Com Miguel Oliveira fora de ação devido a lesão, e o seu companheiro de equipa Raul Fernandez a ter de se integrar na equipa de testes da Aprilia Racing em vez da equipa CryptoData RNF Aprilia que, recordamos, está impedida de competir em MotoGP conforme a Revista MotoJornal já aqui contou todos os detalhes, decorreu esta terça-feira 28 de novembro o teste de fim de temporada para a categoria rainha em Valência.
O circuito Ricardo Tormo, onde ainda há dois dias terminou a temporada 2023, foi assim o palco de uma intensa e muito aguardada sessão de teste que serviu para as equipas e pilotos de MotoGP começarem a preparar a temporada 2024 antes da pausa de inverno.
Neste dia, e conforme temos vindo a acompanhar em detalhe ao longo da temporada que agora terminou, tivemos em pista os pilotos que trocam de equipa nas suas novas motos:
– Prima Pramac Ducati estreou Franco Morbidelli
– Gresini Racing estreou Marc Márquez
– Mooney VR46 estreou Fabio di Giannantonio
– Monster Energy Yamaha estreou Alex Rins
– Repsol Honda estreou Luca Marini
– LCR Honda estreou Johann Zarco
– GasGas Factory Tech3 estreou Pedro Acosta
De todos os pilotos que trocam de equipa, o grande foco de interesse estava na estreia de Marc Márquez com a Ducati Desmosedici GP23 que permitiu a Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) sagrar-se bicampeão de MotoGP este ano.
O piloto espanhol, depois de uma década aos comandos da Honda RC213V, e de uns últimos anos muito abaixo do que nos tinha habituado, mostrou-se feliz cada vez que parava na box. E o tempo final neste primeiro contacto com a moto italiana, rodando a menos de duas décimas do mais rápido do dia, Maverick Viñales (Aprilia Racing), deixa “água na boca” para o que poderemos esperar de Marc Márquez em 2024.
Mas vamos ver o que aconteceu neste teste de MotoGP em Valência em cada fabricante
Aprilia
A marca italiana participou neste teste de final de ano em Valência envolvida, ainda que não diretamente, na convulsão provocada pela situação da sua equipa satélite. A CryptoData RNF Aprilia não pode participar mais em MotoGP, e isso, para já, deixa o projeto da casa de Noale “coxo”.
E ainda mais complicado se torna ao nível do desenvolvimento de novidades para 2024 quando se percebeu que Aleix Espargaró, aquele que tem sido o líder do projeto, não conseguiu dar o seu contributo a 100% neste teste. O espanhol rodou algumas voltas, mas claramente estava fora do ritmo pelo que o seu resultado pouco conta.
No entanto, nem tudo são más notícias para a Aprilia!
Maveric Viñales, aos comandos de uma RS-GP23 com algumas peças e soluções que serão validadas para serem usadas na nova RS-GP24, conseguiu ser mesmo o piloto mais rápido do dia de teste de MotoGP em Valência. Detentor do recorde absoluto do traçado valenciano com uma volta em 1m28.931s, Viñales vai para o inverno como o piloto mais rápido em pista ao rodar em 1m29.253s.
Aliás, com nada menos do que 86 voltas realizadas, a maior quantidade de voltas de todos, Viñales e a Aprilia Racing estiveram intocáveis no dia de hoje.
Para ajudar às boas sensações, Raul Fernandez, que participou no teste integrado na Aprilia Racing e ao lado dos elementos técnicos da equipa de testes, rodou também bastante rápido e fechou o dia com o 5º melhor tempo. Curiosamente, a mesma posição em que terminou a corrida de domingo, no que foi o seu melhor resultado até agora em MotoGP.
Refira-se que a Aprilia RS-GP24 apenas será vista, no seu formato “completo”, nos testes oficiais de Sepang em fevereiro de 2024.
Ducati
Para a marca italiana as coisas correm bem, o projeto de MotoGP continua sólido e com Francesco Bagnaia a testar uma série de novidades, nomeadamente um novo sistema de arranque “holeshot” e um novo quadro, a verdade é que as atenções entre os pilotos Ducati estavam centradas no teste de Marc Márquez.
A estreia do oito vezes campeão do mundo com a moto italiana não poderia ter corrido muito melhor.
Em poucas voltas Marc Márquez já estava a rodar mais rápido do que tinha sido durante o fim de semana com a sua antiga Honda RC213V. A Ducati Desmosedici GP23 terá ainda de ser adaptada às preferências de Marc Márquez, mas o espanhol, como todos os pilotos Ducati, tem agora acesso à telemetria dos restantes pilotos aos comandos da Desmosedici. Por isso espera-se que os sorrisos que mostrou hoje na box se traduzam em bons resultados em 2024.
Marc Márquez foi mesmo o quarto piloto mais rápido deste teste.
Quanto às restantes Ducati, o novo quadro e novo motor também esteve à disposição de Enea Bastianini e Jorge Martin, com o vice-campeão a não evitar duas quedas. Marco Bezzecchi e Fabio di Giannantonio tiveram o seu primeiro dia com a Desmosedici GP23, enquanto Franco Morbidelli experimentou pela primeira vez a Ducati.
Honda
Na garagem da Honda o foco estava em Luca Marini, piloto que vem da Mooney VR46 e agora ocupa o lugar de Marc Márquez na Repsol Honda.
Com Joan Mir ainda a recuperar da lesão sofrida no GP da Comunidade Valenciana, mas a entrar em pista para testar, vimos em ação uma versão de desenvolvimento da nova RC213V para 2024, onde o pacote aerodinâmico parece ganhar uma preponderância ainda maior.
De acordo com as (poucas) informações passadas por Alberto Puig, diretor desportivo da Repsol Honda, Joan Mir ficou satisfeito com as muitas novidades, enquanto Johann Zarco sofreu uma queda tendo comparado a versão de 2024 com a versão de 2023.
Entre os pilotos Honda, o melhor foi mesmo Luca Marini com o 10º melhor tempo do dia.
KTM / GasGas
Se na Ducati as atenções estão num veterano campeão espanhol, na KTM e GasGas as atenções estão num jovem espanhol que se estreia em MotoGP em 2024: Pedro Acosta.
O coroado campeão de Moto2, e que também já foi campeão de Moto3, sentiu pela primeira vez o que é pilotar uma MotoGP. Apenas com a moto de 2023 para usar, Acosta, que usará o #31, terminou o dia em 18º a 1,2 segundos do mais rápido.
Um dia de sonho para o jovem talento que está inserido no projeto da KTM em MotoGP, e que nem mesmo uma queda, sem consequências, conseguiu estragar.
Para 2024 a KTM RC16 terá, mais uma vez, muitas novidades na aerodinâmica. Jack Miller rodou com uma moto camuflada ao estilo de uma zebra, que ainda assim não impediu de perceber que a moto austríaca terá novidades ao nível da entrada de ar central e asas.
O piloto mais rápido com a KTM foi, no entanto, Brad Binder (2º). O sul-africano fez o seu tempo e depois acabou por sofrer uma queda.
Yamaha
Na box da Yamaha tivemos três pilotos. Os dois pilotos da Monster Energy Yamaha, Fabio Quartararo e Alex Rins, a fazer a sua estreia e um regresso ao motor quatro em linha, enquanto Cal Crutchlow esteve presente com a equipa de testes da marca de Iwata.
Para além das esperadas atualizações de aerodinâmica, as M1 usaram um novo sistema de escape com duas ponteiras laterais longas, e de acordo com Massimo Meregalli, diretor desportivo da equipa de fábrica da Yamaha, os pilotos rodaram ainda com uma versão atualizada do motor de 2024, que já tinha sido usado no teste em Misano, mas aqui com novas especificações.
Fabio Quartararo foi o piloto mais rápido dos pilotos Yamaha, terminando o teste em 11º.
Esta foi a última vez que vimos os protótipos de MotoGP a rodarem em pista em 2023. A partir de agora inicia-se a pausa de inverno, antes dos testes recomeçarem em inícios do próximo ano.
Resultados do teste de MotoGP em Valência
1 – Maverick Viñales (Aprilia Racing) – 1m29.253s
2 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory) – 1m29.281s
3 – Marco Bezzecchi (Mooney VR46) – 1m29.346s
4 – Marc Márquez (Gresini Racing) – 1m29.424s
5 – Raul Fernandez (Aprilia Racing) – 1m29.516s
6 – Alex Márquez (Gresini Racing) – 1m29.638s
7 – Fabio di Giannantonio (Mooney VR46) – 1m29.662s
8 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team) – 1m29.796s
9 – Jack Miller (Red Bull KTM Factory) – 1m29.901s
10 – Luca Marini (Repsol Honda) – 1m29.956s
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