Não foi preciso esperar muito para, depois de uma primeira reunião de pilotos antes do Grande Prémio da Catalunha no início de setembro, ficámos agora a saber, através de informações que estão a ser reveladas pelo portal The Race, que os pilotos de MotoGP estão mesmo a preparar para formar e anunciar o Sindicato de Pilotos.
Assim que foi tornada pública a reunião exclusivamente com a presença de pilotos no paddock do circuito da Catalunha, a Revista MotoJornal deixou em aberto a possibilidade de que essa reunião teria servido para dar o primeiro passo rumo à criação de um sindicato.
Agora, e poucas horas depois do fim do Grande Prémio da Indonésia e já com o paddock de MotoGP a instalar-se no circuito de Phillip Island para o Grande Prémio da Austrália – clique aqui para ficar a par dos horários completos –, são tornadas públicas novas informações que indiciam a criação do Sindicato de Pilotos de MotoGP.
Esta entidade, a ser criada, e pese embora a relutância demonstrada por Carmelo Ezpeleta, CEO da Dorna, em aceitar a possibilidade de um sindicato, pois o responsável espanhol defende que a IRTA serve para proteger os pilotos, terá como principais missões servir de proteção aos pilotos em questões tão variadas como negociação de contratos (basta pensar na controvérsia relativa aos pagamentos de bónus devido às corridas Sprint), segurança em pista, ou questões legais de uma forma mais geral.
Em resumo, o sindicato formado pelos pilotos poderá defender os interesses dos principais atores da competição frente a entidades como a Dorna, a Federação Internacional de Motociclismo ou da associação de equipas IRTA.
Com os mecanismos em marcha de forma a poderem oficializar a criação do Sindicato de Pilotos de MotoGP, há agora informações que apontam para que essa entidade esteja mesmo muito perto de ser anunciada, e, inclusivamente, os pilotos já terão, se tivermos em conta as suas declarações, escolhido um piloto para os representar: Sylvain Guintoli.
O francês tem vindo a evoluir nos tempos mais recentes enquanto piloto da Yoshimura SERT Motul no Mundial de Resistência FIM, sendo que no final da temporada 2023 anunciou a sua saída da equipa, não se conhecendo, pelo menos de forma oficial, qual será o futuro do veterano piloto que reside em Inglaterra e que foi mesmo piloto de testes da Suzuki em MotoGP.
Guintoli é um dos pilotos mais acarinhados no paddock, uma personalidade que conquistou o respeito dos pilotos e de todos os atores do Mundial de Velocidade, não apenas pelas conquistas em pista nos mais variados campeonatos (foi mesmo campeão de Superbike com a Aprilia), mas também pela vasta experiência a pilotar motos de várias marcas.
Para além disso, tem uma boa capacidade de transmitir ideias, comunica fluentemente em diversas línguas, principalmente em inglês, pelo que, naturalmente, os pilotos de MotoGP olham para Sylvain Guintoli como um nome forte para os representar enquanto presidente do Sindicato de Pilotos.
Em reação a esta possibilidade, que, relembramos, ainda não passa de um rumor com informações não oficiais a serem divulgadas a “conta gotas”, Aleix Espargaró (Aprilia Racing) decidiu abordar o tema.
O espanhol, um dos pilotos que habitualmente toma posições mais vincadas em questões de segurança dos pilotos, referiu durante a passagem do MotoGP pelo circuito de Mandalika que “Os contratos estão a ser rasgados de forma repentina e não se pode fazer nada”, referindo-se aos casos de pilotos nas categorias Moto3 e Moto2. “Mas em MotoGP também há muitas coisas a melhorar, desde o formato até à segurança”.
Aleix Espargaró garante que as coisas estão a ser trabalhadas e, quando for o momento certo, tudo será anunciado.
Para o piloto da Aprilia, a presidência do Sindicato de Pilotos ficará bem entregue a Sylvain Guintoli, um nome que tem sido frequentemente referido entre os pilotos: “O Sylvain é um bom candidato, tem experiência, fala muito bem inglês e conhece o campeonato. De facto, continua a trabalhar com a Michelin”, explicou Aleix.
E num momento em que a criação de um Sindicato de Pilotos de MotoGP começa a ganhar “forma”, e mesmo com os principais interessados, os pilotos, a manterem um “pacto de silêncio” sobre o que será o seu futuro, Fabio di Giannantonio revela bem o espírito que leva a esta intenção por parte dos pilotos:
“À medida que avançamos, mais precisamos de um sindicato para os pilotos. A IRTA e a Dorna decidem as coisas por nós, mas somos nós que entramos em pista. Somos nós que sofremos com a síndrome compartimental, as lesões, e muitas outras coisas, mas não podemos decidir nada”, concluiu o piloto italiano que ainda não tem o seu futuro assegurado na categoria rainha.
Será agora preciso aguardar para perceber melhor o que será o Sindicato de Pilotos de MotoGP, e, claro, quando é que será anunciado oficialmente. Alguns rumores apontam para que no Grande Prémio da Malásia, a realizar em breve, existam novidades.
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