Competir num nível tão elevado como se encontra atualmente o MotoGP, é um desafio de dificuldades acima da média, mesmo para pilotos de calibre mundial como são os 22 pilotos que integram o plantel da categoria rainha. E este domingo, na corrida principal do Grande Prémio de Portugal, vimos no ondulante Autódromo Internacional do Algarve (AIA) o piloto português Miguel Oliveira ser um dos destaques, mostrando mais uma vez as suas capacidades de pilotagem.
Depois de 25 voltas de alta intensidade cumpridas no AIA, e cruzando a meta da corrida de MotoGP em 9º, o piloto português da Trackhouse Racing fechou a segunda ronda do calendário da temporada 2024 em nota positiva.
Mais do que os problemas que já foram sobejamente abordados, inclusivamente por parte do piloto, a verdade é que em situação de corrida o #88 parece ter, por norma, uma “carta na manga” para jogar. E neste GP de Portugal voltámos a ver um Miguel Oliveira a esboçar um sorriso com o que sentiu a pilotar a sua Aprilia RS-GP24.
Partindo de 15º na grelha de partida, Miguel Oliveira rapidamente ascendeu a 11º ainda na primeira volta. Depois conseguiu mesmo entrar no “Top 10”, e quando passou por Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) estava então a rodar em 9º.
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Infelizmente para as aspirações do piloto português, não foi possível capitalizar nesse bom momento. Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46) lançou um ataque mais forte na curva 1, obrigou Miguel Oliveira a sair de pista, alargando trajetória na curva 1 e 2, perdendo assim cerca de 2,5 segundos para um trio de pilotos que aproveitaram a oportunidade para relegar o piloto da Trackhouse Racing novamente para 12º.
Em sentido contrário, pouco depois desse momento menos positivo, Miguel Oliveira beneficiou das quedas de três pilotos, e com isso voltou a ocupar a 9ª posição com que finalizou a corrida principal do Grande Prémio de Portugal de MotoGP este domingo.
Ao fim de três dias a competir em pista, e sob um forte apoio dos muitos milhares de fãs que fizeram questão de mostrar o seu apoio inquebrável ao compatriota, Miguel Oliveira sai do AIA com um sorriso nos lábios.
Porém, e pese embora os pontos conquistados de forma merecida, superando as dificuldades com a moto italiana, está consciente de que terá de ser feito um trabalho mais profundo da Trackhouse Racing se quiserem mesmo atingir outros patamares de performance.
Em reação ao GP de Portugal, Miguel Oliveira refere que “Foi tudo o que consegui fazer. A volta de abertura e as primeiras curvas foram bastante boas. Consegui ultrapassar o Rins e o Quartararo e estava a caminho de um Top 10, um 9º lugar sem as quedas. Mas, infelizmente, o Bezzecchi ultrapassou-me na primeira curva, obrigou-me a ir largo, tive de parar a moto e ir à volta nas curvas 1 e 2, onde perdi três posições. É verdadeiramente uma pena porque com as quedas poderíamos ter terminado em 6º, o que teria sido muito motivador este fim de semana. Mas temos de aproveitar os positivos. Na corrida tive a melhor moto que pilotei no fim de semana inteiro. Consegui lutar, ser competitivo e fazer alguma coisa em termos de resultados. É definitivamente um novo ponto de partida para crescer a partir daqui, por isso, no Texas espero conseguirmos continuar com esta progressão”.
Sobre se o resultado da corrida de hoje corresponde ao que acreditava ser possível, o piloto português não esconde que esse mesmo resultado estava dependente da qualificação e do ritmo de corrida:
“Como eu disse na entrada do fim de semana, um bom resultado ia depender muito da qualificação, depender muito de qual fosse o nosso ritmo para podermos gerir melhor as nossas expectativas. Após a qualificação eu sabia que lutar por um lugar dentro do Top 10 era o ideal. Havia dois resultados possíveis hoje: sem quedas era 9º e com quedas, sem o incidente na primeira curva (com o Bezzecchi) teria ficado com o 6º lugar. Digamos que não é de todo um resultado negativo”.
E está este início de temporada 2024 de MotoGP a corresponder às expectativas?
“De acordo como correram os testes sim (dentro das expectativas). Gostava de poder demonstrar um pouco mais. Mas tenho tido muitos contratempos com a moto. Não acertar com o setting, a equipa está a ter algumas dificuldades com isso. Não chega termos apenas um piloto com Aprilia à frente para servir de referência, e isso está a custar-nos um pouco a entender. Portanto, a equipa do seu lado tem de fazer um trabalho grande para me poder dar as ferramentas que eu preciso”.
Em declarações posteriores concedidas à Sport TV, Miguel Oliveira voltou a destacar o muito trabalho que a equipa americana Trackhouse Racing tem pela frente, para darem a moto que o piloto português sente que precisa para obter os resultados desejados:
“A equipa precisa de melhorar, a verdade é essa. Precisa de me dar uma moto melhor, e neste momento não está a conseguir encontrar o caminho para isso. Tenho de continuar a trabalhar e não perder a paciência nem o ânimo. São duas corridas ainda das 30 e algumas que temos pela frente, com as Sprint, e temos tempo para melhorar. Mas obviamente que o meu foco é no Texas melhorar este resultado”.
Sobre os muitos milhares de fãs portugueses que marcaram presença no AIA ao longo do fim de semana, Miguel Oliveira só tem palavras de elogio:
“Eu faço o mundial já há 14 anos. O único apoio que eu vi assim do público para um piloto especificamente foi só com o Valentino Rossi. Por isso não tenho palavras para descrever todo o apoio que o público demonstrou foi um fim de semana simplesmente de sonho nesse sentido, apesar do resultado, o apoio é incondicional, e estou mesmo de coração cheio por isso”.
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