Terminou em apoteose o Grande Prémio de França de MotoGP! Perante a notícia de que o circuito de Le Mans voltou a ser invadido por centenas de milhares de fãs, e temos por isso novo recorde de público num fim de semana de GP, com o novo recorde a ser agora de 297.471 pessoas nos três dias, assistimos a um espetáculo incrível e que durou até à bandeira de xadrez.
Neste domingo de Grande Prémio de França as condições de pista alteraram significativamente, nomeadamente devido às temperaturas mais baixas e com o céu azul de sábado a dar lugar a nuvens bastante cinzentas.
Para a corrida longa do fim de semana da categoria rainha com 27 voltas a cumprir ao circuito de Le Mans, a grande maioria dos pilotos optou por equipar a sua moto com a mesma combinação de pneus: duro na frente e macio na jante traseira.
Assim que os semáforos se apagaram, Jorge Martin (Prima Pramac Ducati) não foi capaz de manter a liderança como na corrida Sprint, e por isso teve de ceder a primeira posição aquele que será o seu maior rival na luta pelo título.
Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) desta feita não sentiu ‘coisas estranhas’ na sua Desmosedici GP24, conseguiu um excelente arranque, assumiu a liderança e foi assim o primeiro líder do Grande Prémio de França.
Atrás dos dois primeiros vimos Maverick Viñales (Aprilia Racing) a falhar a travagem na chegada à chicane Dunlop e por isso a perder algumas posições, enquanto da 13ª posição vimos Marc Márquez (Gresini Racing) a fazer um bom arranque e a conquistar rapidamente cinco posições para se envolver na discussão pelas melhores posições.
Mais atrás, Miguel Oliveira (Trackhouse Racing) não perdia nem ganhava posições nas primeiras curvas.
Mas o português estava com vontade de pontuar e entrar rapidamente no ‘top 10’, pelo que à terceira volta consegue consumar a ultrapassagem a Jack Miller (Red Bull KTM Factory) para subir a 11º, sendo que momentos depois dessa ultrapassagem Miguel Oliveira beneficia da queda do “rookie” Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3), que estava a discutir o 4º lugar, para então ganhar mais uma posição e reclamar o 10º lugar.
Na frente da corrida de MotoGP continuava a rodar Francesco Bagnaia, que depois da desistência na Sprint queria recuperar pontos a Martin. Mas o ‘Martinator’ não estava disposto a deixar o bicampeão ‘Pecco’ fugir, e assim manteve-se sempre muito próximo do italiano da equipa de fábrica.
Atrás dos dois era Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46) que estava em bom plano, conquistando a terceira posição a Aleix Espargaró, que em dificuldades viu também o seu companheiro Maverick Viñales, em modo recuperação, a conseguir passar para 4º, e pouco depois era a vez de Marc Márquez prosseguir a sua ascensão na classificação para também passar o veterano piloto da Aprilia Racing.
À 12ª volta, e com a situação na frente da corrida entre os dois primeiros relativamente estável, Aleix Espargaró é atacado de uma forma mais ‘musculada’ por Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team), sendo obrigado a sair de pista, ficando à frente de Miguel Oliveira que estava então em 9º, já a sofrer para aguentar o ritmo de Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), com o francês a não dar chances ao português de tentar ultrapassar, isto nos primeiros momentos, e depois a conseguir mesmo abrir uma pequena margem de algumas décimas entre os dois.
Por sua vez, Bastianini acabaria por ser penalizado, não pela manobra em si, mas porque na sequência da mesma viria a ‘atalhar’, tendo depois de cumprir uma “long lap”.
Cumpriu a penalização na volta seguinte, a 13ª, e quando reentrou em pista ficou imediatamente atrás de Miguel Oliveira e da sua Aprilia RS-GP24 da Trackhouse Racing, que então tinha subido a 8º aproveitando a penalização do italiano da Ducati.
Nesta fase intermédia do Grande Prémio de França de MotoGP já se percebia que Miguel Oliveira estava a sofrer aos comandos da sua moto.
À 15ª volta ao circuito de Le Mans, Miguel Oliveira acabou mesmo por ceder, com problemas na sua Aprilia. Perdeu para Bastianini e desceu a 9º novamente, e depois perdeu mais algumas posições inicialmente, acabando por entrar mesmo na sua box, abandonando uma corrida onde estava a caminho de mais um domingo a pontuar em MotoGP.
De momento ainda não são conhecidas, oficialmente, as causas que levaram ao abandono do Miguel Oliveira neste Grande Prémio de França.
Porém, há informações de que terá sido um problema com o pneu traseiro da sua moto, enquanto algumas imagens parecem mostrar fumo a sair da moto do piloto português. Aguardamos por novidades oficiais sobre este assunto, para além das habituais declarações do Miguel Oliveira, onde esperamos que o piloto da Trackhouse Racing explique e reaja a este final de fim de semana em Le Mans para esquecer.
ATUALIZAÇÃO
Entretanto a equipa Trackhouse Racing já comentou o abandono de Miguel Oliveira. A equipa americana refere nas suas redes sociais que o problema técnico que levou a que o piloto português não pudesse continuar a prova francesa foi ao nível do sistema de escape.
Com Miguel Oliveira fora de ação, o foco de interesse dos milhares de fãs no circuito francês, e os muitos milhões que assistiram na televisão a esta corrida, centrou-se na batalha pelos lugares cimeiros.
Francesco Bagnaia mantinha-se sólido na liderança, mas nunca conseguiu verdadeiramente escapar a Jorge Martin, com o espanhol da Prima Pramac Ducati a nunca deixar que a diferença entre ambos subisse acima de meio segundo. Atrás dos dois primeiros, Marc Márquez estava fortíssimo.
O oito vezes campeão do mundo primeiro passou por Maverick Viñales para assumir a 4ª posição, e depois partiu no encalço de Fabio di Giannantonio que estava então isolado em 3º. Mas o italiano da equipa de Valentino Rossi não aguentou a pressão, cometeu um erro, permitiu a Márquez colar-se e levar também Viñales a juntar-se à batalha pelo último lugar do pódio.
No início da 18ª volta Marc Márquez lança o seu ataque mais forte na entrada na chicane Dunlop, Di Giannantonio tentou responder, sem sucesso, e para além de não conseguir recuperar o pódio, viu ainda Viñales conseguir passar e subir a 4º.
Aliás, a corrida de Fabio di Giannantonio viria a ficar aí completamente comprometida, pois o italiano também ‘atalhou’ na chicane, e foi penalizado com “long lap”.
A partir do momento que passou a ter pista livre à sua frente, Marc Márquez iniciou uma sequência de voltas rápidas que lhe permitiram colar-se aos dois pilotos à sua frente, e entrar então na discussão pela vitória.
Em poucas voltas os dois segundos que tinha de desvantagem passaram a uma ou duas décimas, maximizando, setor a setor, curva a curva, o ganho de tempo ao aproveitar da melhor forma a batalha intensa entre Bagnaia e Martin.
O espanhol da Prima Pramac Ducati já tinha conseguido então passar pelo italiano da Ducati Lenovo Team, e assim tínhamos novo líder neste Grande Prémio de França de MotoGP. Mas faltavam ainda seis voltas para a bandeira de xadrez, e tudo estava em aberto!
Um erro de Martin na entrada na chicane Dunlop deixou o líder do mundial à mercê do ataque de Bagnaia, que por sua vez tinha Marc Márquez em cima da traseira da sua moto. Formou-se então um trio à frente, com Martin a liderar com muito pouca vantagem sobre Bagnaia e com Marc Márquez a tentar espreitar pela sua oportunidade de subir ainda mais na classificação, ele que, recordamos, tinha arrancado de 13º.
Os ataques e defesas sucediam-se a grande ritmo entre os três primeiros, sem que verdadeiramente algum dos três pilotos conseguisse concretizar uma ultrapassagem. A intensidade estava no máximo, e nenhum fã estava sentado no seu lugar, pese embora tenham visto o seu maior herói, Fabio Quartararo, desistir da prova francesa quando estava a caminho de um bom resultado em frente ao seu público.
Jorge Martin não cedeu, fechou todos os espaços, manteve as suas trajetórias de forma a garantir que Francesco Bagnaia não tinha uma ‘nesga’ para colocar a roda da frente da sua Ducati. E como não conseguiu passar, Bagnaia viu-se na contingência de ter de defender o seu segundo lugar, que foi conseguindo mesmo até às últimas curvas na última volta.
O italiano viria a não resistir a um derradeiro ataque de Marc Márquez, que num daqueles momentos de ‘tudo ou nada’, tão típicos da sua forma de entender as corridas de MotoGP, consegue mesmo arranjar forma de colocar a sua Desmosedici GP23 da Gresini Racing na frente da Desmosedici GP24 da Ducati Lenovo Team, subindo a segundo e relegando aquele que tinha sido líder de grande parte do Grande Prémio de França de MotoGP para o terceiro lugar.
Jorge Martin aproveitou então para vencer pela segunda vez este fim de semana em Le Mans, fez um fim de semana perfeito – ‘pole position’, novo recorde absoluto, vitória na Sprint e vitória no Grande Prémio – e com isto reforçou a sua liderança da classificação de pilotos tendo agora mais do que a pontuação máxima de um GP de vantagem para o segundo classificado.
Marc Márquez voltou a ser segundo repetindo a posição da Sprint, dando à Gresini Racing, que hoje celebrou o seu milésimo Grande Prémio, mais um motivo para celebrar.
Francesco Bagnaia que parecia estar a caminho de recuperar pontos a Jorge Martin durante grande parte da corrida que fechou a quinta ronda da temporada de MotoGP, acabou por fechar a corrida em terceiro e com isto viu o seu rival espanhol escapar um pouco mais na luta pelo título de 2024.
Resultados do Grande Prémio de França de MotoGP
1 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)
2 – Marc Márquez (Gresini Racing)
3 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
4 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
5 – Maverick Viñales (Aprilia Racing)
6 – Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46)
7 – Franco Morbidelli (Prima Pramac Ducati)
8 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
9 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing)
10 – Alex Márquez (Gresini Racing)
Classificação de MotoGP após Grande Prémio de França
1 – Jorge Martin – 129 pontos
2 – Francesco Bagnaia – 91 pontos
3 – Marc Márquez – 89 pontos
4 – Enea Bastianini – 89 pontos
5 – Maverick Viñales – 81 pontos
6 – Pedro Acosta – 73 pontos
7 – Brad Binder – 67 pontos
8 – Aleix Espargaró – 51 pontos
9 – Fabio di Giannantonio – 47 pontos
10 – Marco Bezzecchi – 36 pontos
14 – Miguel Oliveira – 23 pontos
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