A segurança dos pilotos em pista continua a ser um dos temas mais fortes de MotoGP. Em todas as categorias do Mundial de Velocidade, mas principalmente na categoria rainha, o tema segurança é tratado com máxima prioridade pelos responsáveis do campeonato. Mas há sempre espaço para melhorar. Como por exemplo ao nível da bandeira vermelha que interrompe a corrida.
Vimos na corrida das Moto2 no Grande Prémio da Austrália, quando Jorge Navarro foi atropelado por Simone Corsi e ficou mais de duas voltas à beira da pista sem que fosse mostrada bandeira vermelha, que a Direção de Corrida nem sempre consegue receber as informações que lhe permitem decidir por mostrar bandeira vermelha interrompendo a corrida. Mais tarde soubemos que Navarro não podia sair do local facilmente devido a fratura da perna e outras lesões associadas.
Uma situação que deixou os fãs perplexos porque a corrida não foi interrompida e com os outros pilotos a passarem a poucos metros de Jorge Navarro, e de um solitário e corajoso comissário de pista, o que poderia ter causado uma situação ainda mais grave.
E foi precisamente em Phillip Island que decorreu mais uma reunião da Comissão de Segurança de MotoGP. Desta feita o tema central foi a possibilidade de os pilotos poderem comunicar com a Direção de Corrida por causa de bandeiras vermelhas. Mais propriamente, os pilotos desejam ter a possibilidade de pedir à Direção de Corrida que sejam mostradas bandeiras vermelhas em caso de perigo.
E como é que isso pode ser feito?
Se é verdade que já foram realizados testes com um sistema de intercomunicador entre Direção de Corrida e pilotos, em que através de mensagens de voz os pilotos eram avisados de perigos na pista ou outras informações relevantes para a sua segurança, tudo indica que aquilo que os pilotos desejam é a implementação de um botão nas suas motos, que, quando acionado, avisa a Direção de Corrida.
Não bastará que apenas um piloto acione o botão de bandeira vermelha para que a Direção de Corrida decida interromper a mesma. O conceito deste botão será o de permitir que os pilotos acionem o botão, e quando existir uma larga maioria de pilotos que o acionam, 80%, a Direção de Corrida poderá então decidir-se pela interrupção da prova.
Luca Marini (Mooney VR46) esclarece que “Temos sempre de esperar que exista um acidente para que saia a bandeira vermelha. É difícil tomar essa decisão. Penso que a IRTA, Dorna ou a Direção de Corrida, quando têm de tomar estas decisões isso não é fácil para eles, porque não estão na pista, estão dentro de um edifício no pit lane”.
O piloto italiano explica que mesmo que 80% dos pilotos acionem o botão, isso não significa que a Direção de Corrida tem de mostrar bandeira vermelha: “É apenas para lhes enviar a informação, porque se apenas vês a corrida pela televisão, então não estás a ver nada”.
Mas numa era de MotoGP onde os pilotos já têm um cockpit completamente recheado de comandos, sejam botões, manetes ou alavancas, adicionar um botão específico para pedir bandeira vermelha não será problemático?
De acordo com Luca Marini, esse botão adicional não será um problema. O piloto da Mooney VR46 acredita mesmo que o sistema atual, levantar a mão, é mais perigoso pois um piloto que levante a mão para tentar avisar de um perigo em pista pode facilmente ser “apanhado” por pilotos que passam por ele a alta velocidade, e que não pensam em abrandar para levantar a mão naquele momento porque não viram ou sentiram qualquer perigo.
Veremos o que resulta destas reuniões e propostas que foram apresentadas na Comissão de Segurança de MotoGP. Mas parece que o futuro da categoria rainha, e, supomos, que das categorias Moto2 e Moto3, dará aos pilotos uma nova forma de comunicar com a Direção de Corrida em prol da segurança em pista.