Se os fãs de MotoGP estavam à espera de acordar de madrugada e assistir a uma grande corrida no Grande Prémio da Malásia, então os planos saíram “furados”! A corrida principal da ronda malaia da categoria rainha foi a mais aborrecida da temporada 2023 (pelo menos até ao momento), com poucas ultrapassagens, e com as principais posições a ficarem definidas desde cedo.
Para as cores portuguesas, a corrida principal do Grande Prémio da Malásia de MotoGP não ficará na memória.
Miguel Oliveira (CryptoData RNF Aprilia), que já estava a ter um fim de semana mau fruto da má qualificação e uma corrida Sprint longe das posições que ambiciona (e dos pontos), voltou a sofrer neste domingo em Sepang. Um mau arranque fez com que descesse do 19º lugar na grelha de partida para último.
Ainda na primeira volta conseguiu ascender uma posição, e na segunda volta sobe a 19 e na terceira volta desce novamente, desta feita a 20º. Sem argumentos para melhorar a sua classificação, Miguel Oliveira viria ainda a subir a 19º beneficiando da queda de Joan Mir (Repsol Honda), mas pouco depois, à 6ª volta, uma queda deixou o piloto português fora do Grande Prémio da Malásia.
Uma corrida, ou melhor, um fim de semana para esquecer para o piloto da CryptoData RNF Aprilia.
Aliás, um fim de semana muito complicado e fraco nos resultados para todas as motos da marca de Noale. Raul Fernandez, companheiro de equipa de Miguel na equipa satélite, também desistiu, mas por problemas técnicos, enquanto Aleix Espargaró (Aprilia Racing) sofreu mais uma queda e também abandonou a corrida.
Para a Aprilia “salvou-se” apenas Maverick Viñales (Aprilia Racing), que ainda assim terminou esta corrida da Malásia em 11º.
Quanto à corrida e à disputa pela vitória, este Grande Prémio da Malásia entra para a história do campeonato como uma das mais aborrecidas de sempre, e, certamente, a mais aborrecida da atual temporada de MotoGP.
Pese embora algumas discussões por posição nas primeiras voltas tenham dado a sensação que teríamos uma luta a quatro pelo pódio, e mais algumas “escaramuças” pelas posições seguintes, a verdade é que após cinco passagens pela reta da meta já se percebia que esta corrida malaia seria uma autêntica procissão, com as motos a rolarem umas atrás das outras, praticamente sem mudanças de posições.
O vencedor foi Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team). Depois de um excelente quarto lugar na corrida Sprint, o italiano, de volta ao seu melhor nível depois das lesões que sofreu este ano, fez ainda melhor na corrida principal, e liderou todas as 20 voltas do GP da Malásia. Bastianini assumiu a liderança logo na curva 1, e a partir daí não mais a perdeu.
Ainda sofreu alguma pressão inicial de Alex Márquez (Gresini Racing), com o vencedor da Sprint a sonhar com uma segunda vitória este fim de semana, mas a verdade é que “Bestia” esteve intocável, realizou uma corrida perfeita, e Alex Márquez acabou por ter de ceder, aos poucos, e ver o rival italiano isolar-se na frente da corrida e a partir daí não mais houve qualquer ataque entre ambos.
Com as duas primeiras posições definidas desde cedo, o mesmo podemos dizer que aconteceu em relação às posições seguintes.
Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) conquistou a terceira posição logo nos momentos iniciais, e aproveitou da melhor forma um ataque falhado na curva 1 por parte de Jorge Martin (Prima Pramac Ducati), assim que os semáforos apagaram, para garantir que o principal rival na luta pelo título ficava atrás de si.
Para Bagnaia foi ainda melhor o arranque da corrida de MotoGP, pois viu o seu amigo Marco Bezzecchi (Mooney VR46) posicionar-se em 4º obrigando Jorge Martin a ocupar a 5ª posição. O espanhol teria assim de esforçar-se mais, pois Bezzecchi não lhe iria facilitar a passagem.
Felizmente para as intenções do espanhol da Prima Pramac Ducati, este não demorou muito a superar a oposição de Marco Bezzecchi. Jorge Martin ficou então colado na traseira de Francesco Bagnaia, e depois de algumas voltas a estudar o italiano da equipa de fábrica, Martin passou ao ataque.
Duas tentativas de passar Bagnaia foi o melhor que Martin conseguiu, com o campeão e líder do campeonato a responder sempre à altura e a defender o seu terceiro lugar. Isto foi o melhor que se viu dos dois pilotos, que ainda nas primeiras voltas ficaram irremediavelmente atrasados em relação às outras duas Ducati que estava à sua frente.
Bagnaia, depois de se defender com sucesso dos ataques lançados por Jorge Martin, conseguiu garantir uma pequena margem que lhe permitiu respirar um pouco. E quando a situação estabilizou entre ambos, o italiano não demorou muito a conquistar uma diferença superior a 2 segundos. Daí passou para mais de quatro segundos, e até ao fim Martin chegou a estar a mais de 7 segundos de Bagnaia.
Os quatro primeiros rodaram isolados entre si praticamente toda a corrida do Grande Prémio da Malásia, com Bastianini a vencer pela primeira vez desde Aragão em 2022, Alex Márquez a garantir mais um excelente resultado em 2º, e com Francesco Bagnaia a ganhar pontos a Jorge Martin depois de os ter perdido na corrida Sprint de sábado em Sepang.
Os dois primeiros do campeonato estão agora separados por 14 pontos quando faltam disputar dois Grandes Prémios: Qatar e Comunidade Valenciana.
E se entre os quatro primeiros a corrida malaia foi entediante, o mesmo se pode dizer das restantes posições.
O maior foco de interesse esteve em Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha). O francês tinha afirmado após a Sprint que conseguiria uma boa prestação na corrida principal, e de facto foi dos únicos da frente a concretizar ultrapassagens. Primeiro passou Jack Miller (Red Bull KTM Factory) para ascender a 6º, e depois continuou em bom ritmo para chegar à traseira da moto de Marco Bezzecchi que rodava então isolado em 5º.
Quartararo não demorou muito a suplantar o italiano da Mooney VR46, que mesmo com uma Ducati mais veloz em reta, não tinha argumentos para a melhor performance em curva por parte da Yamaha M1 do francês campeão de MotoGP em 2021.
Refira-se ainda que também Franco Morbidelli na segunda Yamaha terminou a corrida em 7º, efetuando uma boa parte final de corrida.
Uma boa prestação por parte do piloto da Yamaha, equipa que, aliás, merece uma referência muito particular pois os seus membros competiram neste Grande Prémio da Malásia a ostentarem uma faixa negra como forma de homenagem a Filipe Almeida, responsável da Yamaha Portugal e que faleceu recentemente conforme a Revista MotoJornal aqui deu conta em momento oportuno.
Um bonito gesto por parte da Monster Energy Yamaha.
Resultados da corrida de MotoGP do Grande Prémio da Malásia
1 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
2 – Alex Márquez (Gresini Racing)
3 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
4 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)
5 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
6 – Marco Bezzecchi (Mooney VR46)
7 – Franco Morbidelli (Monster Energy Yamaha)
8 – Jack Miller (Red Bull KTM Factory)
9 – Fabio di Giannantonio (Gresini Racing)
10 – Luca Marini (Mooney VR46)
Classificação do campeonato após Grande Prémio da Malásia
1 – Francesco Bagnaia – 412 pontos
2 – Jorge Martin – 398 pontos
3 – Marco Bezzecchi – 323 pontos
4 – Brad Binder – 254 pontos
5 – Johann Zarco – 200 pontos
6 – Aleix Espargaró – 198 pontos
7 – Maverick Viñales – 175 pontos
8 – Luca Marini – 171 pontos
9 – Fabio Quartararo – 156 pontos
10 – Jack Miller – 156 pontos
16 – Miguel Oliveira – 76 pontos
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