Se há algo que a Dorna, a Federação Internacional de Motociclismo e todos os restantes envolvidos no Mundial de Velocidade tentam maximizar, é o nível de segurança dos pilotos que competem nas principais categorias MotoGP, Moto2 e também Moto3. Um circuito que foi agora alvo de modificações em nome da segurança foi o Red Bull Ring.
Os circuitos, por exemplo, recebem vistorias regulares para garantirem que continuam a ter a homologação especial que lhes permite receber corridas destes protótipos. Mas nem sempre a conceção de um circuito consegue prever todas as situações e acidentes que acontecem numa corrida de motos.
E isso ficou bem patente no acidente que envolveu Johann Zarco e Franco Morbidelli em 2020, no Grande Prémio da Áustria.
As motos dos dois pilotos saíram disparadas pela escapatória do lado interior da curva 2 do Red Bull Ring numa queda conjunta a quase 300 km/h! Por milagre ou sorte, as motos falharam, por milímetros, Maverick Viñales e Valentino Rossi, que estavam já a meio da curva.
Este acidente levou a uma reação rápida por parte de todos os envolvidos no campeonato, com a introdução de uma barreira adicional no interior da curva 2. Mas esta modificação foi apenas um remendo para reduzir um pouco o risco. Fico claro desde início que seria necessário trabalhar noutra solução mais definitiva.
Desde então que Hermann Tilke, conhecido designer de circuitos, tem vindo a trabalhar numa solução mais definitiva para o problema da segurança neste setor do traçado austríaco. Foram ouvidos os pilotos e foi estudada toda a dinâmica das MotoGP, principalmente estas motos pois são as mais potentes e velozes. Verificou-se que as motos chegam ao ponto de travagem em inclinação – a reta que une as curvas 1 e 2 do Red Bull Ring é na realidade uma sequência de duas curvas largas de alta velocidade – a cerca de 320 km/h!
Tilke e a sua equipa redesenharam aquele primeiro setor do circuito de 15 formas diferentes, tendo sido depois anunciada a escolha: uma chicane entre as curvas 1 e 2 do Red Bull Ring, utilizando uma sequência “direita / esquerda”, criada para reduzir drasticamente a velocidade das MotoGP naquela zona do circuito.
A chicane foi então adicionada à reta e será usada especificamente pelas motos, neste caso do Mundial de Velocidade. No caso da Fórmula 1 foi decidido que os carros vão continuar a utilizar o “layout” antigo e não têm de fazer a chicane.
Hermann Tilke refere que “Era preciso reduzir a velocidade das MotoGP neste setor da pista. Isto foi conseguido através de uma combinação de curvas direita e esquerda, o que não tem impacto no restante da pista. O planeamento foi um autêntico desafio devido à topografia do terreno. O Red Bull Ring é um circuito magnífico com um cenário Alpino de cortar a respiração. A pista é adorada por espectadores e pelos pilotos”.
As obras iniciaram-se em novembro do ano passado e parecem estar agora terminadas, com as primeiras imagens a serem partilhadas publicamente.
Com a introdução de duas curvas de 90 graus no “layout” original do Red Bull Ring, e no caso das motos apenas, a antiga curva 2 passa agora a curva 3, sendo a chicane a nova curva 2. Para além da redução drástica da velocidade neste primeiro setor do traçado austríaco, o ponto de travagem para a nova chicane será bastante forte e certamente será um ponto perfeito para os pilotos de MotoGP, Moto2 e Moto3 conseguirem ultrapassar os rivais na procura por melhores posições em pista.
O Grande Prémio da Áustria e a estreia deste novo desenho do circuito Red Bull Ring será de 19 a 21 de agosto.