É um facto assumido por todas as partes envolvidas no processo de decisão e formulação de novos regulamentos técnicos, que existe a necessidade de limitar os protótipos de MotoGP na sua performance. Isso pode ser feito de diversas formas, e brevemente teremos acesso a todas as novidades do regulamento que entrará em vigor em 2027. Porém, e mesmo sem estar tudo acertado e oficializado, a Aprilia Racing decidiu adiantar-se e começar a trabalhar no seu novo motor que será, tudo indica, de 850 cc.
O novo regulamento técnico deveria, de acordo com algumas informações saídas do paddock num momento inicial da temporada 2024 de MotoGP, ter sido anunciado durante o Grande Prémio de Espanha que se disputou no fim de semana passado em Jerez.
Porém, e embora os fabricantes, a Dorna Sports e a Federação Internacional de Motociclismo estarem basicamente de acordo no que diz respeito às principais questões a alterar, nomeadamente a aerodinâmica, os sistemas de ajuste da altura das motos denominados de “ride height device” ou “holeshot” para os arranques, ou ainda a redução da cilindrada dos motores, existem questões, como o ‘congelamento’ do desenvolvimento dos atuais protótipos, que estarão a atrasar a oficialização do acordo de regulamentos técnicos de MotoGP para ser aplicado a partir da temporada 2025.
O objetivo claro do novo regulamento da categoria rainha é de reduzir a performance dos protótipos (logo, a velocidade), e assim aumentar a segurança dos pilotos, visto que muitos circuitos não podem, fisicamente, alterar a sua configuração para poder compensar o aumento da velocidade atingida pelos protótipos atuais.
E é precisamente o novo motor que já está a ser trabalhado pela Aprilia Racing.
Romano Albesiano, diretor técnico do departamento de competição da marca de Noale e que até há pouco tempo acumulava função de responsável máximo do projeto de MotoGP, antes de ser substituído nessa função por Massimo Rivola, falou ao portal italiano Moto Sprint e revelou que a marca italiana decidiu adiantar-se e começar a desenvolver o seu motor:
“Já o estamos a fazer. Começámos a trabalhar na moto de 2027, nos pontos mais importantes que, na nossa opinião, são seguros (de ser incluídos no regulamento). A primeira parte em que estamos a trabalhar é o motor, que já deve estar incluído no desenho do protótipo”.
As palavras de Albesiano são importantes porque, pela primeira vez, um responsável de destaque de um fabricante que compete em MotoGP assume o início do desenvolvimento dos novos motores. No caso da Aprilia, tal como na Ducati, Honda e KTM, esses novos motores de 850 cc, a confirmar-se a cilindrada, deverão manter a sua arquitetura em V.
Para o italiano, e referindo-se aqui a uma questão que estará a deixar os fabricantes divididos sobre o caminho a seguir, o desenvolvimento dos protótipos atuais – de 1000 cc, pacotes aerodinâmicos extremos, sistemas de ajuste das suspensões, etc – não irá parar até ao fim da ‘vida útil’ desta atual geração de MotoGP.
O que irá acontecer é que a partir de um determinado momento os fabricantes irão desviar parte dos seus recursos, que técnicos, quer financeiros, para os novos projetos que estarão em competição dentro de dois anos e meio, sensivelmente.
E quando é que poderemos ver as novas MotoGP de 850 cc em pista pela primeira vez?
Naturalmente que as motos vão ter de ser testadas e desenvolvidas em diversos testes em circuito ao longo dos próximos dois anos e meio, antes da estreia oficial em competição em 2027. Romano Albesiano deixa um “deadline”: o mais tardar na primavera de 2026!
Aliás, o responsável técnico da Aprilia Racing acredita que as motos de 850 cc estarão em pista antes disso.
Os fabricantes, assim que todo o regulamento técnico para a próxima geração de protótipos de MotoGP for aprovado e oficializado, o que deverá acontecer durante o Grande Prémio de França, a acreditar nos rumores, terão depois de tomar uma importante decisão: continuar a investir recursos técnicos e financeiros para evoluir os atuais protótipos que em breve deixam de ser usados, ou dividir recursos e começar a trabalhar rapidamente nas novas motos congelando o desenvolvimento das atuais, arriscando não conseguir lutar pelos títulos até 2027?
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