Quando pensamos em Ducati, pensamos em motores bicilíndricos em V a 90° (a que chamamos em L) com comando desmodrómico das válvulas. Esta é a tradição nas motos de Borgo Panigale. Mas a Ducati começou a romper com a tradição. Primeiro, com a criação do Desmosedici Stradale, um motor V4 concebido para as suas desportivas e agora presente também na naked Streetfighter.
Agora vai ainda mais longe, na criação do V4 Granturismo: o novo V4 de 1158 cc trocou o icónico sistema desmodrómico por um mais convencional sistema de molas.
Embora o novo motor V4 Granturismo partilhe muitas das características do Desmosedici Stradale, a verdade é que é um motor totalmente novo, concebido para outro tipo de utilização. O primeiro modelo a receber o novo motor será próxima geração da Multistrada, que será apresentada à imprensa em Novembro.
Dimensões compactas
A Ducati realça no seu comunicado de imprensa do novo V4 as suas dimensões compactas. É 85 mm mais curto, 95 mm mais baixo e apenas 20 mm mais alto que o bicilíndrico Testastretta da da Multistrada 1260; pesa apenas 67 kg.
Naturalmente que a ausência de sistema desmodrómico é a maior novidade deste motor. O retorno das válvulas comandadas por duas árvores de cames passa a ser feito por molas; a distribuição é feita por um sistema misto de engrenagens e correntes – colocado do lado direito no bloco de cilindros dianteiro e do lado esquerdo no traseiro. O novo sistema permite maiores intervalos de manutenção: a folga das válvulas apenas tem que ser verificada/ajustada a cada 60 000 km, assim como as velas; as trocas de óleo são feitas a cada 30 000 km.
Tal como no Desmosedici Stradale, a cambota é contra-rotante (roda no sentido inverso ao das rodas); graças ao seu natural equilíbrio de funcionamento, não possui qualquer veio de equilíbrio. A ignição é Twin Pulse, ou seja, a explosão dos cilindros do lado esquerdo acontece quase simultaneamente, o mesmo acontecendo com os do lado esquerdo. Para evitar o calor nas pernas do condutor – e para beneficiar o consumo – os dois cilindros traseiros desligam-se quando, por exemplo, a moto pára num semáforo; é um sistema já existente noutras marcas, mas inédito na Ducati.
Utilização ‘adventouring’
Todas as alterações introduzidas neste V4 tiveram como objectivo adequar o motor a uma utilização ‘adventouring’, mas sem deixar de pensar nas prestações. O V4 Granturismo tem 170 cv de potência máxima às 10 500 rpm, e 125 Nm de binários às 8750 rpm, prometendo suavidade e uma boa resposta em baixos regimes.
Para isso contribui também o sistrema de injecção, concebido especialmente para este motor. Os corpos de injecção são mais pequenos do que no Stradale e ovais (com o equivalente a Ø46 mm); os colectores de admissão são um pouco mais longos e as câmaras de combustão foram optimizadas. Sendo os corpos do acelerador accionados electricamente, podem ser accionados assincronamente entre os dois blocos de cilindros, com a gestão a cargo do sistema Ride By Wire, permitindo alterar o carácter do motor através dos modos de condução.
A caixa é de seis velocidades e pensada para uma utilização em estrada; a primeira é mais curta, e está equipada com quick shift nos dois sentidos. A embraiagem em banho de óleo, para além de ser deslizante, é servo-assistida.
Em traços gerais são estas as características principais do novo motor V4 Granturismo que vai equipar a quarta geração da Ducati Multistrada, que vamos conhecer em Novembro.