Está terminado o Grande Prémio da Alemanha de MotoGP nesta temporada 2024. Depois de 30 voltas a vitória sorriu ao bicampeão Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team), quando tudo fazia prever que o vencedor seria Jorge Martin (Prima Pramac Ducati), que a duas voltas do fim errou, caiu, e deu a vitória de ‘mão beijada’ ao seu maior rival na categoria rainha.
Com isto, ‘Pecco’ fecha a primeira metade do campeonato em primeiro na classificação.
Já Miguel Oliveira (Trackhouse Racing) ainda batalhou contra a armada Ducati, mas o piloto português desta feita na corrida longa não conseguiu replicar o ritmo da corrida Sprint de sábado, em que fez 2º.
Com uma corrida significativamente mais longa, nada menos do que o dobro da distância a percorrer em comparação com a corrida Sprint de sábado, a corrida principal do Grande Prémio da Alemanha de MotoGP significou alterações nas escolhas dos pneus.
Os pilotos e equipas perceberam que o pneu traseiro macio não seria o ideal, pelo que a combinação de pneus recaiu no uso dos Michelin slick duro e médio, respetivamente para a dianteira e traseira dos protótipos da categoria rainha.
Assim que os semáforos se apagaram assistimos a uma repetição do que tínhamos visto no sábado. Jorge Martin, Miguel Oliveira e Francesco Bagnaia rapidamente saltaram para a frente, e na chegada à primeira curva seria mesmo o português da Trackhouse Racing a conseguir levar a melhor.
Miguel Oliveira estudou bem a trajetória para este momento de arranque, e conseguiu subir à liderança.
Porém, Jorge Martin não estava pelos ‘ajustes’ e conseguiu responder ao ataque inicial de Miguel Oliveira, recuperando a primeira posição. Logo atrás era o italiano Bagnaia quem queria desenvencilhar-se do português da Trackhouse Racing. O bicampeão não queria deixar fugir Jorge Martin na frente da corrida, e logo na segunda volta conseguiu mesmo concretizar essa ultrapassagem partindo então em perseguição do espanhol da Prima Pramac Ducati.
Os dois primeiros não demoraram muito a trocar de posição, na última curva do circuito de Sachsenring. Bagnaia era então o novo líder da corrida.
Franco Morbidelli (Prima Pramac Ducati) estava então endiabrado e com o #88 da Trackhouse Racing na sua ‘mira’. Miguel Oliveira procurou defender o seu 3º lugar, mas na chegada à primeira curva deixou ‘porta aberta’. Com a trajetória interior livre, Franco Morbidelli não perdeu a oportunidade, subindo então a 3º por troca com Miguel Oliveira que passava a ter Alex Márquez (Gresini Racing) logo atrás de si.
Na sexta volta Alex Márquez consegue mesmo concretizar a ultrapassagem ao português, que, no entanto, não desiste e recupera a 4ª posição, mas apenas para a perder momentos depois. Enquanto isso tínhamos Bagnaia, Martin e Morbidelli a rodarem nas três primeiras posições e todos muito perto uns dos outros.
Na volta seguinte, e sempre na curva 1 (a última curva do traçado alemão também foi um ponto preferido para ultrapassar), Jorge Martin lança o ataque à liderança de Francesco Bagnaia, que nesse momento quase é também ultrapassado por Franco Morbidelli.
A partir desse momento o ‘Martinator’ começou a entrar num ritmo superior e a abrir uma ligeira margem, aproveitando também a batalha que se iniciou atrás de si entre Bagnaia e Morbidelli. O italiano da equipa de fábrica parecia estar em dificuldades enquanto o italiano da equipa satélite estava em grande forma nesta fase da corrida.
Miguel Oliveira estava então em 5º e agora com Marc Márquez (Gresini Racing) atrás de si, pois Maverick Viñales (Aprilia Racing) tinha exagerado no seu esforço quando procurava seguir o português, fazendo uma grande incursão pela gravilha. Viñales viria a regressar à pista em 18º, e a partir daí foi recuperando posições e cruzou a meta nos lugares dos pontos de MotoGP.
Morbidelli, depois de várias ameaças, finalmente passa por Bagnaia quando estávamos na 8ª volta da corrida do GP da Alemanha. Nessa altura o líder Jorge Martin estava com cerca de 7 décimas de vantagem, mas Franco Morbidelli continuava a puxar pela sua Ducati Desmosedici GP24 e conseguiu mesmo colocar alguma pressão sobre o seu companheiro de equipa.
Até porque os dois pilotos da Prima Pramac não tinham de se preocupar com Francesco Bagnaia, pois, entretanto, Alex Márquez na sua GP23 estava a pressionar, e muito, o bicampeão de MotoGP na luta pelo 3º lugar.
No final do primeiro terço de corrida as posições entre os sete primeiros estavam estabilizadas, com alguns duelos mais intensos numa ou noutra travagem, mas sem ultrapassagens a assinalar.
Bagnaia, depois de um primeiro momento mais complicado, estava então a entrar no ritmo de corrida e a recuperar o foco. Deixou para trás Alex Márquez que não teve argumentos para perseguir o italiano. A Ducati #1 não demorou muito a fazer desaparecer a diferença para os dois primeiros, até porque Morbidelli estava então a começar a sofrer e a baixar o ritmo.
Na 15ª volta, Francesco Bagnaia concretiza a ultrapassagem a Franco Morbidelli e reassume a 2ª posição. Por esta altura Jorge Martin estava relativamente tranquilo na liderança, com quase um segundo de vantagem para o seu maior rival na luta pelo título.
Morbidelli, por sua vez, não estava com vida fácil e ficou à mercê dos ataques de Alex Márquez, com o espanhol a passar mesmo pelo italiano.
Logo atrás vinha Miguel Oliveira que fazia de tudo no terceiro e quarto setor de Sachsenring para deixar Marc Márquez atrás de si. No início da 16ª volta o oito vezes campeão do Mundo conseguiu passar por Miguel Oliveira, que assim desceu a 6º, e continuava a ter outra Ducati, neste caso a moto de fábrica de Enea Bastianini, atrás de si e por isso não tinha a sua vida em nada facilitada nesta batalha contra a armada Ducati no Grande Prémio da Alemanha.
De regresso à frente da corrida, Francesco Bagnaia e Jorge Martin continuavam o jogo do ‘gato e do rato’. Ora o italiano ganhava tempo, ora o espanhol respondia e mantinha a diferença nas 7 décimas. A diferença chegou a ser novamente de quase um segundo, mas rapidamente voltou a descer e Bagnaia esteve a cerca de meio segundo de Martin já nas últimas voltas.
Mais atrás, e com Alex Márquez isolado em 3º, o ponto de maior interesse foi a batalha entre Franco Morbidelli e Marc Márquez.
O piloto da Prima Pramac errou na travagem da primeira curva do traçado alemão, o espanhol da Gresini Racing tentou ‘meter por dentro’, mas Morbidelli reagiu e regressou à trajetória de uma forma mais ‘intempestiva’. Os dois acabaram por se tocar, com a moto de Marc Márquez a ficar com o vidro dianteiro partido como resultado desse contacto.
Esta discussão não tinha terminado, e algumas voltas mais tarde Morbidelli não encontrou forma de defender o seu 4º lugar de Marc Márquez que estava então em modo “full attack”.
Enea Bastianini também não estava interessado em deixar Miguel Oliveira cruzar a meta à sua frente, e por isso passou o português após algumas voltas em que estudou o ponto ideal para concretizar a ultrapassagem. Bastianini subiu então a 6º e Miguel Oliveira desceu a 7º.
Estávamos então nos momentos decisivos da corrida principal do Grande Prémio da Alemanha de MotoGP.
Foi então que se deu um verdadeiro ‘golpe de teatro’: a duas voltas do fim, e quando tudo parecia estar decidido entre os dois primeiros, Jorge Martin, em mais um daqueles momentos que estragam o trabalho que fez ao longo de tantas voltas, e que pode fazer perder um título de MotoGP, não evitou uma queda no momento de travagem para a primeira curva.
O espanhol, enquanto deslizava pela gravilha na escapatória da curva 1, viu Francesco Bagnaia receber de ‘mão beijada’ a liderança da corrida, e também do campeonato! O italiano não desperdiçou a oportunidade e levou a sua Ducati até à bandeira de xadrez, somando mais uma vitória esta temporada de 2024, a sua primeira em Sachsenring, o que o deixou muito satisfeito.
Francesco Bagnaia tem agora 10 pontos de vantagem sobre Jorge Martin na corrida ao título!
Enquanto tudo isto acontecia na frente, Alex Márquez estava sob ataque do seu irmão Marc Márquez. Esta luta viria a sorrir ao mais velho dos irmãos, com Marc a fechar o fim de semana com um excelente 2º lugar na frente do seu irmão Alex, que faz 3º. É a primeira vez desde 1997 que temos dois irmãos no pódio de MotoGP. A última tinha sido quando Nobuatsu e Takuma Aoki fizeram pódio no circuito de Imola.
Para Miguel Oliveira a corrida, depois de ser passado por Bastianini, centrou-se em levar a Aprilia RS-GP24 #88 até à bandeira de xadrez. Rodou isolado, e acabou por beneficiar da queda de Jorge Martin para subir a 6º.
Um bom resultado para o português que não conseguiu levar a melhor frente à armada Ducati, mas foi o melhor piloto neste circuito aos comandos de uma moto que não os protótipos construídos em Borgo Panigale.
Destaque ainda para o facto de que Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3), tinha este domingo a derradeira hipótese para bater o recorde de mais jovem piloto a vencer na categoria rainha. Ao não conseguir melhor do que um 7º lugar, Acosta perdeu hoje qualquer hipótese de destronar Marc Márquez como o mais jovem piloto de sempre a vencer nesta categoria.
Resultados da corrida do Grande Prémio da Alemanha de MotoGP
1 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
2 – Marc Márquez (Gresini Racing)
3 – Alex Márquez (Gresini Racing)
4 – Franco Morbidelli (Prima Pramac Ducati)
5 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
6 – Miguel Oliveira (Trackhouse Racing)
7 – Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3)
8 – Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46)
9 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
10 – Raul Fernandez (Trackhouse Racing)
Classificação de MotoGP
1 – Francesco Bagnaia – 222 pontos
2 – Jorge Martin – 212 pontos
3 – Marc Márquez – 166 pontos
4 – Enea Bastianini – 155 pontos
5 – Maverick Viñales – 125 pontos
6 – Pedro Acosta – 110 pontos
7 – Brad Binder – 108 pontos
8 – Fabio di Giannantonio – 92 pontos
9 – Aleix Espargaró – 82 pontos
10 – Alex Márquez – 79 pontos
13 – Miguel Oliveira – 51 pontos
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