Depois de 22 longas voltas ao circuito com mais de cinco mil metros de extensão, está terminada a primeira corrida de MotoGP 2022. O circuito de Losail foi o cenário para uma fantástica corrida de abertura da temporada. Uma corrida que terminou em glória absoluta para Enea Bastianini (Gresini Racing) que se estreou nas vitórias na categoria rainha.
A corrida de MotoGP a contar para o Grande Prémio do Qatar começou como se esperava. Muitas trocas de posição nas primeiras voltas fruto da enorme competitividade entre o plantel da categoria rainha. Para as cores lusas, esta corrida não foi a melhor.
Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) teve uma qualificação difícil – foi apenas 14º na qualificação – e tinha pela frente mais uma daquelas corridas em que teria de fazer um excelente arranque. Os semáforos apagaram e a situação melhorou com Miguel Oliveira a recuperar algumas posições na primeira volta, posições essas que voltou a perder pouco depois.
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Mas o português apostava no seu ritmo de corrida e um ataque final. Pneus Michelin de composto médio foram os escolhidos para equipar a sua KTM RC16 #88, na esperança de tirar dividendos dessa opção mais para o final da corrida do Grande Prémio do Qatar.
Porém, o circuito de Losail tem alguns pontos de travagem difíceis, conforme a Brembo destacou numa antevisão que a MotoJornal aqui publicou. Um desses pontos revelou-se problemático para Miguel Oliveira, que quando tinha a 10ª posição de Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) na mira, acabou por deitar tudo a perder ao sofrer uma queda na curva 1.
Desta forma o primeiro GP do ano salda-se por zero pontos na conta pessoal de Miguel Oliveira fruto deste abandono. Veremos na segunda corrida em Mandalika se o piloto de fábrica da KTM consegue recuperar deste desaire.
Em sentido contrário, o Grande Prémio do Qatar terminou em glória e muita emoção para o italiano Enea Bastianini (Gresini Racing). Depois de uma boa qualificação, e aos comandos de uma Ducati Desmosedici GP21, o piloto que foi campeão de Moto2 em 2020 e vindo da VR46 Academy, estreou-se a vencer de forma espetacular.
Bastianini demorou o seu tempo até alcançar a liderança. Tudo porque Pol Espargaró (Repsol Honda) arrancou de forma perfeita e assumiu a primeira posição levando consigo o seu companheiro de equipa Marc Márquez. Mais atrás apareciam diversos pilotos que formaram um grupo interessante em que as trocas de posição foram constantes.
Neste grupo estavam Brad Binder (Red Bull KTM Factory), Jorge Martin (Pramac Ducati), Joan Mir (Suzuki Ecstar) ou ainda Aleix Espargaró (Aprilia Racing).
Com Binder a capitalizar um erro de Márquez e assim a subir a segundo, Bastianini encontrou forma de passar o piloto espanhol 8 vezes campeão mundial, partindo então no na perseguição de Binder que estava de olho no primeiro lugar de Pol Espargaró.
Enea Bastianini pressionou Binder com a velocidade máxima da sua Ducati. Algumas vezes mostrou a roda ao sul-africano que foi sempre defendendo o segundo lugar com travagens no limite. Porém, a seis voltas do fim, Bastianini finalmente aproveita a longa reta da meta de Losail para passar a segundo deixando Binder para trás. O sul-africano não tinha grandes problemas em conter Marc Márquez, que mostrava estar em dificuldades e agora sob ataque de Aleix Espargaró muito consistente aos comandos da nova Aprilia RS-GP.
Regressando ao topo da corrida, Pol Espargaró, com o esforço inicial, acabou por desgastar o pneu traseiro macio da sua Honda RC213V. Por sua vez, Enea Bastinini conseguiu guardar uma reserva de borracha para o ataque final, e a quatro voltas do fim assume a liderança do GP do Qatar ao passar na reta da meta por Pol Espargaró e a partir daí fugiu para a vitória.
Uma vitória surpreendente e emotiva. Esta vitória foi celebrada efusivamente pela equipa Gresini Racing que, há um ano, perdeu o seu fundador Fausto Gresini devido a complicações de saúde após contrair Covid-19. Com as emoções à flor da pele e a viúva de Fausto em lágrimas, Enea Bastinini estreou-se assim a vencer na categoria rainha do motociclismo de velocidade.
Os restantes lugares do pódio ficaram para Brad Binder que também conseguiu passar Pol Espargaró, e assim oferece à KTM um resultado muito bom, o melhor de sempre da marca austríaca neste circuito. Já Pol Espargaró mostra que tem este ano uma Honda que pode explorar de forma mais confortável, e fez uma corrida bem conseguida e que apenas ficou “estragada” pelo desgaste do pneu traseiro que provocou reações estranhas na moto, conforme o piloto espanhol admitiu no final da prova.
Neste Grande Prémio do Qatar temos de destacar ainda pela positiva a prestação de Aleix Espargaró. O espanhol terminou no quarto lugar e, mais do que isso, a RS-GP de Espargaró cruzou a linha de meta a pouco mais de 2,2 segundos de diferença para o vencedor. A menor diferença em corrida entre a melhor Aprilia e o vencedor na era MotoGP!
Pela negativa há vários pilotos que se destacaram. Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) levou longe demais o seu esforço num fim de semana em que muito se falou da opção da equipa pelo motor do ano passado ligeiramente evoluído. O vice-campeão de MotoGP tentou passar Jorge Martin, mas perdeu a frente da sua moto. Os dois pilotos Ducati acabaram na gravilha para enorme desilusão dos Ducatistas.
De facto, e pese embora a vitória de Enea Bastinini, este foi um domingo para esquecer para a Ducati. Para além de Bagnaia e Martin, Jack Miller abandonou devido a problema técnico. E outra moto de Borgo Panigale, a de Marco Bezzecchi (Mooney VR46), também acabou destruída na gravilha de Losail.
Também o campeão Fabio Quartararo não se mostrou tão forte como há um ano, quando ganhou. A Yamaha M1 continua a sofrer muito com a velocidade máxima. E nem mesmo o talento do francês consegue fazer a diferença. O 9º lugar neste GP do Qatar é um sinal das dificuldades que a marca japonesa está a sentir.
A segunda ronda de MotoGP será dentro de duas semanas com o Grande Prémio da Indonésia, no novo circuito de Mandalika. Fique atento a www.motojornal.pt para saber tudo sobre o MotoGP 2022!
Resultados do Grande Prémio do Qatar – MotoGP
1 – Enea Bastianini – Gresini Racing
2 – Brad Binder – Red Bull KTM Factory
3 – Pol Espargaró – Repsol Honda
4 – Aleix Espargaró – Aprilia Racing
5 – Marc Márquez – Repsol Honda
6 – Joan Mir – Suzuki Ecstar
7 – Alex Rins – Suzuki Ecstar
8 – Johann Zarco – Pramac Ducati
9 – Fabio Quartararo – Monster Energy Yamaha
10 – Takaaki Nakagami – Idemitsu LCR Honda
Classificação de MotoGP após Grande Prémio do Qatar
1 – Enea Bastianini – Gresini Racing – 25 pontos
2 – Brad Binder – Red Bull KTM Factory – 20 pontos
3 – Pol Espargaró – Repsol Honda – 16 pontos
4 – Aleix Espargaró – Aprilia Racing – 13 pontos
5 – Marc Márquez – Repsol Honda – 11 pontos
6 – Joan Mir – Suzuki Ecstar – 10 pontos
7 – Alex Rins – Suzuki Ecstar – 9 pontos
8 – Johann Zarco – Pramac Ducati – 8 pontos
9 – Fabio Quartararo – Monster Energy Yamaha – 7 pontos
10 – Takaaki Nakagami – Idemitsu LCR Honda – 6 pontos
