A Honda RC213V é, sem grandes dúvidas, o protótipo de MotoGP que mais tem de evoluir tendo em conta os resultados e performances que vimos na temporada passada. A temporada 2023 será um ano de regresso da Honda ao mais alto nível, e para isso a marca japonesa tem investido fortemente no reforço da sua estrutura, principalmente com a chegada de Ken Kawauchi, que vindo da Suzuki assume agora o papel de diretor técnico do HRC.
É neste contexto que a equipa Honda esteve presente nos dois dias de testes que o Mundial Superbike organizou no circuito andaluz de Jerez, onde o turco Toprak Razgatlioglu (Pata Yamaha with Brixx) foi o mais veloz em pista.
E velocidade foi tudo aquilo que a Honda RC213V não conseguiu demonstrar nestes dois dias de testes em Espanha. Pelo menos foi isso mesmo que Stefan Bradl, piloto alemão que é responsável pelo desenvolvimento da moto japonesa, confirmou em conversa com o portal alemão SpeedWeek.
Se é verdade que nesta fase da temporada podemos esperar andamentos muitos diferentes entre os pilotos de equipas que competem no mesmo campeonato, mais ainda se olharmos para pilotos que competem em campeonatos diferentes, como são MotoGP e Mundial Superbike, também não deixa de ser verdade que nestes primeiros quilómetros em pista na temporada 2023 deveríamos estar a ver alguma evolução, positiva, principalmente para a equipa Honda de MotoGP.
Porém, e apesar de não termos acesso aos tempos por volta obtidos pelo piloto alemão aos comandos da nova Honda RC213V, Bradl confirmou que nunca foi realmente rápido em pista nos dois dias.
E qual foi a razão para isso ter acontecido? Os pneus usados pela Honda nestes testes privados.
De acordo com Stefan Bradl, “Completámos 100 voltas, mas não foi muito relevante porque os pneus não funcionaram bem nestas condições (temperaturas demasiado baixas). Tivemos mais frio aqui do que em Phillip Island em outubro, e aí tivemos pneus específicos para a Austrália, enquanto aqui tivemos os pneus usados no GP de Espanha, mas claro, aqui, em maio, tens temperaturas de 30 graus, por isso este teste foi muito no limite por causa das condições climatéricas”.
Stefan Bradl sofreu com a Honda RC213V para conseguir colocar os pneus Michelin de MotoGP a uma temperatura que pudesse permitir rodar rápido em Jerez, uma situação habitual noutros anos, e que esta semana voltou a ser confirmada.
Infelizmente, tratando-se de um teste privado da Honda, Stefan Bradl não deixou escapar grandes informações sobre a nova moto de 2023 que será pilotada por Marc Márquez e Joan Mir, os dois pilotos da Repsol Honda, mas também por Alex Rins e Takaaki Nakagami, os pilotos da equipa LCR.
Uma moto que apresenta uma aerodinâmica ainda mais afilada, com asas e arestas mais vincadas, um novo sistema de escape da Akrapovic em vez do anterior sistema da SC Project, carenagens laterais que tentarão criar o denominado “efeito solo” em curva, sendo que a maioria das novidades não estarão tão visíveis ao olhar indiscreto dos fotógrafos e fãs de MotoGP.
Na verdade, Bradl afirma que “É impossível alterar por completo uma moto em tão pouco tempo. Temos de ser realistas e assegurar-nos que não nos vamos perder mais”, uma clara referência às muitas modificações que foram sendo feitas na RC213V e que deixaram a Honda completamente “perdida” no que respeita à performance em pista.
A equipa de testes do HRC, para além de reforçada com a entrada de Ken Kawauchi vindo da Suzuki, sofre também uma grande alteração do ponto de vista da sua estrutura de técnicos e engenheiros. Ramón Aurín, que foi chefe de mecânicos de pilotos como Dani Pedrosa, Jorge Lorenzo, Alex Márquez ou Pol Espargaró, integra agora exclusivamente a equipa de testes da Honda em MotoGP.
Será Aurín que juntamente com Stefan Bradl se vão focar no desenvolvimento de novos componentes para a moto japonesa, sendo certo que a equipa já identificou algumas peças novas que estarão à disposição de Marc Márquez e Joan Mir durante os dias de testes oficiais em Sepang.
Depois desses testes malaios, a Honda ficará com uma melhor ideia sobre quais componentes são efetivamente válidos do ponto de vista de usar já em MotoGP, e quais aqueles que merecem ser trabalhados durante mais algum tempo antes de serem instalados nas motos de Márquez e Mir.
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