Se é verdade que a ação em pista já terminou por este ano, com os protótipos de MotoGP a ficarem agora guardados depois de realizarem o teste de Valência até à pré-temporada de 2024 começar nos primeiros meses de ano, também não deixa de ser verdade que fora da pista muita coisa está a acontecer com a CryptoData e promete aquecer os dias frios de inverno.
Tudo porque Ovidiu Toma, CEO e fundador da CryptoData, empresa romena que esta temporada patrocinou a equipa RNF e da qual já era proprietário em 60% (os outros 40% pertencem a Razlan Razali), terá anunciado em comunicado que vai levar a Dorna para uma luta em tribunal!
A decisão do líder da CryptoData surge na sequência da decisão tomada pelo Comité de Seleção de MotoGP, em que foi decidido impedir a equipa CryptoData RNF Aprilia de competir na categoria rainha na próxima temporada.
O comité revelou terem existido “Infrações repetidas e quebras do Acordo de Participação que afetam a imagem pública do MotoGP e que levaram a esta decisão”.
Com o campeonato terminado e um dia de teste em Valência realizado, em que as boxes da CryptoData RNF Aprilia se mantiveram fechadas e com Raul Fernandez a ter de ser integrado à última hora na Aprilia Racing para poder testar, Ovidiu Toma aparentemente passou ao contra-ataque.
O responsável romeno decide dar a sua versão dos factos através de um comunicado que, apesar de estar a ser amplamente divulgado por diversos meios de comunicação dedicados ao MotoGP, principalmente em Itália e Alemanha, mas também noutros países, não se encontra visível nas páginas oficiais da CryptoData RNF ou da CryptoData, pelo que a sua veracidade não está totalmente comprovada, mas que publicamos de seguida na íntegra:
“Caros parceiros, fãs do desporto motorizado e representantes da imprensa,
A nossa equipa, CryptoData RNF, está a lidar com uma situação paradoxal, que parece saída de um filme de comédia, mas com efeitos colaterais muito mais graves. A Dorna, organização que governa o MotoGP, abordou-nos com uma espécie de proposta digna dos guiões de Hollywood: vender a nossa equipa a preço de pechincha. Pensámos em pedir-lhes também um autógrafo, para nos lembrarmos de uma oferta tão “generosa”.
A história começa em 2023, quando a Dorna prometeu a uma equipa americana uma vaga no campeonato, possivelmente a 12ª, que, surpresa, estava vaga! Já podemos imaginar as discussões nos escritórios da Dorna: “Vamos dar aos americanos o 12º ou a CryptoData. O que poderá dar errado?” Bem, muito.
Depois de recusar a KTM alegando que o 12º lugar estava “reservado para uma fábrica”, eles perceberam que não poderiam oferecer o nosso lugar sem o nosso consentimento. Então fizeram uma oferta de compra tão baixa que pensei que fosse uma piada. Recusei educadamente, mas a pressão não parou.
Agora, parece que a Dorna nos quer eliminar do campeonato em 2024, citando motivos tão criativos que lhe permitiria escrever um romance. Apesar de um contrato válido até 2026, parece que o slogan deles é “O meu campeonato, as minhas regras não escritas… as que estão escritas nos contratos não importam”.
Nós não estamos apenas desapontados, estamos prontos para contra-atacar. Após um mês de intensa documentação e preparação para tal situação, iremos a tribunal com um pedido de indemnização substancial por danos ao nosso negócio e reputação, e pela limitação de participação no campeonato.
Encerramos este comunicado com uma mensagem para a Dorna: mesmo no desporto motorizado, onde a velocidade é essencial, a ética e a legalidade não devem ser ignoradas. Esperamos com entusiasmo para nos vermos nos tribunais com a mesma paixão com que nos encontrámos em pista.
Aliás, fiquem atentos, em breve tornaremos público a “orquestração picante” por trás do programa que os fãs assistem na TV.
Respeitosamente
Aquele romeno que derrubará a carruagem deles
Ovidiu Toma”
Com tudo isto a acontecer na Europa, do outro lado do Atlântico, nomeadamente nos Estados Unidos da América, parece já haver quem esteja a preparar-se para integrar o Mundial de Velocidade tornando-se na nova equipa satélite da Aprilia.
Os rumores sobre a entrada de um novo proprietário americano para a equipa satélite RNF foram ganhando força nos dias anteriores ao último Grande Prémio da temporada. Jorge Viegas, o português que é presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), antecipou essa situação referindo um novo patrocinador e proprietário para a equipa de Miguel Oliveira.
Porém, toda a situação que envolve a CryptoData RNF acabou por alterar os planos, e para já apenas são rumores que apontam para que a nova equipa seja a Trackhouse Racing.
Esta equipa tem como líderes Justin Marks e Armando Christian Perez, mais conhecido mundialmente como o cantor Pitbull. A Trackhouse Racing estreou-se em 2021 na Nascar Cup Series na famosa corrida Daytona 500, e agora procura dar o salto para fora das fronteiras americanas.
A globalização do projeto da Trackhouse Racing através da participação em MotoGP parece ser do agrado de todos, inclusivamente da Dorna que assim ganha maior notoriedade no gigantesco mercado americano, e, se acreditarmos nos rumores, também a Aprilia parece estar satisfeita com esta hipótese até porque a marca italiana tem no mercado americano uma enorme fonte de rendimentos com muitas motos de Noale a serem vendidas anualmente nos EUA.
Tal como o Comité de Seleção de MotoGP anunciou, o processo para aceitação de uma nova equipa, que competirá com motos da Aprilia, isso é certo, e vai integrar os pilotos Miguel Oliveira e Raul Fernandez, está a decorrer. A Trackhouse Racing irá agora, caso tudo isto se confirme, submeter-se ao processo oficial para integrar o MotoGP, e assim ocupar o lugar da CryptoData RNF.
Pelo menos para já estes são os planos. Mas com a CryptoData RNF a prometer levar esta situação para uma batalha em tribunal, nunca se sabe ao certo o que vai acontecer no futuro.
Fique atento a www.motojornal.pt para estar sempre a par de todas as novidades de MotoGP. A não perder!
