Como se esperava, os três dias de testes oficiais de MotoGP no circuito de Sepang terminaram para Miguel Oliveira com uma lista de “tarefas” cumpridas, ajudando assim a Aprilia Racing a encontrar o caminho de desenvolvimento para a nova RS-GP24. Porém, nem tudo aconteceu da forma que o piloto da Trackhouse Racing pretendia, e subsistem alguns problemas para resolver. Nomeadamente no que diz respeito a obter voltas rápidas.
No final do terceiro dia de testes oficiais no traçado malaio, Miguel Oliveira conseguiu voltar a melhorar o seu registo pessoal, fechando a sua participação com um melhor tempo de 1m58.000s.
Pese embora a Aprilia Racing ainda não tenha instalado nas novas motos o motor V4 com a especificação para a temporada 2024 de MotoGP, a verdade é que grande parte do trabalho realizado por Miguel Oliveira, e, diga-se, pelos pilotos de fábrica da casa de Noale, centrou-se no pacote aerodinâmico e no encontrar uma afinação equilibrada.
Com tantas peças e elementos novos para testar e avaliar em três dias – basta pensar que Romano Albesiano, diretor técnico da Aprilia Racing referiu que existem pelo menos 20 combinações possíveis em termos aerodinâmicos –, Miguel Oliveira acabou por reagir no final do dia em pista e falar do que sentiu aos comandos da nova moto.
O piloto da Trackhouse Racing, e que elogia bastante a chegada do novo diretor de equipa Davide Brivio, um reforço hoje confirmado pela equipa americana, mostra já estar plenamente consciente dos pontos fortes e dos pontos fracos da moto italiana, partilhando da opinião de Aleix Espargaró, de que a RS-GP24 com a nova aerodinâmica é uma moto mais física e pesada.
Em declarações à imprensa no final do teste, Miguel Oliveira referiu que “Fizemos algum trabalho hoje em termos de eletrónica, especialmente na gestão do controlo de tração, para ver até onde podemos ir. Dei um salto de dois anos na moto, tinha uma forma de configurar o controlo de tração e agora estamos a operar de uma forma diferente na forma de o configurar, por isso voltei a verificar algumas coisas e há certamente um espaço em aberto para explorar, e creio que existe muito potencial para, sobretudo para mim, me ajudar em termos das sensações para atingir a base de uma volta”, disse o português.
Continuando a sua análise de um ponto de vista mais técnico à Aprilia RS-GP24, Miguel Oliveira diz que “Certamente existem sempre alguns pontos mais fracos. Para mim é a capacidade de curvar a alta velocidade, que ainda não está lá, e ainda não consegui descobrir. A pista no Qatar é muito boa para isso e deveremos ficar com uma boa ideia sobre qual a direção a seguir em termos de performance. A moto é um pouco mais pesada, mas não vou dizer que é algo que nos destrói por completo. Penso que ao pilotar a moto o esforço deverá corresponder aos tempos por volta. Por isso, se estivermos a esforçar muito e o tempo por volta aparece, está tudo bem. O oposto, claro, é frustrante”.
Pese embora o foco dos testes seja testar diferentes componentes e soluções, pelo que os tempos por volta acabam sempre por ficar para segundo plano, a verdade é que os pilotos de MotoGP rodaram hoje em Sepang a um ritmo que ficará para a história. De facto, quatro pilotos conseguiram rodar no segundo 56!
Claro que Miguel Oliveira tinha previsto fazer um “time attack” para conseguir ganhar mais ânimo, e subir na tabela de tempos. Mas isso acabou por não se concretizar como previsto, com o piloto português a explicar o que aconteceu:
“Tentámos algumas coisas esta manhã, e perdemos totalmente a janela de temperatura boa para fazer o tempo. Depois continuámos com os pneus usados e tentámos apenas conseguir um pouco mais de feeling com uma afinação estável, pois temos estado a tentar tantas coisas ao longo de todas as saídas que era importante apenas habituar-me à moto, não tentar demasiadas coisas. Finalmente, no final do dia, deram-me pneus novos, apenas o traseiro, mas não consegui melhorar. O tempo ideal é um pouco mais tranquilizador, mas sabemos como é importante a tabela de tempos num teste. Neste momento não estamos realmente em pânico, apenas a testar algumas coisas para estar no Qatar prontos para trabalhar para a primeira corrida”.
Miguel Oliveira, tal como os restantes pilotos de MotoGP, exceto Franco Morbidelli (Prima Pramac Ducati) que já está confirmado como ausente, vai marcar presença no segundo teste oficial de pré-temporada que acontece dentro de duas semanas no circuito de Losail, Qatar, dias antes do início da temporada com o Grande Prémio do Qatar.
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