Depois de um fim de semana onde vimos grandes pilotos nas várias categorias do Mundial de Velocidade a mostrarem o seu talento, o fim da festa do Grande Prémio de Portugal teve os ingredientes para deixar os fãs de MotoGP felizes e satisfeitos com o que viram este domingo no Autódromo Internacional do Algarve (AIA).
Já se esperava que as 25 voltas do Grande Prémio de Portugal de MotoGP fossem repletas de momentos memoráveis, mas nem mesmo os muitos milhares de fãs que preencheram as bancadas da ‘Montanha Russa’ algarvia conseguiriam “escrever” um guião repleto de tantas surpresas.
Com os pilotos de MotoGP desta feita a optarem de forma unanime pela combinação de pneu duro / médio para as suas motos, deixando assim todos em igualdade neste particular, assim que os semáforos se apagaram deu-se início a uma intensa batalha por posições, com Jorge Martin (Prima Pramac Ducati) a ser o mais rápido no arranque, ascendendo então à liderança.
Atrás do espanhol as “escaramuças” na categoria rainha eram muitas, com Maverick Viñales (Aprilia Racing) a segurar o segundo lugar na frente de Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team), que desta feita não teve problemas com o “holeshot” da sua Ducati como aconteceu na Sprint de sábado, e por isso partiu melhor da “pole position”, mas ainda assim não segurou a primeira posição.
Mais atrás era a vez de Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) enfrentar a ameaça Marc Márquez (Gresini Racing), uma luta entres os dois Ducati que viria a terminar de forma “dolorosa” para ambos, e com as duas Red Bull KTM Factory de Jack Miller e Brad Binder a enfrentarem a RC16 da Red Bull GasGas Tech3 de Pedro Acosta.
Tudo muito compacto nos momentos iniciais, com diversos ataques e contra-ataques, e também com Miguel Oliveira (Trackhouse Racing), sempre muito apoiado ao longo do fim de semana, a garantir um excelente arranque e a conseguir subir de 15º na grelha de partida até 11º ainda na primeira volta e assim o ambicionado “Top 10” estava agora ao alcance do português.
Com os três primeiros a manterem as suas posições e diferenças relativamente estáveis entre si, o maior foco de interesse centrou-se primeiro em Pedro Acosta.
O “rookie” não demorou muito a “despachar” as duas KTM, aproveitando um momento de erro de Miller que deixou Binder e Acosta passar, tendo o piloto da GasGas depois passado por Binder numa manobra espetacular no início da 7ª volta, e assumido então a perseguição a Marc Márquez que rodava em 5º, e por sua vez estava com Bagnaia na mira.
Mais atrás, Miguel Oliveira tinha pela frente as duas Monster Energy Yamaha, com Fabio Quartararo e Alex Rins a rodarem em 9º e 10º. Alex Rins não aguentou a pressão do português da Trackhouse Racing e trocaram de posições, e depois o espanhol da Yamaha acabou mesmo a corrida em dificuldades e a perder várias posições.
Miguel Oliveira manteve-se na traseira da M1 de Quartararo durante várias voltas, rodava mais rápido do que o francês algumas voltas, mas nunca conseguiu concretizar essa desejada ultrapassagem, até que na 19ª volta conseguiu mesmo subir a 9º por troca com Quartararo, e num momento em que estava a fazer as suas melhores voltas em corrida.
Mas este momento de recuperação muito positivo do português acabou por terminar pouco depois, quando Miguel Oliveira desceu, de uma só vez, de 9º até 12º perdendo posição para Fabio Quartararo, Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46) e também para Aleix Espargaró (Aprilia Racing), que depois de um mau começo estava em boa forma no final da corrida.
Essa perda de posições do piloto português ficou a dever-se a um ataque de Marco Bezzecchi, que obrigou o #88 da Trackhouse Racing a alargar muito a trajetória na primeira curva, e depois reentrou em pista na já referida 12ª posição, tendo então de recomeçar todo o seu trabalho para recuperar as posições perdidas.
Lá na frente as emoções estavam então ao rubro!
Tudo porque mais uma vez o “rookie” Pedro Acosta, já depois de passar por Marc Márquez sem receios, em mais uma manobra muito bem calculada, passou rapidamente ao ataque ap 4º lugar de Francesco Bagnaia.
O bicampeão de MotoGP não estava confortável com a pressão do espanhol campeão de Moto2 em título. Acosta parecia estar mais rápido, mas, tal como no Qatar, a meio do Grande Prémio de Portugal ficava a dúvida no ar: conseguiria levar o esforço até ao fim?
Seja como for, e depois de várias tentativas, e às quais Bagnaia foi sempre respondendo à altura, Pedro Acosta conseguiu mesmo levar a melhor sobre o italiano da Ducati Lenovo Team, na curva 3. A partir daí, e com caminho livre, Acosta estava em 4º e de repente o sonho de terminar no pódio começava a desenhar-se.
Com Acosta aparentemente intocável, Bagnaia passou a ter de se preocupar com Marc Márquez. O italiano com a Desmosedici GP24 e o espanhol com a Desmosedici GP23.
Não foi preciso aguardar muito tempo para ver o oito vezes campeão do mundo passar verdadeiramente ao ataque. Bagnaia tentou tudo para manter Marc Márquez atrás de si, mas o piloto da Gresini Racing decidiu atacar mais forte na curva 5, a Torre VIP do AIA.
A três voltas do fim, o mais velho dos irmãos Márquez vislumbrou um espaço para meter a sua moto por dentro, travou mais tarde, alargou um pouco depois na saída, e ‘Pecco’ Bagnaia tentou responder de imediato procurando acelerar mais cedo.
O toque entre ambos, devido ao cruzamento de trajetórias, foi inevitável. Bagnaia acabou por tocar na moto de Marc Márquez, e ambos terminaram a deslizar pelo asfalto do Autódromo Internacional do Algarve. Regressaram à corrida, muito atrasados, e Bagnaia viria mesmo a abandonar.
O embate entre os pilotos Ducati foi considerado como incidente de corrida, pelo que não haverá qualquer penalização associada a esta situação.
Estava assim dado o primeiro “golpe de teatro” nesta corrida principal de domingo do Grande Prémio de Portugal de MotoGP, com dois dos principais pilotos da categoria a ficarem fora das contas finais.
Com a queda destes dois pilotos, Miguel Oliveira ascendia novamente ao “Top 10”, e novamente a rodar dentro do objetivo que tinha definido como sendo um resultado positivo tendo em conta o atual momento que passa aos comandos da sua Aprilia RS-GP24 da Trackhouse Racing.
Com tudo isto a acontecer alguns metros mais atrás de si e que envolvia dois dos seus principais e mais fortes rivais, Jorge Martin, que liderou sempre a corrida, ia respondendo aos ataques de Maverick Viñales que queria afastar a pressão de Enea Bastianini.
O espanhol vice-campeão de MotoGP não mostrou qualquer erro de pilotagem, não cedeu, e manteve o ritmo até à bandeira de xadrez, pelo que Jorge Martin voltou às vitórias nas corridas principais de Grande Prémio de MotoGP, e sobe à liderança do campeonato.
Mas os “golpes de teatro” deste Grande Prémio de Portugal ainda não tinham terminado.
Com Jorge Martin intocável, Maverick Viñales parecia ter conseguido defender o seu segundo lugar. Mas na penúltima volta Enea Bastianini preparou o seu derradeiro ataque para a reta da meta do AIA, saiu mais próximo da Aprilia do espanhol que venceu a Sprint, até que, sem nada o fazer prever, a moto de Viñales sofre um problema técnico (caixa de velocidades) que o deixou à mercê do ataque desferido por Bastianini e a sua Ducati.
Em plena reta da meta e com milhares de fãs na bancada principal de pé a assistir surpreendidos a tudo isto, Bastianini assumiu então a segunda posição e fechou o fim de semana no Algarve com um merecido 2º lugar, enquanto Maverick Viñales ia lutando com a sua Aprilia RS-GP24.
Infelizmente para o espanhol, e já na escapatória da curva 1 do AIA, o problema que sentiu na reta da meta acabou por tornar-se mais grave.
A moto ficou em ponto-morto quando tentou engrenar uma nova relação de caixa, e quando engrenou e acelerador, “bloqueou” de forma repentina e Viñales acabou por ser “cuspido” para o solo dando a sua corrida terminada de forma inglória já na última volta do Grande Prémio de Portugal.
Isto permitiu que os pilotos atrás tirassem benefício disto.
Nomeadamente o “rookie” Pedro Acosta, que já estaria satisfeito e conformado com o 4º lugar, mas que de repente se viu a rodar em 3º e foi nessa mesma posição que cruzou a linha de meta nessa corrida principal de domingo de MotoGP em Portugal, tornando-se no terceiro piloto mais jovem de sempre a subir ao pódio da categoria rainha.
Um início de carreira em MotoGP muito interessante para Pedro Acosta e para a GasGas.
Miguel Oliveira que tinha então o 10º lugar garantido, conseguiu também ascender uma posição, cruzando a meta em 9º para gáudio dos milhares de fãs que viram o piloto português superar as muitas dificuldades reconhecidas ao longo do Grande Prémio de Portugal para fechar em nota mais positiva o fim de semana no Autódromo Internacional do Algarve.
Consegue adicionar 7 pontos à sua conta pessoal no campeonato, que poderiam ter sido bem mais não fosse aquele momento mais “quente” com Bezzecchi, e tem agora um total de 8 pontos numa classificação que é agora liderada de forma isolada por Jorge Martin com 60 pontos.
Resultados do Grande Prémio de Portugal de MotoGP 2024
1 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)
2 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
3 – Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3)
4 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
5 – Jack Miller (Red Bull KTM Factory)
6 – Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46)
7 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
8 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing)
9 – Miguel Oliveira (Trackhouse Racing)
10 – Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46)
Classificação de pilotos após GP de Portugal
1 – Jorge Martin – 60 pontos
2 – Brad Binder – 42 pontos
3 – Enea Bastianini – 39 pontos
4 – Francesco Bagnaia – 37 pontos
5 – Pedro Acosta – 28 pontos
6 – Marc Márquez – 27 pontos
7 – Aleix Espargaró – 25 pontos
8 – Maverick Viñales – 19 pontos
9 – Jack Miller – 16 pontos
10 – Fabio di Giannantonio – 15 pontos
14 – Miguel Oliveira – 8 pontos
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