A longa pausa de inverno de MotoGP está quase a terminar, e dentro de poucas horas terá início a pré-temporada de 2024 com o arranque do Shakedown no circuito de Sepang, Malásia.
Estes primeiros três dias (1 a 3 de fevereiro) de Shakedown da categoria rainha antecedem o teste oficial que vai decorrer de 6 a 8 de fevereiro no mesmo circuito.
Serão por isso dias intensos e recheados de detalhes importantes que podem deixar desde já uma indicação sobre o que poderemos assistir em pista ao longo da temporada de MotoGP.
No Shakedown da categoria rainha estarão em pista os pilotos de teste de cada fabricante, o único “rookie” deste ano, Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3), mas também, pois os novos regulamentos das Concessões isso permitem, veremos em pista as equipas Yamaha e Honda com todos os seus pilotos, pois, devido aos fracos resultados nos tempos recentes, os fabricantes japoneses encontram-se na categoria D das Concessões, o que lhes confere a possibilidade de testar mais vezes e com os seus pilotos oficiais.
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Pese embora a pausa de inverno tenha obrigado (devido aos regulamentos) a grande maioria dos fabricantes a parar os trabalhos em pista, temos visto já a Honda neste início de 2024 a testar a sua nova RC213V, com o alemão Stefan Bradl a testar a moto com diversas novidades que serão, eventualmente, utilizadas este ano.
Mas quando estamos muito perto do que será o início oficial da temporada 2024 com o Shakedown seguido do teste oficial em Sepang, o que poderemos esperar ver em pista por parte de cada fabricante?
Aqui fica uma antevisão que permite antecipar algumas das situações que esperamos ver em maior detalhe no traçado malaio.
A marca de Noale, depois de uma temporada 2023 em que ficou, nas palavras da própria marca liderada por Massimo Rivola, CEO da Aprilia Racing, abaixo dos objetivos previstos, arranca para este ano com ambições renovadas e com um projeto reforçado a vários níveis.
Basta recordar que a nova equipa satélite Trackhouse Racing, onde estão integrados Miguel Oliveira e Raul Fernandez, conseguiu garantir através de um reforço financeiro que a RNF nunca demonstrou ter capacidade para fazer, duas Aprilia RS-GP24 iguais às utilizadas pela equipa de fábrica.
Inicialmente apenas Miguel Oliveira terá essa nova moto para utilizar, mas eventualmente o espanhol Raul Fernandez também a vai poder utilizar, sendo que no arranque de temporada vai pilotar a anterior Aprilia RS-GP23.
Mas quais são os pontos a desenvolver na moto italiana?
Infelizmente, no teste de final de temporada em Valência, a Aprilia não colocou em pista a nova RS-GP24. Na verdade, os pilotos Aleix Espargaró e Maverick Viñales utilizaram a moto de 2023 equipada com uma série de componentes a serem desenvolvidos para a versão de 2024.
Essa nova RS-GP24 será estreada precisamente no teste de Sepang, mas já sabemos, de acordo com o que referiu Maverick Viñales, que a moto vai ter um novo braço oscilante (testou diversas versões deste componente em Valência) e um pacote aerodinâmico bastante atualizado.
Não se deverá esperar uma grande renovação da Aprilia RS-GP para 2024. A Aprilia Racing deverá realizar alterações de pormenor, se assim podemos definir, de forma a tornar a moto italiana mais competitiva numa maior variedade de cenários e não apenas em situações mais específicas.
Piloto Aprilia no Shakedown – Lorenzo Savadori.
Pilotos Aprilia no teste – Aleix Espargaró, Maverick Viñales, Miguel Oliveira, Raul Fernandez, Lorenzo Savadori.
No campo da Ducati, Gigi Dall’Igna já confirmou que a Desmosedici GP24 será uma moto bastante diferente. As principais novidades serão o motor V4, ainda mais potente, sendo que esse novo motor será acompanhado por um novo pacote aerodinâmico que sofre uma mudança substancial para o novo ano.
Que tipo de aerodinâmica veremos na nova moto não se sabe.
Porém, tendo em conta as inúmeras e muitas vezes radicais soluções aerodinâmicas criadas pela Ducati Corse ao longo dos anos anteriores, podemos antecipar a chegada de algo verdadeiramente especial para os pilotos da Ducati Lenovo Team e também da Prima Pramac Ducati, as duas equipas que vão utilizar a nova Desmosedici GP24.
Uma versão de desenvolvimento da nova Desmosedici GP24 foi testada em Valência, com Francesco Bagnaia a avaliar de forma muito positiva o comportamento e evolução da moto em relação à GP23, nomeadamente ao nível da entrada em curva. Porém, o próprio Bagnaia refere que a moto está longe de ser perfeita, e que a Ducati vai ter de trabalhar ao nível da saída de curva.
Outro ponto de interesse para a Ducati, e também, claro, para os fãs de MotoGP, será perceber se Marc Márquez confirma a boa adaptação à moto italiana. Existe atualmente uma grande expectativa em torno da chegada do espanhol à Gresini Racing e à Ducati, e no teste de Sepang o oito vezes campeão do mundo estará novamente em pista com a sua nova moto, e, desta feita, poderá comentar as suas sensações de condução, ao contrário do que aconteceu em Valência.
Piloto Ducati no Shakedown – Michele Pirro.
Pilotos Ducati no teste – Francesco Bagnaia, Enea Bastianini, Jorge Martin, Franco Morbidelli, Marco Bezzecchi, Fabio di Giannantonio, Alex Márquez, Marc Márquez, Michele Pirro.
Para o maior fabricante mundial, 2024 será um teste verdadeiramente complicado para percebermos se o todo-o-poderoso departamento HRC consegue dar a volta a uma situação que nos tempos mais recentes não teve igual, em termos de resultados ou falta de títulos conquistados.
A saída de Marc Márquez parece ter “acordado” nos responsáveis japoneses uma vontade de fazer as coisas de forma diferente. A Honda RC213V tem sofrido de inúmeros problemas crónicos, e para 2024 a marca japonesa vai colocar em pista uma moto totalmente nova.
Do que temos visto durante os testes privados realizados por Stefan Bradl com a nova RC213V, a moto japonesa tem novidades a todos os níveis: aerodinâmica, quadro, braço oscilante, motor, sistema de escape, e todos os outros detalhes que fazem a diferença em MotoGP.
Para além do que conseguimos identificar visualmente na moto, sabemos que a Honda terá conseguido reduzir em nada menos do que 8 kg o peso do conjunto!
Essa redução do peso poderá ser o segredo para melhorar de forma clara a performance da moto, e ajudar os quatro pilotos Honda – Joan Mir e Luca Marini na Repsol Honda, Johann Zarco e Takaaki Nakagami na LCR Honda – a conseguirem resultados condizentes com os pergaminhos do HRC e da marca em MotoGP.
Joan Mir referiu em Valência que a moto apresenta melhorias em todos os aspetos, e que, pela primeira vez desde que chegou à Honda, a moto faz aquilo que ele precisa que ela faça, e faz isso de forma “ativa”, sem ser necessário forçar. Isto poderá levar não só a melhores tempos por volta, como também a menos quedas. Algo que em 2023 foi uma constante entre os pilotos Honda.
Pilotos Honda no Shakedown – Joan Mir, Luca Marini, Johann Zarco, Takaaki Nakagami, Stefan Bradl, Takumi Takahashi.
Pilotos Honda no teste – Joan Mir, Luca Marini, Johann Zarco, Takaaki Nakagami, Stefan Bradl, Takumi Takahashi.
Nas hostes da KTM / GasGas, o grande foco de atenções é a chegada de Pedro Acosta. O campeão de Moto2 sobe este ano ao MotoGP, o único a estrear-se na categoria rainha este ano.
Porém, a KTM RC16 / GasGas RC16 tem também diversas novidades para a temporada 2024. As mais destacadas serão um novo quadro em fibra de carbono, que já vimos ser utilizado, e com bons resultados, em determinados momentos da temporada anterior.
Para além da estrutura em carbono, a KTM / GasGas vai apresentar muitas novidades ao nível do pacote aerodinâmico, ou ainda um sistema de escape que será uma evolução das duas ponteiras mais longas que vimos em 2023.
Pilotos KTM / GasGas no Shakedown – Pol Espargaró, Dani Pedrosa, Pedro Acosta.
Pilotos KTM / GasGas no teste – Brad Binder, Jack Miller, Pedro Acosta, Augusto Fernandez, Pol Espargaró, Dani Pedrosa.
Tal como acontece com a compatriota Honda, também a casa de Iwata tem pela frente uma difícil missão de dar a volta a uma situação de falta de performance da sua moto. A Yamaha YZR-M1 tem vindo a ficar cada vez mais afastada do topo do MotoGP, e nem mesmo Fabio Quartararo tem conseguido levar a moto japonesa aos lugares cimeiros, salvo raras exceções.
Para 2024 os engenheiros da Yamaha estarão decididos a renovar profundamente a M1, em todos os departamentos. A acreditar nas palavras de Quartararo em Valência, quer no Shakedown, quer depois no teste de Sepang de MotoGP, teremos uma moto a ostentar um pacote aerodinâmico mais evoluído e que, diz o piloto francês, é uma clara melhoria em comparação com a versão anterior.
Porém, o motor quatro cilindros em linha, o único com esta arquitetura num campeonato em que todas as outras motos são V4, será o alvo das maiores atenções no sentido de ganhar “pulmão” e equiparar-se à performance dos motores dos fabricantes rivais.
Pilotos Yamaha no Shakedown – Fabio Quartararo, Alex Rins, Cal Crutchlow.
Pilotos Yamaha no teste – Fabio Quartararo, Alex Rins, Cal Crutchlow.
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