia do feito de Jorge Martin e da Ducati Desmosedici GP22, e de outros pilotos de MotoGP, claro, basta analisar os dados registados pelos F1 no GP da Toscânia em 2020. Lewis Hamilton e o seu Mercedes-AMG atingiram “apenas” os 322,2 km/h. Menos cerca 41 km/h do que o novo recorde oficial de MotoGP! E os F1 mais lentos atingiram velocidades de 60 km/h a menos do que uma MotoGP.
Porém, a volta mais rápida de um F1 em Mugello é cerca de 28 segundos mais rápido do que a volta que deu a “pole position” a Fabio di Giannantonio (Gresini Racing). Isto levaria a outras análises, como por exemplo a distância de travagem muito menor de um F1 e a velocidade de passagem em curva, mas só demonstra que nem sempre a velocidade máxima é o mais importante se queremos voltas rápidas.
A velocidade máxima de Jorge Martin registada em Mugello é também uns incríveis 41 km/h acima do então fantástico recorde obtido por Shinichi Itoh aos comandos da Honda NSR 500 com injeção, tal como a revista MotoJornal já aqui referiu nesta passagem pela história da icónica moto japonesa. Itoh foi o primeiro a passar a barreira dos 320 km/h ao atingir os 322 km/h na longa reta do circuito de Hockenheim em 1993.
Desde o recorde de Shinichi Itoh ao novo recorde absoluto de Jorge Martin passaram 29 anos. Não é fácil imaginarmos onde estaremos daqui a outros 29 anos… mas a evolução dos protótipos de MotoGP permite imaginar que os atuais 363,6 km/h serão completamente destruídos no futuro.
Regressando aos registos oficiais e ao “top 10” de velocidades máximas de MotoGP, verificamos que os dez melhores registos foram obtidos nos últimos dois anos. Uma situação interessante de analisar se tivermos em conta que a carga aerodinâmica gerada pelos pacotes aerodinâmicos instalados nas atuais MotoGP “cortam” o potencial dos protótipos atingirem mais velocidade.
Convém também referir que a velocidade máxima que conta para os registos de MotoGP é obtida através da medição num ponto específico (e fixo) de cada circuito. Por vezes os fãs verificam que a velocidade instantânea das motos pode ser superior em determinado momento – vimos na transmissão de TV o Miguel Oliveira chegar aos 367 km/h –, porém esse valor é indicado pela telemetria da moto e apresentado nos grafismos da transmissão, não sendo por isso possível usar esses valores como medição oficial.
E como está definida a lista de dez velocidades máximas mais elevadas em MotoGP? Em baixo encontra todos os que figuram e respetivas velocidades.
MotoGP – Recordes de velocidade máxima
1 – Jorge Martin – 363 km/h – atingidos na corrida do Grande Prémio de Itália em 2022
2 – Johann Zarco – 362,4 km/h – atingidos na TL4 do Grande Prémio do Qatar em 2021
3 – Brad Binder – 362,4 km/h – atingidos na TL3 do Grande Prémio de Itália em 2021
4 – Johann Zarco – 360 km/h – atingidos na Q2 do Grande Prémio Itália em 2021
5 – Enea Bastianini – 360 km/h – atingidos na Q2 do Grande Prémio de Itália em 2022
6 – Jorge Martin – 358,8 km/h – atingidos na Q1 do Grande Prémio do Qatar em 2021
7 – Enea Bastianini – 358,8 km/h – atingidos na Q1 do Grande Prémio de Itália em 2021
8 – Jack Miller – 358,8 km/h – atingidos na Q2 do Grande Prémio de Itália em 2021
9 – Darryn Binder – 358,8 km/h – atingidos na corrida do Grande Prémio de Itália em 2022
10 – Johann Zarco – 358,8 km/h – atingidos no Warm Up do Grande Prémio de Itália em 2021
