No passado dia 1 de abril os fãs de MotoGP ficaram a saber que os direitos do campeonato passaram a ser detidos pela Liberty Media, num negócio que envolveu a aquisição de 86% da Dorna Sports. Porém, nesse mesmo dia, em Aragão, iniciaram-se também as obras de renovação do circuito Motorland Aragón.
À primeira vista, estas obras não seriam “alvo” da nossa particular atenção. Porém, a realidade é que o campeonato pretende, como foi afirmado pelos seus responsáveis durante o anúncio da compra por parte da Liberty Media, deixar a Europa e abraçar novos países. E as novas obras em Motorland Aragón acabam com uma ideia de rotação dos circuitos ibéricos no calendário de MotoGP.
Essa rotação seria necessária para permitir a entrada de novos circuitos no calendário do Mundial de Velocidade, mas o projeto inicial está agora “em pausa”.
De acordo com as informações oficiais, o circuito Motorland Aragón está garantido no calendário até 2026, o que perfaz um total de três anos consecutivos a receber uma prova de MotoGP. O que não era suposto acontecer.
Para que esta mudança na estratégia da rotação dos circuitos ibéricos aconteça, muito contribuiu o investimento do governo de Aragão, que assinou um novo acordo com a Dorna Sports para os próximos três anos.
Neste novo acordo, que substitui o anterior assinado em 2022, o governo local compromete-se a revitalizar o circuito Motorland Aragón, investindo 8 milhões de euros no desenvolvimento territorial da zona circundante ao traçado espanhol. Esta determinação governamental parece ter convencido Carmelo Ezpeleta e a “sua” Dorna Sports a aceitar assinar o novo acordo, e desta forma teremos o Grande Prémio de Aragão confirmado em 2024, 2025 e 2026, quando era suposto que até 2026 apenas se realizassem ali mais dois GP.
Para além do investimento do governo regional de Aragão, o próprio circuito tem de ser alvo de obras de renovação.
A Comissão de Segurança da FIM pediu que fossem substituídos os corretores nas curvas 7, 10, 15 e 17, para além da total substituição do asfalto do Motorland Aragón. Recordamos que o asfalto atual já foi aplicado há 14 anos, e por isso apresenta sinais de desgaste devido à utilização que foi sendo dada ao Motorland Aragón pelas mais diversas competições.
Os trabalhos de renovação do traçado espanhol vão durar até final de junho e incluem também a construção de um novo sistema de drenagem de água, ou ainda a modificação de diversas escapatórias. O custo destas obras ascende a 6,2 milhões de euros.
Refira-se ainda que estes custos deverão ser relativamente fáceis de recuperar.
Se nos basearmos num estudo do Instituto de Desenvolvimento de Aragão, o impacto económico da realização do Grande Prémio de MotoGP no traçado Motorland Aragón resulta em 47 milhões de euros que entram na economia local. Desta forma é possível ao governo regional justificar o nível de investimento que está a ser realizado no circuito.
Com o plano inicial da Dorna de aplicar a estratégia de rotação anual de circuitos ibéricos, mas com vários circuitos a negociarem com a promotora do MotoGP acordos individuais que lhes garantem a presença no calendário, será interessante perceber como é que cada circuito vai conseguir “salvar-se”.
Nomeadamente o Autódromo Internacional do Algarve, que acolhe o Grande Prémio de Portugal. Basta pensar que, conforme referiu Paulo Pinheiro, CEO da Parkalgar, apesar do enorme impacto económico na região do Algarve provocado pelo GP de Portugal, a verdade é que os responsáveis governamentais ainda não garantiram o apoio que permite ao AIA manter-se por mais anos no calendário.
Para já, sabemos que os responsáveis do traçado português estão já a trabalhar para garantir o Grande Prémio de Portugal em 2025. Mas a realidade é que, neste momento, esse evento não está ainda garantido e o acordo era apenas para a 2024.
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