Foram 25 voltas de corrida ao mais alto nível, com muita intensidade, trocas de posição e drama à mistura. O campeão em título Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) venceu o Grande Prémio de Portugal e assume a liderança do campeonato, mas para as cores portuguesas, embora não tenha sido o resultado que se ambicionava, foi ainda assim um excelente resultado para Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) que cruzou a meta em 5º depois de arrancar de 11º para esta corrida de MotoGP.
Num momento de arranque em que é necessário garantir uma boa aceleração, Johann Zarco (Pramac Ducati) não aproveitou a sua “pole position” e deixou-se apanhar no meio da confusão inicial da curva 1. Quem não perdeu tempo e atacou forte foi Joan Mir (Suzuki Ecstar) que assumiu a liderança, enquanto Fabio Quartararo se desembaraçou dos rivais e partiu em busca de Mir.
Mais atrás a confusão com as trocas de posição iniciais era grande. E foi aí que Miguel Oliveira e a sua KTM RC16 iniciaram uma corrida excelente. O português partiu de 11º, e as perspetivas para esta corrida de MotoGP em piso seco não eram as melhores, até porque o Warm Up na manhã de domingo não foi particularmente positivo.
Mas mais um excelente arranque de Miguel deixou-o claramente na luta pelas melhores posições e bem dentro do “top 10”, então a lutar pela sexta posição com Alex Márquez (Castrol LCR Honda).
Lá na frente, e no início da quarta volta das 25 deste Grande Prémio de Portugal, Quartararo ataca a liderança de Mir, conseguindo bater o rival espanhol na travagem para a curva 1, e com isso assume a liderança da prova portuguesa. A partir daí, e com um ritmo impressionante sempre a rodar no segundo 39, o campeão da Yamaha foi abrindo uma clara vantagem para os demais, e cruzou mesmo a linha de meta com uma larga vantagem para o segundo classificado, fazendo até a gestão da diferença nas voltas finais.
Uma vitória dominadora por parte de Fabio Quartararo que assim assume a liderança da classificação, conforme pode verificar mais abaixo neste artigo.
Já as restantes posições do pódio foram mais renhidas em termos de se encontrar os pilotos que ocuparam a 2ª e 3ª posição.
Joan Mir parecia ter a situação controlada no primeiro terço de prova. Mas a Suzuki GSX-RR rapidamente começou a apresentar sinais de instabilidade, particularmente na travagem. Foi aí que Johann Zarco e a sua Ducati Desmosedici GP22 tentaram capitalizar, e Zarco conseguiu, à segunda tentativa a 10 voltas do fim, finalmente passar por Mir que ficou então à mercê da velocidade da Ducati de Jack Miller, que depois de uma primeira metade de corrida mais complicada estava em modo recuperação e tinha o terceiro lugar como objetivo.
Nesta batalha pelo terceiro lugar, nem Mir nem Miller saíram vencedores.
Na longa reta do Autódromo Internacional do Algarve a velocidade da Ducati de fábrica fez a diferença, Miller colocou-se ao lado de Joan Mir na travagem para a curva 1, e parecia ter conseguido mesmo concretizar essa ultrapassagem. Porém, o australiano levou um pouco longe demais o esforço, e o pneu dianteiro da sua moto não aguentou e perdeu a aderência. Miller sofreu um “lowside” e, pior que cair sozinho, levou consigo Joan Mir para a escapatória do AIA.
Os dois abandonaram a prova lusa demonstrando bom desportivismo, e deixaram Aleix Espargaró (Aprilia Racing) com o terceiro lugar nas mãos do vencedor do GP da Argentina. O espanhol de Granollers já se tinha desenvencilhado do grupo em que tinha batalhado com Alex Rins (Suzuki Ecstar), Miguel Oliveira e Alex Márquez.
Aleix via Zarco como um objetivo possível e o segundo lugar estava realmente à mão do piloto da Aprilia RS-GP. Mas exigiu demais do seu pneu traseiro, e nas últimas duas voltas, apesar de se aproximar de Zarco, ficou sem aderência na roda traseira e não teve argumentos para destronar Johann Zarco do segundo lugar.
O francês da Pramac Ducati foi então o segundo classificado, com Aleix Espargaró a somar mais um ponto de concessão para a Aprilia com este terceiro lugar, aproximando-se assim o fim dos benefícios associados às Concessões que ainda são “dadas” à marca de Noale. Mais um terceiro lugar para Aleix Espargaró ou para Maverick Viñales e a Aprilia deixa de ter concessões em 2023.
Um pouco mais atrás destes dois, Alex Rins, que, recordamos, tinha partido de 23º, também conseguiu solidificar o seu quarto lugar defendendo-se dos ataques de Miguel Oliveira. Para Rins essa posição era o máximo que podia ambicionar pois estava longe demais do pódio, enquanto Miguel Oliveira rodava relativamente tranquilo na quinta posição depois de estar envolvido numa série de trocas de posição num grupo de vários pilotos.
Para as cores portuguesas esta é uma excelente corrida tendo em conta aquilo que se perspetivava depois da qualificação. Miguel Oliveira revelou um ritmo sólido e que, se não fossem as batalhas numa fase intermédia do Grande Prémio de Portugal, provavelmente poderia ter sido um resultado ainda melhor.
Mas este não deixa de ser um excelente resultado para o piloto português. Aliás, Pit Beirer, diretor desportivo da KTM Factory Racing, assume claramente a culpa por parte da equipa técnica na preparação da corrida, nomeadamente ao nível da qualificação, com dificuldades técnicas e também na compreensão da utilização do pneu slick durante a Qualificação 2.
Um conjunto de falhas por parte da equipa que impediram Miguel Oliveira de qualificar melhor e deixaram o português com uma missão muito complicada pela frente, mas a qual foi cumprida com excelência e um 5º lugar que foi amplamente aplaudido pelos fãs portugueses que fizeram questão de marcar presença nas bancadas do traçado algarvio para mostrar o seu apoio a Miguel Oliveira.
Fabio Quartararo é agora o novo líder do campeonato e o primeiro piloto a ter duas vitórias no Autódromo Internacional do Algarve em MotoGP, enquanto Miguel Oliveira soma bastantes pontos para a sua conta pessoal e sobe à 8ª posição.
Após este Grande Prémio de Portugal os pilotos e equipas de MotoGP não vão ter muito tempo de descanso. De facto, será já na próxima semana que se realizará a sexta ronda do calendário, o Grande Prémio de Espanha no circuito de Jerez de La Frontera.
MotoGP – Resultados do GP de Portugal
1 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
2 – Johann Zarco (Pramac Ducati) +5.409s
3 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing) +6.068s
4 – Alex Rins (Suzuki Ecstar) +9.633s
5 – Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) +13.573s
6 – Marc Márquez (Repsol Honda) +16.163s
7 – Alex Márquez (Castrol LCR Honda) +16.183s
8 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) +16.511s
9 – Pol Espargaró (Repsol Honda) +16.769s
10 – Maverick Viñales (Aprilia Racing) +18.063s
MotoGP – classificação após GP de Portugal
1 – Fabio Quartararo – 69 pontos
2 – Alex Rins – 69 pontos
3 – Aleix Espargaró – 66 pontos
4 – Enea Bastianini – 61 pontos
5 – Johann Zarco – 51 pontos
6 – Joan Mir – 46 pontos
7 – Brad Binder – 42 pontos
8 – Miguel Oliveira – 39 pontos
9 – Jack Miller – 31 pontos
10 – Francesco Bagnaia – 31 pontos