Há muito que a atividade em pista já terminou e o Autódromo Internacional do Algarve (AIA) já se prepara para o aumento da intensidade no que falta disputar do fim de semana do Grande Prémio de Portugal de MotoGP. Porém, não podemos fechar o primeiro dia da categoria rainha na ‘Montanha Russa’ algarvia sem obter a reação de Miguel Oliveira.
O piloto português da Trackhouse Racing esperava que, devido às características do traçado algarvio e ao seu conhecimento do mesmo, conseguisse esconder algumas das debilidades que atualmente sente quando tem de pilotar a sua Aprilia RS-GP24 no limite na procura de voltas rápidas.
Com um início de primeiro dia que deixou sinais positivos, tendo no Treino Livre 1 de MotoGP feito o 8º melhor tempo dessa sessão, a verdade é que no decisivo Treino da tarde, sessão que definiu os dez pilotos com passagem direta à Qualificação 2 da categoria rainha a contar para o Grande Prémio de Portugal, Miguel Oliveira voltou a sofrer mais problemas do que aqueles que eram expectáveis.
Com forte apoio nas bancadas e em redor do AIA, o piloto português finalizou o Treino da tarde com o 17º registo.
Um tempo algo estranho tendo em conta que na última volta de ataque ao cronómetro, já com a bandeira de xadrez a assinalar o fim da sessão de 60 minutos, Miguel Oliveira estava a ser significativamente mais rápido do que até então, rodava a pouco mais de meio segundo do piloto mais rápido em pista Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team), mas deitou tudo a perder no derradeiro setor do AIA quando parecia ter ritmo para entrar mesmo nos dez mais rápidos em pista.
Tem agora pela frente a sempre traiçoeira Qualificação 1 de MotoGP, uma situação que queria evitar, mas que, ainda assim, não deverá esmorecer o espírito do piloto português (nem dos fãs!), pois, como podemos recordar facilmente, já em 2023 a situação era semelhante, tendo ultrapassado a Q1, e na Q2 conseguiu mesmo qualificar em 4º.
É com esta esperança que no final do primeiro dia de MotoGP no AIA o Miguel Oliveira reagiu ao que hoje aconteceu:
“Foi um dia difícil. Para ser honesto, estava à espera de algo mais hoje. Não me senti confortável com a moto e tive muitas dificuldades, especialmente com a frente dela. Nas curvas rápidas não conseguia fazer muito. Mesmo a tentar ir mais suave com os pneus no final ajudou um pouco, mas não muito. É, definitivamente, frustrante não encontrar a velocidade para passar para o Top 10. Todos estão agora à procura disso, mas, neste momento, parece-me difícil mesmo estando perto. Todos sabemos que vamos ter de aguardar para ver o que poderemos melhorar e vamos ver se vamos conseguir fazer isso amanhã”.
De um ponto de vista de uma análise mais técnica, e em declarações reproduzidas pela Sport TV, Miguel Oliveira especificou em maior detalhe quais são as grandes dificuldades que está a sentir aos comandos da sua Aprilia RS-GP24:
“É bastante difícil estar a forçar uma volta rápida, arrisquei muito, mas não saiu nenhuma volta melhor. Um dia frustrante, acredito que amanhã podemos dar um grande passo para a frente e precisamos dele, vamos fazer o nosso melhor para o conseguir. No último setor, duas curvas a descer, a 14 e a 15, e simplesmente a moto não vira nada. Em vez de fechar a trajetória, sai muito para fora e não consigo recuperar tempo nenhum. O resto consigo mais ou menos filtrar um bocadinho do que falta à mota, mas o último setor torna-se muito difícil”.
O que foi visível também foi que nos minutos finais do Treino da tarde algum problema aconteceu e obrigou Miguel Oliveira a alterar os seus planos para o último “time attack”. Sem rodeios, o piloto português explicou o que aconteceu naqueles momentos em que a tensão está ao rubro na box:
“Já tinha planeado ter um pneu macio à frente na outra moto, caso não me sentisse bem com o médio dianteiro, e, quando parei, tinha o plano de trocar para a outra moto. Trocámos de moto, mas, assim que saímos, aconteceu um problema com os travões, e estava demasiado travada na roda da frente. Agora os técnicos da Brembo estão a ver o que pode ter acontecido. Tenho de ter confiança para amanhã, nada está perdido e ainda podemos disputar um bom resultado. A qualificação é bastante importante e vamos à procura disso amanhã. A pista já está bastante limpa, não acredito que seja demasiado crítico, há zonas em que a pista está muito suja, mas a trajetória já é bastante larga. Nesse aspeto, acho que não vamos ter nenhuma limitação”.
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