Foi, a todos os títulos, uma corrida de Grande Prémio de São Marino de MotoGP caótica e com resultados finais que poucos fãs antecipavam. A chuva decidiu aparecer no Misano World Circuit Marco Simoncelli e, claro, esse detalhe viria a baralhar por completo as contas dos principais candidatos à vitória e ao título da categoria rainha.
Com 27 voltas por cumprir nesta corrida principal do Grande Prémio de São Marino, a poucos minutos do início da mesma algumas gotas de chuva faziam prever que teríamos uma corrida com piso molhado.
A Direção de Corrida deu a indicação, com bandeiras brancas, de que os pilotos poderiam entrar na box para trocar para motos com pneus de chuva, pelo que tudo poderia acontecer. O que veio mesmo a confirmar-se!
Assim que os semáforos se apagaram dando então início à corrida, e com todos os pilotos de MotoGP a optarem por manter as suas motos equipadas com pneus slick, foi Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) a aproveitar um momento mais ‘quente’ entre os pilotos da Prima Pramac Ducati, para manter o primeiro lugar após as primeiras curvas.
Franco Morbidelli não conseguiu suplantar o seu companheiro de equipa e líder do Mundial, Jorge Martin, com o espanhol rapidamente a colar-se ao seu maior rival na luta pelo título de 2024. Este trio garantiu uma pequena margem para o grupo de perseguidores.
Mais atrás, Miguel Oliveira (Trackhouse Racing) procurou rapidamente subir na classificação. Mas, tal como na corrida Sprint, o bom arranque não foi suficiente, pois o português estava ‘preso’ no meio do pelotão que, neste domingo, não contou com a presença de qualquer piloto da Repsol Honda, pois Luca Marini apresentou febre e falta de forças durante a noite e foi dado como inapto, juntando-se a Joan Mir que nem sequer participou nos treinos.
Miguel Oliveira ficava então a ocupar a 19ª posição depois de ter chegado a rodar em 17º nos momentos iniciais, e por aí ficou nas primeiras voltas, antes da chuva começar a fazer-se sentir com maior intensidade.
No grupo que discutia as posições de pódio nada de novo. Bagnaia mantinha Martin atrás de si com uma pequena margem de meio segundo, enquanto Morbidelli procurava não deixar os dois candidatos ao título escaparem à sua frente.
Um pouco mais atrás era Pedro Acosta (Red Bull GasGas Tech3) a tornar-se no primeiro piloto a cair neste Grande Prémio de São Marino. O “rookie” espanhol, que já tinha estado envolvido num momento bastante físico com Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46), tendo ficado com a sua GasGas RC16 danificada a nível aerodinâmico, não evitou uma queda à quinta volta. Acosta viria a regressar à corrida, mas muito atrasado.
Nesse momento Miguel Oliveira aproveitou a queda do espanhol para subir a 18º, e pouco depois o português consegue mesmo superar a oposição do francês Johann Zarco (Castrol Honda LCR) para subir mais uma posição passando a ocupar o 17º lugar.
De regresso à frente da corrida, Morbidelli, que até estava a ser o mais rápido do trio da frente, não evita uma queda que o deixou fora de ação. Com isto vimos Bagnaia e Martin ficarem isolados no topo da corrida de MotoGP, enquanto Enea Bastinini (Ducati Lenovo Team) estava agora em 3º.
Até que no final da 7ª volta da corrida começa o caos.
Com pingos de chuva mais grossos a deixarem o asfalto de Misano mais molhado, ou húmido, em determinados pontos do circuito italiano, Jorge Martin, que estava ‘em cima’ de Francesco Bagnaia, decide arriscar tudo e, antecipando que a aderência iria ficar demasiado comprometida para continuar com slicks, entra na box para trocar para a sua moto equipada com pneus de chuva.
O líder do campeonato arriscou, e tal como ele diversos outros pilotos também decidiram que seria melhor competir com pneus de chuva.
O risco de Martin, e de todos os outros pilotos que trocaram para pneus de chuva, não compensou. Longe disso! A chuva não se intensificou, o asfalto continuou bom para os pneus slick, e quem foi para pneus de chuva rapidamente se apercebeu do erro cometido e regressaram à box para voltarem a trocar para as motos com pneus slick.
Isto significou muito tempo perdido para esses pilotos, nomeadamente para Jorge Martin, que no final destas duas passagens pela box da Prima Pramac Ducati regressou à pista e foi dobrado pelos primeiros classificados. A corrida de Martin estava ‘estragada’ pela sua decisão, e o melhor que o espanhol fez foi chegar ao fim em 15º e salvar um ponto.
Com vários pilotos a trocarem de motos, os que se mantiveram em pista com pneus slick saíram beneficiados.
Francesco Bagnaia parecia estar confortável na liderança. Porém, Marc Márquez (Gresini Racing), que até tinha, na sua antevisão para as corridas de Misano depois da má qualificação, dito que não estaria na luta pela vitória, soube ler perfeitamente as condições de aderência e decidiu atacar com tudo.
O #93 estava então muito forte, e pressionou Bagnaia. A ultrapassagem de Márquez a Bagnaia foi consumada à 8ª volta. E a partir daí, mesmo com o italiano a querer responder ao espanhol da Gresini Racing, a verdade é que Márquez não deu mais hipóteses a Bagnaia para sonhar com a vitória neste Grande Prémio de São Marino.
A corrida ficou decidida quando a poucas voltas do fim Marc Márquez apertou o ritmo, fez um par de voltas mais rápidas, e deixou Francesco Bagnaia a mais de dois segundos. A vantagem viria a aumentar até final, e com isto o oito vezes campeão mundial levou a melhor numa corrida caótica e totalmente imprevisível.
É a segunda vitória consecutiva de Marc Márquez em Grandes Prémios – Aragão e São Marino –, algo que não acontecia ao espanhol desde 2021. Precisou de 1043 para regressar às vitórias ao domingo, e agora, sete dias depois dessa vitória em Aragão, Marc Márquez voltou a vencer e começa a ser uma verdadeira ameaça na luta pelo título de MotoGP que parecia estar fechada a dois pilotos.
E também não deixa de ser curioso que esta vitória é conseguida com o regresso da decoração homenagem a Fausto Gresini, fundador da Gresini Racing. Um detalhe que Marc Márquez não deixou passar despercebido no final da corrida, referindo que talvez tenha sido Fausto a ‘lançar uma gotas de chuva’ lá de cima, ajudando-o a vencer em Misano.
Francesco Bagnaia, mesmo sem estar a 100% fisicamente, e pese embora a desilusão de perder mais uma vez para um rival direto (e espanhol) na sua ‘casa’ e em frente aos seus fãs, consegue encurtar para apenas 7 pontos a diferença que o separa de Jorge Martin no campeonato. O que não deixa de ser uma boa operação em termos pontuais para o italiano da Ducati Lenovo Team.
O pódio nesta corrida ficou completo com a presença de Enea Bastianini, ele que também está na luta pelo título de MotoGP.
Quanto a Miguel Oliveira, e depois da subida a 17º e com diversos pilotos à sua frente a entrarem na box para trocar para motos com pneus de chuva, o português não arriscou nessa troca e manteve-se em pista com slicks. Isso permitiu-lhe subir bastante na classificação, ficando em 11º atrás de Pol Espargaró (Red Bull KTM Factory).
O português rodou isolado praticamente a corrida toda até à bandeira de xadrez, estando a mais de nove segundos do piloto de testes da KTM que aqui fez novo “wildcard”, e com uma vantagem significativa sobre Johann Zarco que estava atrás de si.
Desta forma o piloto luso da Trackhouse Racing consegue somar importantes 5 pontos para o campeonato, onde ocupa a 13ª posição.
Aguardamos agora pelas declarações de Miguel Oliveira sobre o resultado desta corrida principal do Grande Prémio de São Marino de MotoGP.
Resultados do Grande Prémio de São Marino de MotoGP
1 – Marc Márquez (Gresini Racing)
2 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
3 – Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team)
4 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
5 – Marco Bezzecchi (Pertamina Enduro VR46)
6 – Alex Márquez (Gresini Racing)
7 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
8 – Jack Miller (Red Bull KTM Factory)
9 – Fabio di Giannantonio (Pertamina Enduro VR46)
10 – Pol Espargaró (Red Bull KTM Factory)
11 – Miguel Oliveira (Trackhouse Racing)
Classificação de MotoGP
1 – Jorge Martin – 312 pontos
2 – Francesco Bagnaia – 305 pontos
3 – Marc Márquez – 259 pontos
4 – Enea Bastianini – 250 pontos
5 – Brad Binder – 161 pontos
6 – Pedro Acosta – 152 pontos
7 – Maverick Viñales – 139 pontos
8 – Fabio di Giannantonio – 119 pontos
9 – Aleix Espargaró – 119 pontos
10 – Alex Márquez – 114 pontos
13 – Miguel Oliveira – 65 pontos
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