Pese embora as nossas atenções no Grande Prémio do Qatar – clique para ver os horários completos – estejam centradas no que os pilotos fazem em pista, o que se passa nos bastidores ou no paddock do circuito de Losail este fim de semana acaba por também ser bastante relevante para a competição. Nomeadamente no que diz respeito aos pneus Michelin usados na categoria rainha.
Os fãs mais atentos às questões relacionadas com regulamentos técnicos e desportivos, certamente sabem que a Michelin definiu um limite mínimo para a pressão dos pneus usados pelos protótipos de MotoGP.
O foco da aplicação desse limite mínimo de pressão é a segurança. Porém, e devido a uma combinação de diversos fatores, os pilotos acabam por sentir menos segurança precisamente devido ao limite imposto pela marca francesa.
O maior problema é a pressão do pneu dianteiro, que devido à pressão mínima obrigatória acaba por tornar-se inconstante na forma como se comporta, em particular quando a pressão aumenta em situação de corrida. Dani Pedrosa, piloto de testes da KTM, refere que assim que a pressão passa de 2,1 bar o pneu deixa simplesmente de funcionar, levando a quedas.
Respondendo aos pedidos dos pilotos e equipas de MotoGP, a Michelin aceitou reduzir o limite mínimo da pressão do pneu dianteiro. Tal como tínhamos referido no Guia Completo da temporada 2024 de MotoGP, a marca francesa baixou dos iniciais 1,88 bar para os 1,80 bar.
Uma diferença que pode parecer mínima, mas que, de acordo com Piero Taramasso, responsável da Michelin Motorsport, permite às equipas trabalhar de forma diferente a pressão inicial do pneu de forma a que nas corridas não ultrapasse o limite mínimo ou suba exponencialmente para lá da pressão “utilizável”.
Para além do valor de pressão mínima atualizado antes do início do Grande Prémio do Qatar, já durante esta sexta-feira que assinala o arranque da temporada 2024 de MotoGP no circuito de Losail, foi feita também uma atualização ao sistema de penalizações aplicadas aos pilotos que sejam apanhados abaixo da pressão mínima.
De acordo com Taramasso, hoje mesmo no Qatar foi decidido que os pneus terão de estar igual ou acima dos 1,80 bar em pelo menos em 30% das voltas totais da corrida Sprint ou 60% do total das voltas de uma corrida principal de Grande Prémio.
Adicionalmente, as penalizações que inicialmente eram de desqualificação imediata do piloto, passam a ser de 8 segundos no caso da corrida Sprint ou de 16 segundos no caso da corrida de Grande Prémio.
Este tempo é adicionado ao tempo total do piloto no final da corrida.
Para além desta questão relativa às pressões dos pneus, a Michelin também aproveita esta primeira prova do calendário 2024 para “atacar” um outro tema bastante polémico: os pneus pré-aquecidos.
Estes pneus são aqueles que a Michelin disponibiliza aos pilotos, mas que não são usados ao longo do fim de semana, embora tenham sido colocados nas mantas de aquecimento para poderem ser usados.
Estes pneus que são pré-aquecidos e não são usados acabam por ser devolvidos à Michelin. São pneus que passam um fim de semana nas mantas e são aquecidos até aos 90 graus Celsius durante os minutos que antecedem cada sessão em pista. A Michelin sempre defendeu que, tendo em conta as análises realizadas, não existe qualquer problema com este método de pré-aquecimento.
A marca francesa, até agora, o que fazia com esses pneus que sobravam, era sortear os pneus pelos pilotos de MotoGP no Grande Prémio seguinte. Muitos pilotos “sortudos” que apanharam esses pneus pré-aquecidos queixaram-se da performance diferente e abaixo do esperado, comparando com pneus “frescos”.
Para evitar este tipo de queixas, a Michelin, de acordo com o diário espanhol AS, decidiu deixar de usar pneus pré-aquecidos. E isso acontece já a partir deste Grande Prémio do Qatar.
Desta forma, a partir de agora as equipas que não utilizem pneus que têm à disposição, entregam à Michelin no final do fim de semana esses pneus não usadas, e terão uma alocação de pneus integralmente novos no Grande Prémio seguinte.
Por outro lado, e porque o método de reaproveitar pneus pré-aquecidos de um evento para o outro permitia à Michelin reduzir a pegada ambiental e custos de transporte de pneus de circuito em circuito, e como forma de evitar abusos por parte das equipas de MotoGP, a marca francesa apenas recebe de volta um máximo de 40 pneus pré-aquecidos, sem que isso implique qualquer custo para a equipa.
Se uma equipa devolver mais do que os 40 pneus pré-aquecidos “gratuitos”, passará a pagar o que podemos definir como sendo uma “multa”.
Essa multa aplicada pela Michelin implica o pagamento de 1.000 euros por pneu! E isso poderá ser uma situação complicada de gerir por parte das equipas que, certamente, não quererão dar aos seus pilotos pneus pré-aquecidos.
Fique atento a www.motojornal.pt para estar sempre a par de todas as novidades de MotoGP, com especial destaque para as performances e resultados do piloto português Miguel Oliveira. A não perder!