Terminada a temporada de MotoGP, estamos no momento em que podemos fazer os mais diversos tipos de análises às performances dos pilotos e equipas. Aqui na Revista MotoJornal já iniciámos uma análise à temporada de Miguel Oliveira na categoria rainha, e prometemos que em breve vamos adicionar a essa análise mais um conjunto de dados que permitem entender melhor o que foi o ano de 2022 do piloto português.
Mas, desta feita, temos a análise a uma estatística onde nenhum piloto gosta de estar: quedas!
Numa corrida de motos, e em particular quando o nível de competição está mais renhido do que nunca, é quase impossível que um ou outro piloto não sofra uma queda. Afinal, três dias por fim de semana de Grande Prémio a pilotar no limite motos de mais de 250 cv de potência, significa que existe uma enorme probabilidade de se verificarem estragos nos protótipos.
A temporada que agora terminou teve um total de 302 quedas registas apenas na categoria MotoGP. Uma contabilidade que não tem em linha de conta as quedas sofridas em sessões de testes, mesmos as oficiais.
Por outro lado, e falando em termos absolutos, o piloto que lidera o ranking que quedas em 2022 foi Darryn Binder (WithU RNF Yamaha). O “rookie” sul-africano, que se tornou no segundo piloto a saltar diretamente da categoria Moto3 para MotoGP, é o líder destacado das quedas com um total de 27 ao longo de vinte Grandes Prémios disputados.
O segundo lugar fica para o também estreante Marco Bezzecchi (Mooney VR46) com 23 quedas, enquanto Pol Espargaró (Repsol Honda) fecha este pódio com 21 quedas, sendo de destacar que o espanhol que em 2023 se muda para a nova GasGas Tech3 Factory Team realizou apenas 19 Grandes Prémios.
Porém, é o oito vezes campeão do mundo, Marc Márquez (Repsol Honda), que merece uma nota particular de destaque nesta contabilidade indesejada.
O piloto de Cervera falhou esta temporada um total de seis Grandes Prémios completos, sendo que a somar a isso temos ainda a não participação completa no Grande Prémio da Indonésia em Mandalika, depois do espetacular “highside”, e a ausência na Argentina. Assim, apenas completou 12 Grandes Prémios de início ao fim. E nesses GP somou 18 quedas, a última das quais no derradeiro GP de Valência dando por terminada a sua temporada assistindo à conquista de Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) a partir da box da Repsol Honda.
Marc Márquez é, de forma destacada, o piloto da categoria rainha com a maior média de quedas por GP completo em que participa: 1,5 quedas. Darryn Binder com 1,35 quedas de média é o segundo, enquanto Marco Bezzecchi com 1,15 quedas por fim de semana de competição também terá de melhorar neste aspeto. Pol Espargaró e Alex Márquez são os restantes pilotos que também sofrem em média pelo menos uma queda por Grande Prémio.
E o Miguel Oliveira cai muitas vezes ou poucas?
Neste aspeto o piloto português volta a mostrar que é dos melhores em MotoGP. Miguel Oliveira tem apenas uma média de 0,45 quedas por Grande Prémio, totalizando em vinte eventos completos apenas 9 quedas.
Isto revela que o português é um dos pilotos mais regulares em pista, e já o é assim há muito tempo, pelo que, com uma Aprilia RS-GP a seu gosto, como parece ser o caso se olharmos para os resultados e opiniões após o teste em Valência, a temporada 2023 tem tudo para ser uma excelente temporada para Miguel Oliveira.
E quem é o piloto com menos quedas registadas durante toda a temporada de 2022? O melhor é mesmo Maveric Viñales. O piloto espanhol da Aprilia Racing apenas registou a primeira das duas quedas este ano à ronda 15 do calendário, durante o Grande Prémio de Aragão. É, de longe, o piloto que menos quedas sofreu.
Lista de quedas de MotoGP em 2022 por piloto
1 – Darryn Binder – 27 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 1,35 quedas por GP
2 – Marco Bezzecchi – 23 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 1,15 quedas por GP
3 – Pol Espargaró – 21 quedas em 19 Grandes Prémios – Média de 1,11 quedas por GP
4 – Alex Márquez – 21 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 1,05 quedas por GP
5 – Enea Bastianini – 18 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,9 quedas por GP
6 – Marc Márquez – 18 quedas em 12 Grandes Prémios – Média de 1,5 quedas por GP
7 – Johann Zarco – 18 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,9 quedas por GP
8 – Jorge Martin – 15 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,75 quedas por GP
9 – Francesco Bagnaia – 14 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,7 quedas por GP
10 – Aleix Espargaró – 14 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,7 quedas por GP
11 – Remy Gardner – 14 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,7 quedas por GP
12 – Jack Miller – 14 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,7 quedas por GP
13 – Fabio di Giannantonio – 12 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,6 quedas por GP
14 – Takaaki Nakagami – 12 quedas em 17 Grandes Prémios – Média de 0,71 quedas por GP
15 – Joan Mir – 11 quedas em 16 Grandes Prémios – Média de 0,69 quedas por GP
16 – Franco Morbidelli – 10 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,5 quedas por GP
17 – Brad Binder – 9 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,45 quedas por GP
18 – Raul Fernandez – 9 quedas em 18 Grandes Prémios – Média de 0,5 quedas por GP
19 – Miguel Oliveira – 9 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,45 quedas por GP
20 – Luca Marini – 7 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,35 quedas por GP
21 – Fabio Quartararo – 7 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,35 quedas por GP
22 – Alex Rins – 7 quedas em 19 Grandes Prémios – Média de 0,37 quedas por GP
23 – Maverick Viñales – 2 quedas em 20 Grandes Prémios – Média de 0,1 quedas por GP
Quanto à categoria intermédia Moto2, o piloto que mais quedas sofreu foi Keminth Kubo com 25 quedas, sendo que nas Moto3 o “campeão das quedas” foi Elia Bartolini, que, recordamos, fez este ano a sua estreia no mundial.
Agora que já sabemos quais são os pilotos que obrigam as suas equipas a gastar a maior parte do seu orçamento em reparações e novos componentes, temos também de referir quais os circuitos que levam os pilotos a ultrapassar os limites da aderência. E neste particular, Portugal liderada de forma destacada!
De facto, o Grande Prémio de Portugal, muito devido às condições climatéricas inconstantes, apresenta um total de 105 quedas. Em apenas três dias de GP, os comissários do Autódromo Internacional do Algarve tiveram bastante trabalho. Nota para que este total de quedas soma as quedas sofridas por todos os pilotos das categorias MotoGP, Moto2 e Moto3.
No pódio dos circuitos mais complicados para os pilotos encontramos Le Mans, palco do Grande Prémio de França, com 87 quedas, enquanto o circuito Misano World Circuit Marco Simoncelli (GP de São Marino) apresenta um total de 71 quedas. No polo oposto está o Grande Prémio da Argentina com apenas 34 quedas em três dias, mas também com menos sessões em pista devido aos problemas de logística.
Por último, resta-nos referir que somando as quedas registadas em todas as categorias e de todos os Grandes Prémios, temos um total de 1106 quedas durante a temporada 2022 do Mundial de Velocidade.