Em 2020 será realizado o 33º ano de campeonato do mundo Superbike, uma série totalmente distinta daquela que nos foi apresentada no dia 4 de Abril de 1988 em Donington Park e que para já tem tudo para nos levar de novo até aos gloriosos anos de uma fórmula onde as lutas pelas primeiras posições era constante e onde apontar o nome do vencedor era um trabalho quase digno de apostador de Euromilhões. Uma era de ouro que pode ser novamente uma realidade no arranque do novo ano.
Os últimos cinco anos foram escritos sempre pela mão do certeiro Jonathan Rea, um piloto de excepção que venceu cinco dos dez anos em que esteve no mesmo – fez a sua estreia em Novembro de 2008 no final dessa temporada – sempre aos comandos de uma Kawasaki que deixou o MotoGP para se dedicar de ‘corpo e alma’ ás Superbike, para vencer no campeonato reservado ás motos de produção, criando um ‘monstro verde’ capaz de mastigar a concorrência…pelos menos até este ano de 2019 quando finalmente surgiu uma resposta capaz, curiosamente daquela que é a marca das Superbike, a Ducati.
Mas a caminho de 2020 os italianos continuam a necessitar das cassetes VHS para recordar o derradeiro título no campeonato – no já distante ano de 2011 com Carlos Checa – numa era onde o campeonato era tudo menos competitivo e onde Checa venceu 15 corridas para assinar a subida ao degrau mais alto do pódio final do ano com 110 pontos de vantagem sobre Marco Melandri. Mas essas longínquas memórias foram recuperadas no ‘fundo do cortex cerebral’ dos membros da Ducati quando nas 11 primeiras corridas de 2019 Álvaro Bautista, o ‘puto tatuado’ de Talavera mostrou ao mundo a mais recente criação do ‘mago’ Dall Igna e voou para um número semelhante de vitórias com a primeira SBK V4 nascida numa fábrica destruída na II Guerra Mundial e que o irmãos Cavalieri Ducati voltaram a colocar de pé para fabricar meios económicos de transporte para o população italiana.
Mas voltando á actualidade…a Ducati no final do ano não recuperou o ‘seu’ título e perdeu mesmo o seu ‘tatuado’, encontrando no entanto a solução noutro adepto da arte corporal, de seu nome Scott Redding, também membro das fileiras do MotoGP mas que ao contrário de Bautista fez um ano estrondoso no campeonato britânico oferecendo mesmo aos italianos o título com a V4 nascida para as pistas. Redding veio para o lugar do espanhol e nos primeiros testes para preparar 2020 começou de imediato a mostrar serviço no Motorland, ele que terá a seu lado Chaz Davies, um dos veteranos do campeonato que demorou a perceber como funciona a V4 mostrando rapidez já perto do final do ano.
Bautista ‘cortou a relação’ com a recém-nascida italiana e encontrou um novo amor na totalmente reformulada Honda CBR 1000RR Fireblade, com muita genética da RC 213V de Marc Marquez e que dividirá com Leon Haslam, que deixou a Kawasaki para regressar á marca da ‘asa dourada’. Desenvolvida em quase absoluto secretismo a nova 1000 dos japoneses quer recuperar um ceptro que não conquista desde 2007 quando então James Toseland – que vai regressar como manager de uma equipa em 2020 – ‘cantou’ o título com as cores da Hanspree Ten Kate antes de rumar ao MotoGP e regressar mais tarde ás SBK sempre grande sucesso. Um jejum demasiado longo que a nova moto e uma renovada equipa técnica tentam terminar.
A olhar para tudo isto estará Jonathan Rea. O irlandês terá em 2020 um novo companheiro de equipa, Alex Lowes, que ocupa o lugar de Haslam e que deixou livre a R1 oficial para o turco Toprak Razgatlioglu que depois de finalmente vencer em 2019 está pronto para lugar por um lugar entre os três melhores do campeonato, o que não será de todo fácil pois as grelhas vão crescer na próxima época e com gente de elevada capacidade. Tom Sykes terá agora a seu lado Eugene Laverty, dois pilotos que sabem o que é vencer e nos quais a BMW aposta neste segundo ano de nova geração da S1000RR, num pelotão onde se notará o regresso de Xavi Forés – com a Kawasaki da Pucetti – e também as estreias de Federico Caricasulo – o vice-campeão do mundo Supersport – e Garett Gerloff, o norte-americano que vem directamente para o mundial depois de dois anos nas Superbike no Motoamerica. Ambos estarão com as Yamaha da GRT e com muitas atenções sobre si.
A Pedercini traz de volta para o mundial o italiano Lorenzo Savadori – que se juntará ao já residente Jordi Torres – ao mesmo tempo que Leon Camier ocupará o lugar deixado vago por Michael Ruben Rinaldi na Barni Racing Team, cabendo ao italiano defender agora as cores do Team Goeleven. Igualmente confirmado está o francês Loriz Baz, de novo com a Ten Kate, que ao que tudo indica terá ainda um segundo piloto – foi comentado mas não confirmado o nome de Sandro Cortese. Resta igualmente saber como ficará o xadrez da Honda, se com mais duas ou três motos, entregues a Alessandro Delbianco e Takakumi Takahashi que fará o seu primeiro ano a tempo inteiro no campeonato. Por decidir igualmente o piloto da Orelac Verdnatura, que não será Leandro Mercado que já foi confirmado com a Motocorsa Racing a partir de Março (não estarão nas duas primeiras rondas na Austrália e Qatar).
E faltando ainda colocar um piloto numa das motos permanentes a estes nomes juntaremos alguns ‘wild-card’ que irão surgir, dois novos circuitos no calendário, em especial o Barcelona-Catalunha que nunca recebeu uma prova da série e o também regressado asfalto de Orchesleben, que regressa ao calendário e onde serão nada mais nada menos que três as provas em solo espanhol. num figurino que terminará na Argentina e começaram na Austrália. 13 paragens no calendário para um ano que se prevê igualmente muito renhido nas Supersport, em ambas as versões, com alguns pilotos de Moto2 a chegarem ás 600 que passarão a utilizar pneus ‘slick’ tal como as 300, algo que nunca aconteceu. Mal podemos esperar pelo dia 28 de Fevereiro, quando o mundial 2020 entrar pela primeira vez em pista.