Os testes privados são sempre complicados de analisar, pois, como a definição indica, estas sessões em pista são privadas e apenas temos acesso a informações muito limitadas. Ainda para mais numa categoria protótipo como é o MotoGP.
Mas a verdade é que o teste privado de Misano, que durou dois dias e foi afetado em parte pelas condições climatéricas, permitiu extrair algumas informações sobre o possível futuro da Yamaha YZR-M1 na categoria rainha.
Mesmo tendo em conta que no circuito de Misano estiveram em pista o piloto de testes da Ducati em MotoGP, Michele Pirro, o “rookie” Pedro Acosta que, inclusivamente, tem estado a ajudar a WP a desenvolver suspensões para Moto2, ou ainda os pilotos Honda HRC Joan Mir e Luca Marini, ou ainda Valentino Rossi, Marco Bezzecchi, Francesco Bagnaia e Franco Morbidelli, estes da VR46 Academy com motos de ‘estrada’, a realidade é que as maiores atenções recaíram sobre a Yamaha.
A casa de Iwata apostou forte neste teste privado em Misano, e contou com os esforços dos seus pilotos oficiais Fabio Quartararo e Alex Rins, mas também do piloto de testes Andrea Dovizioso, em substituição do lesionado Cal Crutchlow.
Com nada menos do que sete YZR-M1 à disposição destes três pilotos, sendo que três motos estiveram destinadas a Rins, a Yamaha Racing procura testar diversas evoluções de componentes, aerodinâmica, mas, claro, com particular foco no desenvolvimento do motor do protótipo M1.
Embora não se saiba ao certo o que foi testado e a foto divulgada pelo portal italiano Forli Today, da cidade natal de Andrea Dovizioso, apenas mostre um lado da Yamaha M1 com o piloto italiano aos comandos, existem informações de que no circuito a moto japonesa pilotada pelo #04 apresentou uma sonoridade notoriamente diferente das restantes M1.
Isto poderá significar que a Yamaha esteve a testar um novo motor.
Recordamos que a M1 é, atualmente, a única moto a utilizar em MotoGP uma arquitetura de motor com quatro cilindros em linha. E alguns rumores apontam para que no Japão existe a vontade de seguir os restantes fabricantes passando para uma configuração V4.
Porém, essa sonoridade específica proveniente da moto testada agora em Misano por Andrea Dovizioso poderá também ter sido notada devido à utilização de um sistema de escape diferente. A Akrapovic tem vindo a trabalhar com a Yamaha Racing no sentido de desenvolver um sistema de escape que permita potenciar a performance do motor quatro em linha.
Temos visto os pilotos usarem escapes de diferentes configurações, pelo que a moto de Dovizioso poderia estar apenas a ser usada como ‘mula de testes’ para um novo sistema de escape.
Veremos qual será a novidade que a Yamaha Racing está a preparar para a YZR-M1 de MotoGP que lhe dá uma sonoridade tão particular: um novo motor e possivelmente V4, ou apenas um novo sistema de escape.
Claro que um teste privado deixou os responsáveis da Yamaha Racing com vontade de poder contar com o contributo de Andrea Dovizioso a um nível mais ‘profundo’. Ou seja, a vontade da marca japonesa é que o veterano italiano possa fazer um “wildcard” em MotoGP ainda esta temporada, e mais especificamente no Grande Prémio do Japão.
E isso foi transmitido ao piloto durante o teste privado em Misano.
Esta pode ser uma proposta aliciante, mas em declarações ao portal alemão Speedweek, Andrea Dovizioso descarta por completo um regresso ao MotoGP, mesmo como “wildcard”.
Isto porque o piloto de Forli, que já se afastou do MotoGP de forma oficial há cerca de dois anos, entende que não está preparado para competir novamente e ainda menos ao nível em que a categoria rainha se encontra e exige que um piloto esteja.
Seja como for, parece que a equipa de testes da Yamaha Racing para MotoGP está totalmente empenhada em conseguir aproveitar ao máximo as capacidades e experiência de Andrea Dovizioso, e tudo indica que voltaremos a ter o piloto italiano mais vezes em pista com a YZR-M1 nos próximos meses.
Pelo menos enquanto Cal Crutchlow não estiver recuperado.
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