A aquisição de 86% da Dorna Sports por parte da Liberty Media continua a causar “ondas de choque”, com inúmeras personalidades e fãs de MotoGP a reagirem das mais diversas formas ao negócio que permite que os “donos” da Fórmula 1 possam agora deter também os direitos de MotoGP, sem esquecer o Mundial Superbike e outros campeonatos organizados pela Dorna Sports.
Mesmo que o negócio de compra dos direitos de MotoGP esteja ainda pendente da aprovação das autoridades que gerem as questões relacionadas com as leis da concorrência, a verdade é que atualmente pairam sobre o MotoGP uma série de hipóteses que podem ter um forte impacto sobre o futuro do mundial e da categoria rainha.
As hipóteses mais comentadas são a da eventual realização de um Grande Prémio partilhado entre o MotoGP e a Fórmula 1, mas também a entrada da BMW Motorrad como um novo fabricante para se juntar à Aprilia, Ducati, Honda, KTM e Yamaha.
Com tanta coisa a acontecer em tão pouco tempo, e com tantas dúvidas sobre esta situação a surgirem quase à velocidade a que os protótipos de MotoGP rodam em pista, Carlos Ezpeleta, diretor desportivo da Dorna Sports, empresa que continuará a liderar os destinos da categoria rainha e mantém a sede em Madrid, decidiu conceder uma entrevista ao podcast espanhol Por Orejas.
Carlos Ezpeleta, para além de falar de muitos temas, não esconde que existe a possibilidade de se realizar mesmo um fim de semana de Grande Prémio partilhado entre MotoGP e a F1: “Bom, é algo que neste momento, por razões óbvias, não está nos planos imediatos e não é algo em que estejamos a trabalhar. Mas não é uma coisa que colocamos de parte num futuro a médio prazo”.
Porém, para que pudesse acontecer um fim de semana de Grande Prémio em que teríamos na mesma pista, embora em momentos diferentes, claro, os protótipos de MotoGP e os monolugares de F1, seria necessário ultrapassar uma série de questões relacionadas com público e com patrocinadores:
“Mas a realidade é que isto faz pouco sentido. No fim do dia, temos eventos com a nossa própria base de fãs, que na maioria dos locais é uma base de fãs diferente da F1. Eles esgotam em muitos circuitos, e nós também, por isso ter toda a gente no mesmo evento, no mesmo fim de semana, tem dificuldades e o retorno do investimento ainda não é claro para nós. Depois temos também problemas com os patrocinadores, as câmaras de TV. Por isso é um projeto, ou melhor, seria um projeto algo complicado. Depois também não existem muitos circuitos que permitam fazer isto. Por isso não é um projeto que tenha sido descartado, mas também não estamos a trabalhar nele”.
Quem também aproveitou este momento de “rescaldo” do negócio da compra do MotoGP por parte da Liberty Media foi Carmelo Ezpeleta. O CEO da Dorna Sports, que vai manter-se na liderança dos destinos do Mundial de Velocidade, participou num programa de YouTube do portal italiano GPOne, tendo abordado também a questão da realização conjunta de um Grande Prémio com a F1:
Carmelo Ezpeleta começou por referir que “Stefano Domenicali (CEO da F1) e eu somos grandes amigos, quase dois irmãos. Ele fez um trabalho fantástico na F1, falámos muito e a presença dele foi importante para este acordo. É uma coisa em que temos de pensar. É uma ideia que eu e o Stefano falámos no passado e não era possível concretizar por ser complicado. Mas eu não consigo parar de pensar nessas hipóteses”.
Com a ideia de um Grande Prémio partilhado entre o MotoGP e a F1 num plano secundário do ponto de vista da organização dos dois campeonatos, o momento na categoria rainha é de grandes mudanças.
Nomeadamente com a possível chegada da BMW Motorrad ao MotoGP.
A marca alemã já é parceira do Mundial de Velocidade a vários níveis, como por exemplo fornecendo os conhecidos “safety car”, “medical car” ou até mesmo garantindo prémios especiais aos pilotos no final da temporada.
Sobre o tema da BMW Motorrad e a sua entrada em MotoGP, Carmelo Ezpeleta refere que “Uma coisa é ser possível, e outra é ser concretizável. Obviamente que temos de esperar pelos novos regulamentos, que serão publicados em breve. Penso que não vamos ter de esperar mais de um mês, mês e meio. E depois os fabricantes vão poder considerar as possibilidades. Seria importante que outros fabricantes entrem e a BMW Motorrad é um fabricante muito importante”.
E quem também não esconde a vontade de entrar em MotoGP, ainda que com cautelas, é a própria marca alemã.
À ‘boleia’ do novo regulamento técnico que entrará em vigor apenas em 2027, Markus Flasch, presidente da BMW Motorrad, referiu durante a ronda do Mundial SBK na Catalunha que “Estamos em contacto com a Dorna em relação ao novo regulamento. É óbvio que isto faz parte das nossas avaliações. 2027 seria um bom momento para entrar no MotoGP, mas isto não irá forçar as nossas decisões”.
Para Flasch, que se confessa um fervoroso adepto do MotoGP e que realça que foi o próprio a fazer um “forcing” para garantir que a BMW está presente no Mundial de Velocidade através dos já referidos automóveis da gama M da marca de Munique, a possível entrada da BMW Motorrad “Não é uma decisão só minha, são necessárias análises mais cuidadosas antes de tomar certas decisões. O financiamento necessário para tomar determinadas decisões é um aspeto, a marca outro, mas se a fusão de todas as análises for positiva, tudo seria mais fácil”.
O que é certo para a BMW Motorrad é que o foco neste momento está inteiramente centrado no sucesso no Mundial Superbike, com a marca alemã a apostar tudo na conquista do título por parte de Toprak Razgatlioglu.
Aliás, o piloto turco, que chegou a tentar entrar no MotoGP com a Yamaha, é o nome mais falado para integrar esse possível projeto da BMW Motorrad na categoria rainha.
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